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RETORNO

Cinema São Luiz retorna ao público com programação do Janela Internacional de Cinema

Festival ocorre desta sexta-feira (1º) até 8 de novembro, com mais de 100 filmes em exibição

Janela tem história ligada ao São LuizJanela tem história ligada ao São Luiz - Foto: Victor Jucá/Divulgação

A noite de abertura do 15º Festival Janela Internacional de Cinema do Recife, que ocorre nesta sexta-feira (1º), entrega mais do que o início de uma maratona de 100 filmes. Quando o público adentrar o Cinema São Luiz - finalmente reaberto - para a exibição do premiado filme “Manas”, de Marianna Brennand, às 20h, será como um reencontro entre bons amigos que não se veem há algum tempo. 

O mais emblemático cinema de rua do Recife está de portas fechadas nos últimos dois anos. Neste período, passou por obras necessárias para o retorno do seu funcionamento, tocadas pelo governo estadual, por meio da Secretaria Estadual de Cultura (Secult-PE) e da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).

Situado às margens do rio Capibaribe, o equipamento cultural passou por recuperação da coberta, que custou R$ 106 mil aos cofres do Estado. Também ganhou restauração do forro decorativo, no valor de R$ 1,3 milhão, com recursos do governo federal, via Lei Paulo Gustavo (LPG).

Na próxima etapa do processo de restauração, o cinema passará por obras que englobam a recuperação estrutural das marquises externas, a implantação do sistema de prevenção e combate a incêndio, a requalificação dos banheiros com acessibilidade e a instalação de um elevador acessível aos quatro pavimentos superiores. 

Festival
Para marcar essa volta, nada mais justo do que um evento tão ligado a este monumento histórico. “O retorno do São Luiz é, talvez, a parte mais importante desta edição do festival”, comenta Pedro Azevedo Moreira, que coordena a equipe de curadoria do evento neste ano. 

“Nos anos 2010, o São Luiz se consolidou como a casa mais tradicional e importante do Janela, com uma ocupação muito expressiva do Centro da cidade. Esse período em que ele esteve fechado também coincidiu com uma baixa no festival, por conta da pandemia e queda de aporte de recursos. Retomar o evento dentro do modelo que a gente se acostumou a ver, em um grande patrimônio histórico, é uma coisa muito importante”, completa. 

Além do São Luiz, o Janela ocupa também o Cinema do Museu, da Fundação Joaquim Nabuco, e segue com programação até 8 de novembro. Um dos filmes em destaque é “Ainda Estou Aqui”, aposta brasileira para o Oscar, que terá sessão seguida de debate com o diretor Walter Salles, neste domingo. 

Outros longas nacionais premiados no circuito de festivais deste ano estão na grade, como “Malu” (de Pedro Freire), “Apocalipse nos Trópicos” (de Petra Costa), “Centro Ilusão” (de Pedro Diógenes) e “Baby” (de Marcelo Caetano). Títulos pernambucanos, como “Seu Cavalcanti” (de Leo Lacca), “Ainda Não é Amanhã” (de Milena Times) e “Dormir de Olhos Abertos” (da cineasta alemã Nele Wohlatz, filmado no Recife) também fazem parte da programação, que traz ainda curtas, clássicos, produções estrangeiras e uma homenagem à cineasta Kátia Mesel.

Curadoria
“É um festival que costuma apostar em novos realizadores, ao mesmo tempo em que também faz alianças com autores já consolidados”, aponta Pedro. O curador chama atenção para a qualidade dos títulos que integram a mostra competitiva de curtas nacionais. 

“A gente tem um recorte territorial de estados e de regiões do Brasil muito rico. Muitos são jovens realizadores que estão realizando seus primeiros filmes e a gente fica feliz de poder apresentá-los ao Recife”, afirma. 

“Uma coisa que chancela o Janela como um festival com identidade curatorial muito própria é a aposta no cinema de autor, não no sentido da grife, mas de um cinema que traga a identidade das pessoas que o fizeram. Ou seja, filmes bastante particulares e singulares”, pondera Pedro, ao falar sobre os rumos da curadoria do evento nesta edição. 

“É um festival que sempre apostou também em cinematografias que apontam para caminhos contra-hegemônicos, ao mesmo tempo que também sempre foi casa de grandes clássicos. A gente vai montando essa programação como um processo de pesquisa contínua ao longo do ano, a partir dos festivais que a gente frequenta, dos filmes que a gente vai assistindo e das coisas que vão acontecendo, de uma forma quase espontânea”, diz o curador.

Além de Pedro, a equipe curatorial do festival inclui o curador recifense Felipe André Silva, a artista transmídia Biarritz, e o roteirista e diretor de cinema carioca Dodô Azevedo. A produção é de Juliana Soares e Dora Amorim, com direção artística de Kleber Mendonça Filho e Emilie Lesclaux. Confira a programação completa no site do evento

Serviço:
15º Festival Janela Internacional de Cinema do Recife
Quando: Abertura nesta sexta-feira (31), às 20h, com o filme “Manas”; Exibições até 8 de novembro
Onde: Cinema São Luiz (Rua da Aurora, 175, Boa Vista) e Cinema do Museu (Avenida 17 de Agosto, 2187, Casa Forte)
Ingressos por R$ 5 (para o Cinema São Luiz, vendas pelo Sympla. No Cinema do
Museu, apena na bilheteria, uma hora antes da sessão); Sessões de curtas têm acesso gratuito
Instagram: @janeladecinema
 

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