Cheia de temas polêmicos, 'Laços de Família' é resposta da Globo para manter audiência em alta
Em cena, a questão do amor materno e do amor entre homem e mulher se confundem
Conflitos entre mãe e filha já tinham sido a base de Manoel Carlos para as tramas de “História de Amor” e “Por Amor”. Ambos os casos foram apenas amostras do que viria a seguir com “Laços de Família”, um dos maiores êxitos da carreira do autor que, atualmente, volta a ocupar a faixa “Vale a Pena Ver de Novo” pela segunda vez. Em cena, a questão do amor materno e do amor entre homem e mulher se confundem na trinca formada por Helena, Camila e Edu, papéis de Vera Fischer, Carolina Dieckmann e Reynaldo Gianecchini.
Sedutora e experiente, Helena vive uma relação com Edu, um homem cerca de 20 anos mais novo. Ao apresentá-lo a sua filha Camila, a protagonista sente a conexão entre os jovens “de cara”. O que se inicia como uma grande amizade entre enteada e padrasto, acaba se tornando algo mais. Colocando a felicidade da filha acima da sua, Helena desiste de Edu para que ele fique livre para namorar Camila. Impactante, o tema gerou muita controvérsia ao longo da história e, por “furar o olho” da mãe, a figura de mocinha de Camila ficou extremamente abalada. Mas, no Leblon elegante e em tons pastéis de Manoel Carlos, tudo pode acontecer, inclusive, uma inusitada redenção em nome da boa audiência.
Mestre do naturalismo, Manoel Carlos deixou a antipatia do telespectador com Camila chegar a níveis alarmantes para começar o processo de humanização, que se deu de maneira muito particular e com direito a uma bem-vinda “bandeira social”: a de doação de medula óssea. Camila é diagnosticada com câncer e a partir das complexidades decorrentes do tratamento que passa a ser “perdoada” por suas atitudes iniciais, com direito a uma cena antológica, em que a personagem raspa os cabelos antes dos procedimentos de quimioterapia. Para os detratores mais radicais da mocinha, o autor tratou de colocar Íris, uma sedutora ninfeta vivida por Deborah Secco, como principal antagonista do núcleo.
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Sob o comando de Ricardo Waddington, “Laços de Família” exibiu a boa sintonia entre diretor e autor com uma estética mais elaborada. Entre as cenas gravadas no Japão, a zona rural e o contexto urbano, prevaleceu a harmonização de tons beges e o realismo em torno dos cenários, como a livraria de Miguel, papel de Tony Ramos, e o Haras da família de Edu. Com uma série de problemas na Justiça, as cenas de briga do casal Fred e Clara, interpretado por Luigi Baricelli e Regiane Alves.
O casal discutia aberta e violentamente na frente do filho de pouco mais de um ano, o que acabou por fazer com que 1ª Vara de Infância e Juventude do Rio de Janeiro proibisse a presença de menores de idade nas gravações da novela. A sansão que durou cerca de três semanas e atrasou o cronograma de gravações. Além disso, foi a novela que inaugurou o horário das nove, visto que a trama foi proibida pela classificação indicativa do Ministério da Justiça de ser exibida na antes tradicional faixa das oito. Icônica e recheada de polêmicas, “Laços de Família” tem razão de ser um dos maiores sucessos do horário nobre e surge como escolha óbvia da Globo no momento de boa repercussão por que passa o “Vale a Pena Ver de Novo”.
“Laços de Família” - Globo - de segunda a sexta, às 17h.