Literatura

Cepe publica novas edições de tetralogia de poeta Marcus Accioly; saiba mais

Coletânea é formada pelas obras "Sísifo", "Íxion", "Narciso" e "Érato", reinterpretando mitos gregos

Capa de "Narciso", de Marcus AcciolyCapa de "Narciso", de Marcus Accioly - Foto: Divulgação

Celebrando os 80 anos do autor pernambucano Marcus Accioly, nome de referência na poesia contemporânea falecido em 2017, com obras adaptadas para o espanhol, francês e alemão, a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) reeditou quatro de seus livros seminais - “Sísifo”, “Íxion”, “Narciso” e “Érato” - lançados na última quinta-feira (25), em cerimônia realizada no Museu do Estado de Pernambuco (Mepe).

A tetralogia foi publicada ao longo de 14 anos, entre 1976 e 1990. Formalmente, cada livro é independente, mas compartilham entre si o fio condutor de um projeto maior, dialogando com a poesia clássica e revisitando o tradicionalismo dos mitos grego através do pós-modernismo comum na poética de Accioly.

Em “Sísifo”, o primeiro publicado da tetralogia, o autor traz um extenso poema épico em dez cantos e aproximadamente 12 mil versos - um de seus trabalhos mais experimentais - sobre o mito do mortal condenado a rolar uma pedra montanha acima pela eternidade após desafiar e enganar os deuses.

“A primeira edição desse título foi, inclusive, da Cepe. Nele encontramos uma característica bem ousada, que é a superposição de versos, com vazamento de páginas. Na época, foi necessário fazer uma faca de corte específica para as primeiras páginas, porque os poemas são lidos com algumas palavras vazadas”, contou o editor Wellington de Melo, coordenador da reedição da tetralogia.

Já em “Íxion”, Accioly dramatiza a eterna batalha entre o bem e o mal ao recontar a lenda do rei dos Lápitas, vilão clássico da mitologia grega condenado a girar atado a uma roda de fogo no inferno para sempre após tentar seduzir a deusa Hera, mulher de Zeus, abordando também o sofrimento posterior à sua morte.

Com "Narciso", o poeta discorre sobre ego e solidão no que ele se refere como um “estranho realismo-lírico”, desenvolvendo um personagem que se deseja, se satisfaz, e convive apenas consigo mesmo. O livro venceu o Prêmio de Poesia da Associação Paulista dos Críticos de Artes, e o Prêmio Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras. No menor da tetralogia, com apenas 128 páginas, “Érato” é o único dedicado a uma mulher, a musa fonte de inspiração da poesia lírica e erótica grega, contendo 69 poemas eróticos e “uma ode ao vinho”.

O projeto editorial da nova edição da tetralogia foi realizada com incentivo do Funcultura numa iniciativa da arquiteta Glória Dalla Nora, viúva de Accioly e guardiã da obra literária admirada por escritores consagrados como João Cabral de Melo Neto, Carlos Drummond de Andrade, Antônio Houaiss e Jorge Amado. As novas capas foram assinadas pelo artista visual pernambucano Raoni Assis.

“O resgate de títulos de grande importância, premiados, dará aos leitores que não tiveram acesso a oportunidade de conhecer a poesia de Marcus Accioly, possibilitando que se forme uma nova geração de novos admiradores”, disse a Glória, que tomou para si a missão de reeditar os antigos títulos de seu companheiro, além da publicação de trabalhos inéditos do autor.

Nascido em Aliança, município da Zona da Mata Norte pernambucana, em janeiro de 1943, Accioly se graduou em Direito e fez pós-graduação em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Vice-presidente da União Brasileira de Escritores (UBE) e professor de Teoria Literária e Literatura Brasileira na UFPE, ocupou a cadeira de nº 19 da Academia Pernambucana de Letras. Ao todo, publicou 14 livros, e possui 30 ainda inéditos. O poeta faleceu em 2017, vítima de um infarto fulminante.

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