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"Cidade de Deus: A Luta Não Para": série homenageia filme, mas trilha caminho próprio

Aly Muritiva dirige produção da Max, que se passa 20 anos após os acontecimentos do longa-metragem de 2002

"Cidade de Deus: A Luta Não Para""Cidade de Deus: A Luta Não Para" - Foto: Renato Nascimento/Divulgação

Um marco do cinema nacional está prestes a ganhar continuação no streaming. A série “Cidade de Deus: A Luta Não Para” estreia neste domingo (25), na Max, mostrando o desfecho de personagens que brilharam no filme de 2002.

A Folha de Pernambuco já assistiu aos dois primeiros episódios do spin-off, cuja trama é desenvolvida 20 anos após os acontecimentos do longa-metragem. A direção é de Aly Muritiba, que imprime identidade própria à obra inspirada no livro de Paulo Lins.

Assim como no filme, a série derivada é narrada do ponto de vista de Buscapé (Alexandre Rodrigues), que se tornou um fotojornalista premiado e especializado em fotografar a morte. Morando fora da Cidade de Deus, ele retorna à comunidade para registrar uma nova guerra que amedronta os seus moradores. 
 

Os tiroteios voltam a assolar a favela quando Bradock (Thiago Martins) - um dos “meninos da Caixa Baixa” que mataram o Zé Pequeno - sai da prisão. Ele resolve desafiar Curió (Marcos Palmeira), novo chefe do tráfico local e seu pai afetivo, desencadeando uma sangrenta disputa de poder. 

Com referências constantes aos acontecimentos do longa, que respingam diretamente no enredo da série, “Cidade de Deus: A Luta Não Para” constrói uma história que chama atenção por si só. Traições, reviravoltas e bastante adrenalina fazem com que os episódios capturem a atenção do público, que fica preso à iminência constante de algo bombástico acontecer.

Mulheres ganham destaque
É interessante ver como a passagem de tempo trouxe para a trama outros fatores tão característicos da realidade carioca, como o funk e a ascensão das milícias. Um ganho em relação ao filme é o espaço maior dado às personagens femininas, que ganham voz ativa dentro e tomada de decisão em meio aos conflitos da série. 

Cinthia (Sabrina Rosa) e Berenice (Roberta Rodrigues), personagens resgatadas do longa, ressurgem como lideranças locais empenhadas em manter a juventude longe da criminalidade. Leka (Luellem de Castro), filha de Buscapé, levanta questões sobre a liberdade da mulher em relação ao próprio corpo, além de apontar as contradições do pai, que ascendeu socialmente às custa da exploração midiática do sofrimento dos moradores de periferia. 

Aly Muritiba dedica um tempo significativo do primeiro episódio a homenagear o filme de Fernando Meirelles e Kátia Lund, contextualizando a trama para um novo público e refrescando a memória dos fãs. O diretor, no entanto, não fica preso à homenagem e corre para servir uma nova história. 

Identidade própria
O spin-off não possui o mesmo espírito revolucionário de seu antecessor. Sem parecer carregar o fardo de querer repetir os feitos do filme, Aly caminha livremente por suas próprias ideias, validadas pelo sucesso de “Cangaço Novo”, entregando um material com linguagem e ritmo de série. 

Desta vez, o foco da história não está na figura imponente do bandido - não há um emblemático Zé Pequeno. A lente de Buscapé passa a mostrar a perspectiva da população aterrorizada entre traficantes, policiais e milicianos, buscando, de maneira coletiva, formas de quebrar um ciclo de violência que perdura tantos anos. 

Com seis episódios, “Cidade de Deus: A Luta Não Para” terá lançamentos semanais todos os domingos, até 29 de setembro. Além do streaming, também poderá ser vista na televisão, pela HBO, às 21h. 

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