"Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa", sobre o clássico de Maurício de Sousa, estreia quinta (9)
Com história leve e divertida, longa-metragem também consegue abordar temas relevantes para adultos e crianças
Brindando a chegada das férias, “Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa” estreia hoje nos cinemas. Apresentando a versão em live-action de um dos personagens mais queridos dos quadrinhos brasileiros, o filme é um afago não só para quem está em idade escolar, mas também para a criança interior que vive em cada adulto.
Criado em 1961, Chico Bento estreou sua própria revista em 1982. Seguindo o mesmo caminho da Turma da Mônica, ganha uma adaptação cinematográfica com atores em carne e osso, que não seria exagero apontar como a melhor entre as produções audiovisuais baseadas nas criações de Mauricio de Sousa feitas até agora.
Com direção de Fernando Fraiha, o filme ganha o espectador pela simplicidade de suas escolhas, o que está em total harmonia com a essência do personagem-título.
Começando pela trama, a obra é carregada de uma inocência comovente, prendendo a atenção das crianças e transportando os mais crescidos para os tempos de infância.
Enredo
O interiorano Chico Bento (Isaac Amendoim) possui uma ligação de afeto com a goiabeira que fica nas terras de Nhô Lau (Luis Lobianco).
Por isso, ele se desespera ao descobrir que Dotô Agripino (Augusto Madeira), pai Genesinho (Enzo Henrique), pretende derrubar a árvore para construir uma estrada. O garoto precisa da ajuda dos amigos para evitar que isso aconteça.
Com uma premissa inocente, mas sem subestimar a capacidade de compreensão do seu público, o longa-metragem consegue tocar em temas relevantes, como preservação do meio ambiente, escuta ativa e a força da mobilização coletiva. Tudo isso sem perder de vista o humor.
Filmado em cenários reais de fazendas no Interior de São Paulo e com total atenção aos detalhes na construção dos cenários e figurinos, a produção parece transportar fielmente as páginas do gibi para a telona.
Jogando bem com as referências dadas pelas HQs, Fernando Fraiha encontra o devido equilíbrio entre o naturalismo e a fábula. No encontro de Chico com a goiabeira, o diretor deixa a fantasia tomar conta, usando animação e computação gráfica para representar o menino em diferentes versões.
Lúdico
É preciso atribuir a capacidade de encantamento do filme ainda ao inegável carisma de seu elenco infantil. Já conhecido das redes sociais, Isaac Amendoim é a personificação do jeito brejeiro e astuto de Chico Bento.
A ideia de “quebrar a quarta parede” em determinados momentos, colocando o personagem para falar diretamente para a tela, torna ainda maior a conexão do ator-mirim com o público.
O alto nível de fofura também está presente nas demais crianças da equipe, que interpretam Rosinha, Zé Lelé, Hiro, Zé da Roça e Tábata.
Já os adultos servem de apoio mais do que especial para as pequenas estrelas, com destaque para Débora Falabella no papel da professora Dona Marocas e de Taís Araújo em uma cena carregada de emoção.
Como uma espécie de Stan Lee brasileiro, Mauricio de Sousa não deixa de fazer sua costumeira participação especial, colocando criador e personagens juntos na mesma tela.