Cine PE se reinventa e faz 24ª edição na TV e na internet
Sandra Bertini, organizadora do evento, fala sobre os desafios de relaizar o festival em tempos de pandemia
Inicialmente prevista para o mês de maio, a 24ª edição do Cine PE precisou passar por reformulações para conseguir sair do papel. Em função da pandemia de Covid-19, o festival foi adiado e chega ao público em um formato totalmente novo. As exibições da mostra competitiva de longas-metragens, tradicionalmente realizadas no Cinema São Luiz, agora ocupam a grade de programação do Canal Brasil, desta segunda-feira (23) a 25 de novembro.
Serão transmitidos seis filmes na TV por assinatura, sendo dois por noite, sempre a partir das 18h. Simultaneamente, o público poderá conferir as produções através da plataforma de streaming Canais Globo. Também estarão disponíveis pelo serviço, durante estes três dias, os 31 curtas pernambucanos e de outras estados selecionados para as mostras. Em dezembro, as obras também serão transmitidas pela TV Pernambuco, em data ainda a ser anunciada.
Para a diretora do Cine PE, Sandra Bertini, o novo modelo adotado atende às necessidades sanitárias do momento, mas não substitui o bom e velho modo presencial de fazer esse tipo de evento. “A raiz de um festival é o encontro do artista com o público. Tudo o que um realizador audiovisual quer é ver, pela primeira vez, as reações ao seu trabalho nos rostos da platéia. Isso o virtual não pode trazer, mas é esse o jeito possível por hora. E que bom que conseguimos fazer o evento, mesmo diante de tantas dificuldades. É algo emocionante”, comemora.
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Apesar de achar que a falta do contato próximo com o público fará falta, Sandra acredita que realizar as mostras pela TV tem um lado positivo. "O nosso alcance, sem dúvida, é muito maior. Aquelas pessoas que nunca conseguiram ir a um festival, desta vez, poderão participar sem sair de suas casas. É bom até para cativar um novo público que não costuma acompanhar cinema", aposta.
A programação desta edição tem curadoria de Edu Fernandes, crítico e programador do circuito Cine Materna, e Nayara Reynaud, crítica de cinema, repórter, criadora e editora-chefe do site cultural Nervos. A lista de longas nacionais selecionados pela dupla para a mostra competitiva contempla as ficções “O Buscador” (RJ), de Bernardo Barreto; “Mudança” (RS), de Fabiano de Souza; e “Mulher Oceano” (SP), de Djin Sganzerla; além dos documentários "Nós, que ficamos” (PE), de Eduardo Monteiro; “Memórias Afro-Atlânticas” (BA), de Gabriela Barreto; e “Ioiô de Iaiá” (RJ).
Já entre os curtas, 23 fazem parte da mostra nacional, que contempla produções do Amazonas, Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo. Outros oito curtas, entre animações, documentários e ficções, integram a competição exclusiva para pernambucanos.
A organização estuda realizar a cerimônia de premiação em março, com a exibição de um filme hors concour no Cinema São Luiz. “Isso vai acontecer apenas se houver uma melhora real números do coronavírus em Pernambuco. A saúde vem em primeiro lugar”, reforça Sandra. Os vencedores de cada categoria serão contemplados com o Troféu Calunga de Ouro. Além disso, o Canal Brasil oferece o Prêmio Canal Brasil de Curtas, com um prêmio no valor de R$ 15 mil.
Mesmo em casa, os espectadores poderão sentir um pouco do clima do Cinema São Luiz. Para reproduzir parte da cerimônia de apresentação dos competidores, a atriz Nínive Caldas - que apresenta o festival desde o ano passado - gravou dentro do cinema de rua. Os vídeos serão transmitidos antes de cada longa-metragem. Neste ano, no entanto, não haverá a tradicional homenagem aos profissionais da área.
A agenda do Cine PE deve seguir com atividades até março de 2021. Os seminários de formação estão confirmados, mas ainda sem datas anunciadas. Eles devem acontecer de forma online, com temáticas que giram em torno do mote "Como encarar o desafio de empreender e fazer novos negócios num mundo afetado pela pandemia?".