Ciel é essência e liberdade em projeto que envolve música, dança e teatro
Projeto "Ciel Ao Vivo" traz repertório do disco "Enraizado" em formato audiovisual
De quando em vez, é preciso ouvir para perceber, perceber para ouvir. Tanto faz. Com o cantor e compositor pernambucano Ciel foi assim que se deu, ao menos por esta que subscreve as linhas a seguir e que, ousadamente, sugere que o façam todos os (bons) ouvidos da Música Popular Brasileira, tais quais os insurgentes da arte e da Cultura Popular.
Como ponto de partida, o trabalho “Ciel ao Vivo” – projeto em formato de audiovisual tomado pelo repertório do disco “Enraizado”, cujo lançamento do ‘primeiro ato’ ocorreu no último mês de setembro e a segunda parte chega em breve, em novembro, nas plataformas de música.
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Gravado no Teatro Luiz Mendonça, em maio, o show, transformado em faixas, debruça o artista de Bezerros, no Agreste do Estado, em sonoridades que fundem elementos da cultura regional e da música pop, marca que segue como mote do outrora menino de 14 anos integrante dos palcos do Balé Popular da Terra dos Papangus.
Mas afinal, que é Ciel (por ele mesmo). “Uma diva da Cultura Popular que não esquece de onde veio, mesmo quando está de salto alto tem os pés no chão. Vive em busca de se entender enquanto artista, fazer da sua arte alguma coisa para as pessoas refletirem. A criatura Ciel é fruto do meu imaginário... o palco é onde eu posso tudo, consigo colocar e transformar em realidade o que penso”, descreveu, em conversa com a Folha de Pernambuco.
De Bezerros para os palcos do País
Artista LGBTQIA+, Ciel assina o primeiro trabalho autoral em 2015, com o EP “Livre” para em seguida trazer “Enraizado” (2017) – espetáculo que foi apresentado ao País dois anos depois em formato de álbum. “Foi no Balé Popular de Bezerros que conheci os palcos e em 2006 me deparei com a música. O show ‘Enraizado’ foi um divisor de águas, porque foi a partir dele que entendi o que eu queria ser, onde eu queria começar”, conta ele que, obstado pela pandemia, adiou a turnê do disco e a transformou no “Ciel Ao Vivo” – sob fomento do Funcultura - que, segundo o próprio, encerra um ciclo para dar ‘start’ em outros.
“Estou há algum tempo estudando os ritmos latinos na música nordestina, a influência em nosso brega, no forró...”, adianta, sobre planos para um futuro (próximo), não sem antes seguir colocando em prática o desejo de ser um artista nordestino “que quer se comunicar com o mundo”.
Performático, intenso e de canto fácil, afinado e elegante, Ciel não hesita em postar-se no palco em essência e liberdades.
“A arte consegue nos oferecer códigos musicais, visuais, gestuais. E a arte que faço, a música, me coloca em expressividade com o corpo, uma extensão do que a palavra não pode colocar ali. Não sei sentir diferente... sempre fui muito dramático e imaginativo e não sei fazer de outro jeito”, ressalta ele que, para o “Ciel Ao Vivo” trouxe, além das músicas nas plataformas de streaming, vídeo em seu canal no YouTube e, portanto, possibilidades sensoriais que envolvem música, dança e teatro, com participações de Bella Kahun, Uma Martins e Álefe Passarin, artistas da cena pernambucana.
“Demos a ‘Enraizado’ um trabalho visual, uma roupagem nova, ao vivo e com novos arranjos”, complementa o menino que se assume como diva e como tal, projeta brilhar, estar onde o povo está e “Cantar para quem que me ouvir, onde tiver muita gente para me ouvir. Continuo querendo todos os lugares, faz parte do imaginário do artista, mas desde que seja ao lado do público que está ali para me ver. (...) Para me (re)conhecer, podem me assistir”.