Cid Moreira recebe homenagens pelo seu legado para o telejornalismo brasileiro
Apresentou entre 1969 e 1996 o Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão, sendo recordista como âncora que mais tempo esteve à frente de um mesmo telejornal
Dono da voz que mais representa a notícia na televisão brasileira, Cid Moreira, um dos maiores precursores do gênero televisivo do telejornalismo, deixou a vida aos 97 anos, em um hospital particular em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, vítima de uma insuficiência renal crônica. Deixa também um notável legado de uma carreira que se tornou grande referência na maneira de se fazer comunicação.
Nascido em 29 de setembro de 1927, o jornalista, natural de Taubaté, em São Paulo, completou 97 anos no último domingo (29) e publicou nas suas redes sociais um vídeo da comemoração do seu aniversário. A partida do apresentador lhe rendeu homenagens de colegas de profissão, autoridades, intelectuais e artistas, que publicaram notas de pesar pela perda do jornalista.
Leia também
• Jornal Nacional exibe a 1ª aparição de Cid Moreira em 1969 e outros momentos marcantes
• Cid Moreira: pilates, tênis e esteira eram sagrados para apresentador do Jornal Nacional
• Cid Moreira era colecionador de sapos desde a infância e tentou criar animais em casa
Homenagens
“O rosto da notícia e do ‘boa noite’ para milhões de brasileiros. De uma voz única, potente, o jornalista também fez muitas locuções, as mais famosas delas nas gravações da Bíblia Sagrada. Meus sentimentos aos familiares, amigos, colegas e admiradores de Cid Moreira. Seu legado no jornalismo e na televisão brasileira sempre será lembrado”, escreveu o presidente Lula.
“Era um homem que gostava de trabalhar. O mais competente de todos que já conheci e dono de um talento raro”, afirmou o apresentador Sérgio Chapelin, parceiros de bancada de Cid Moreira por quase 20 anos. Durante o programa "Encontro", da TV Globo, o apresentador William Bonner também lembrou de diversos momentos em que teve com Cid, a exemplo da festa que celebrou os 50 anos do "Jornal Nacional", último encontro entre eles.
"Lembro quando eu pude apresentar o 'Jornal Nacional' com ele. Eu olhei para a direita e perguntei: 'Quando você parou de ficar nervoso na bancada?'. Falei isso porque ele é uma figura gigantesca, tem uma voz e credibilidade indiscutível. Ele me disse: 'Nunca. É impossível não ficar nervoso fazendo o 'Jornal Nacional'. É sempre muita tensão. Eu só estou em um grau menor que o seu porque faço há muito tempo, mas estou tenso. O dia em que você não estiver tenso, você vai errar'", completou Bonner, que Bonner substituiu Cid Moreira na bancada do "Jornal Nacional", a partir de 1996.
Trajetória
Nascido em 29 de setembro de 1927, o jornalista, natural de Taubaté, em São Paulo, começou a carreira profissional na Rádio Difusora de Taubaté, como contador, aos 15 anos. Como sua voz era muito bonita e grave, foi convidado para ser locutor. Após formar-se contador, Cid transferiu-se para a Rádio Bandeirantes em 1947.
Em 1951 foi contratado por Gilberto Martins junto com Carlos Henrique e Nelson de Oliveira para a Rádio Mayrink Veiga. Ali permaneceu por 12 anos como um dos principais narradores até ser contratado pela TV Excelsior. Apresentou entre 1969 e 1996 o Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão, sendo recordista como âncora que mais tempo esteve à frente de um mesmo telejornal.
Entre outras narrações imortalizadas pelo apresentador está a dublagem do mágico "Mister M", em um quadro do "Fantástico"; a vinheta da bola Jabulani, na Copa do Mundo de 2010, e a audiodescrição da Bíblia Sagrada, sucesso de vendas com 33 milhões de cópias. Aos 87 anos e 70 de carreira, publicou a biografia “Boa Noite”, mesmo nome do documentário sobre sua carreira, lançado em 2020.