Cinco sobrinhos de María Kodama vão à Justiça por herança de Jorge Luis Borges
Viúva do escritor e guardião de seu legado chegou a afirmar que tinha escolhido uma herdeira, mas não deixou nada por escrito
Cinco sobrinhos de María Kodama, executora e última herdeira de Jorge Luis Borges, foram à justiça nesta terça-feira (4) para reivindicar a herança deixada pela tia. Essa é uma reviravolta no processo sucessório do legado de Jorge Luis Borges, um dos mais importantes escritores do século XX, com quem ela foi casada.
Kodama, que se casou com o escritor mais importante do país em 1986 e está no comando de sua herança desde então, morreu em 26 de março e seu advogado e seu tabelião não encontraram testamento. Sem herdeiro designado, seu advogado havia solicitado na última segunda-feira que o patrimônio fosse declarado vago para nomear um curador. Mas no dia seguinte, os parentes apareceram.
A mulher acompanhou qualquer publicação sobre seu marido por quase três décadas, e havia anunciado que planejava deixar suas obras nas mãos de duas universidades fora da Argentina, alegando que não confiava nas instituições nacionais. Mas ela não deixou o desejo por escrito.
"Ela me disse que 'tinha tudo arranjado', que quem ia suceder na supervisão das obras seria 'mais rigoroso do que ela' na defesa do trabalho do Borges", disse o advogado Fernando Soto.
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No mesmo documento, o advogado afirmou que a viúva revelou para ele que tinha um irmão, falecido em 2017, com quem dificilmente mantinha relações. Como nenhum herdeiro havia aparecido mais de uma semana após a morte de Kodama, Soto, que também é membro da Borges International Foundation ao qual ela presidiu até sua morte, pensou que deveria apresentar a petição de vacância para proteger essa herança. Um dia após o anúncio público, cinco pessoas que se dizem filhos de Jorge Kodama compareceram ao Tribunal para reclamar a herança por vínculo familiar.
Mariana, María Belén, Matías, Martín e María Victoria Kodama, esta última advogada de todos eles, compareceram em tribunal como herdeiros dos bens de María Kodama e do legado de Jorge Luis Borges. Em sua apresentação pediram o mesmo que Soto: um inventário provisório do patrimônio e a proteção do arquivo que Kodama guardava entre primeiras edições, decorações e manuscritos.