Logo Folha de Pernambuco

Dança Popular

Cia Trapiá de Dança celebra 30 anos com temporada online

Grupo pernambucano exibe os espetáculos 'Chegança' e 'O homem de sambaqui' através do YouTube

Espetáculo "O homem de sambaqui", da Cia. Trapiá de dançaEspetáculo "O homem de sambaqui", da Cia. Trapiá de dança - Foto: Silvio Barreto/Divulgação

Há 30 anos a Cia Trapiá de Dança, criada por remanescentes do Balé Popular do Recife em 1989, subia aos palcos com um espetáculo pela primeira vez. De lá para cá, o grupo fundado pelos coreógrafos e bailarinos Otacílio Júnior e Valdi Nunes passou por transformações em sua formação e na linguagem utilizada nas suas produções. O que não mudou foi seu caráter de resistência através de um trabalho fincado nas danças populares.

Para celebrar as três décadas de existência da companhia, foi organizada uma temporada virtual, que contempla a primeira montagem do grupo, “Chegança” (1991), e “O homem de sambaqui” (2017), seu espetáculo mais recente. As obras podem ser vistas desta segunda-feira (4) até o dia 10 de outubro, gratuitamente, através do canal da Trapiá no YouTube. Promovendo a acessibilidade, a transmissão contará com recurso de Libras.

As apresentações vêm sendo pensadas desde 2019 e receberam incentivo do Funcultura, mas o planejamento precisou ser interrompido e alterado em função da pandemia de Covid-19. “Ficamos parados por um bom tempo, com muita gente da equipe sem trabalho. Foi quando resolvemos colocar o projeto para funcionar, mesmo tendo que fazer adaptações”, explica Silvio Barreto, produtor e assistente de direção da companhia. O que seria uma temporada presencial virou um produto audiovisual, gravado ao longo de três dias, no Teatro Barreto Júnior.
 

Retomar a preparação dos espetáculos, após um longo período de isolamento social, foi um desafio enfrentado por toda a equipe. Com o fechamento temporário da Casa da Cultura, local habitual para ensaios da companhia, o elenco realizou seus encontros em um espaço alugado, durante dois meses, seguindo o protocolo sanitário exigido.

“Foi bem difícil. As pessoas estavam paradas há quase dois anos e são espetáculos muito cansativos fisicamente. Começamos a trabalhar devagar, com todos os cuidados. Embora indispensável, usar máscara foi complicado no início, porque ninguém conseguia respirar direito. Devagarinho fomos adquirindo condicionamento e, graças às precauções que tomamos, ninguém ficou doente”, conta.

Outra novidade para os membros da Trapiá foi o momento da apresentação. Acostumados a grandes públicos, os bailarinos tiveram que aprender a lidar com a presença da câmera e uma plateia esvaziada. “Enquanto artistas, nós gostamos de público. Existe uma troca de energia e claro que isso não acontece com a casa sem gente. Alguns poucos convidados ocuparam a plateia para que a gente não dançasse para o vazio total. Fora isso, quando eu chegava mais perto com a câmera, pedia para eles soltarem o lado ator e fazer de conta que o teatro estava lotado”, relembra.

Revisitado especialmente para a temporada comemorativa, “Chegança” traz a base da pesquisa de linguagem da companhia, reunindo alguns dos principais ritmos da cultura popular nordestina. Já “O homem de sambaqui” é baseado nas danças primitivas, expressas nas pinturas rupestres dos sítios arqueológicos, na busca pela essência de um dançar genuinamente pernambucano. Conferir os dois espetáculos dá ao espectador a possibilidade de observar a evolução estética do grupo ao longo de sua trajetória.

“A Trapiá passou por um processo de mudança visível. O diretor, Otacílio, procurou estudar mais a dança contemporânea e tentou, através das suas suas obras, promover uma mistura com o popular, criando uma dança própria do grupo. Há muitos movimentos que são marcas registradas da companhia, algo que você percebe em diversos trabalhos”, aponta. Além das sessões on-line, os artistas participarão de bate-papos virtuais sobre o processo criativo e a realidade da dança popular em Pernambuco. As lives ocorrem por meio da página no Instagram da companhia, nos dias 9 e 10 de outubro, às 20h. 

Veja também

Dinamarquesa Victoria Kjaer vence o Miss Universo
Concurso

Dinamarquesa Victoria Kjaer vence o Miss Universo; pernambucana fica fora do top 30

Viih Tube recebe alta e está em casa após internação na UTI de hospital
Viih Tube

Viih Tube recebe alta e está em casa após internação na UTI de hospital

Newsletter