Cinemas de rua: ação convoca pessoas a compartilharem fotografias para a elaboração de Mapa Afetivo
Iniciativa do Coletivo CineRuaPE e da Vitrine Filmes propõe a conscientização da preservação dos cinemas de rua de Pernambuco
Com a estreia de “Retratos Fantasmas”, novo filme do cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho, a paixão pelo cinema de rua reacendeu. O documentário expõe a nostalgia de quem viveu o auge desses equipamentos no Recife - como o Trianon, o Art Palácio e o Moderno, salas no Centro do Recife que não existem mais.
Mas eles não eram os únicos. Pernambuco era recheado de salas de exibição, tanto na Região Metropolitana - como o Cine Olinda - quanto no Interior - a exemplo do Cineteatro Iracema, em Vitória de Santo Antão, na Região Agreste.
De acordo com o livro "Cinemas do Recife", da arquiteta e urbanista Kate Saraiva, dados de 2013 enumeravam 86 espaços apenas na Capital.
Hoje, resistem, como símbolos dos cinemas de rua do Centro do Recife, o Cinema São Luiz, na rua da Aurora, - atualmente sem atividade, mas que, acordo com o Governo do Estado, volta ao funcionamento no próximo ano - e Teatro do Parque, na rua do Hospício - que chegou a ficar dez anos fechado, sendo reaberto em 2020.
Mapa afetivo dos equipamentos
Inspirado no resgate da história desses equipamentos culturais, as equipes Coletivo CineRuaPE e da Vitrine Filmes - distribuidora do longa-metragem - estão trabalhando em um Mapa Afetivo dos cinemas de rua do Estado.
Para ajudar a compor o Mapa Afetivo, é preciso postar, no Instagram, uma foto de cinema de rua e marcar a perfil da Vitrine (@vitrine_filmes), do CineRuaPE (@cineruape), e do filme "Retratos Fantasmas" @retratosfantasmafilme) com a hashtag #mapacinemasderua. Na legenda da postagem é importante deixar a localização, o ano da foto e o nome do cinema.
“Nosso objetivo é incentivar pessoas de todo o Brasil a postarem fotos de cinemas de rua e recordações de sessões, (como cartazes ou ingressos antigos) que serão semanalmente compartilhadas nas redes sociais do filme. Ao final da ação, em outubro, nós disponibilizaremos um mapa onde será possível encontrar as imagens com a localização”, conta a produtora da Vitrine Filmes, Anna Andrade, em entrevista à Folha de Pernambuco.
Composto por dez mulheres - Kate Saraiva, Bárbara Lino, Priscila Urpia, Claire Ribeiro, Simone Jubert, Patriny Aragão, Bruna Tavares, Karuna de Paula, Rose Lima e Ramylle Barbosa -, o coletivo CineRuaPE foi criado em 2015, com o intuito de promover atividades e discutir estratégias de continuidade, sustentabilidade e conscientização da importância de preservação dos cinemas de rua restantes do Estado de Pernambuco.
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Entre as atividades mais recentes do grupo, está a realização, no mês passado, de uma visita guiada ao Teatro do Parque, local que abrigou a pré-estreia de “Retratos Fantasmas”.
Durante a ação, o público pôde conhecer história do prédio, sua arquitetura, o contexto urbano no qual ele está inserido, além de sentir a relevância que um cinema pode ter na cidade. Na ocasião, eles convidaram os participantes para compartilhar suas memórias e experiências.
Daí, surgiu a ideia de aumentar a escala e chamar as pessoas para vasculhar seus álbuns de fotos e juntar tudo em um grande mapa dos cinemas de rua.
Muito além da cultura
Nas últimas décadas a sétima arte tem se tornado um símbolo de riqueza e uma das indústrias mais lucrativas do mundo. Aos poucos, os locais que exibiam as películas foram crescendo socioeconomicamente. E, no Recife especificamente, os cinemas concentrados no centro, um polo econômico, passaram a ser abandonados, e o consumo dessas obras migrou para os shopping centers.
“Nos últimos anos, o ato de ir ao cinema se modificou profundamente. Os roteiros que antes eram feitos dentro da cidade, como aquela livraria que você passava antes de dar um pulo no cinema; aquele sorvete antes da sessão; o chope ou o café com os amigos para conversar sobre o filme, hoje são feitos dentro de um shopping center. As políticas públicas podem ajudar a ativar economicamente todo o entorno ao redor desses equipamentos e trazer de volta os olhares e os passos para essas ruas”, explica a jornalista e pesquisadora em desenvolvimento urbano, Simone Jubert, integrante do coletivo CineRuaPE.
Relação entre pessoas e cidades
Cinemas de rua também são uma forma de ocupação. O próprio “Retratos Fantasmas”, a partir das salas do cinema, fala sobre a relação das pessoas com o Recife e as mudanças urbanas que foram acontecendo na Capital. Vitrines da produção local e do circuito cultural, eles dão espaço para experimentações no campo audiovisual e abrem espaços para enredos diversos que fogem das mesmas histórias que Hollywood vem contando de novo e de novo.
Esses locais vão além da nostalgia e são importantes porque colaboram com a democratização da comunicação e da cultura com preços mais acessíveis e filmes que fogem da lógica da exibição comercial.
Serviço:
Para ajudar a compor o Mapa Afetivo, é preciso postar, no Instagram, uma foto de cinema de rua e marcar a perfil da Vitrine (@vitrine_filmes) e do CineRuaPE (@cineruape) com a hashtag #mapacinemasderua. Na legenda da postagem é importante deixar a localização, o ano da foto e o nome do cinema.