Cinemateca Brasileira fará reforma de R$ 30 milhões em de sala de exibição; Netflix anuncia apoio
Instituição que preserva a memória do audiovisual brasileiro ainda precisa captar R$ 14 milhões para custear a obra
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Juntando-se a R$ 10 milhões que serão liberados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Netflix vai investir, por meio da Lei Rouanet, R$ 5 milhões na reforma de uma das salas de exibição da Cinemateca Brasileira, em São Paulo.
É a primeira vez que o serviço de streaming recorre à lei de incentivo à cultura para apoiar projetos no país. O Banco Itaú também está entre os apoiadores via Rouanet, com R$ 1 milhão.
O anúncio ocorreu na manhã desta terça-feira (1º), num evento na sede da Cinemateca com a presença da diretoria da instituição, de porta-vozes da Netflix e de Joelma Oliveira Gonzaga, titular da Secretaria Nacional do Audiovisual do Ministério da Cultura (que é responsável pela Cinemateca).
Ao todo, a reforma da Sala Oscarito (batizada em homenagem ao astro das comédias populares) está orçada em quase R$ 30 milhões.
Após o aporte do BNDES, será publicado um edital para escolher uma construtora para tocar a obra. A Cinemateca ainda busca parceiros para arrecadar os quase R$ 14 milhões que faltam para custear a reforma.
Novos ares
A revitalização da Sala Oscarito é parte do projeto Viva Cinemateca, lançado em 2023, que visa a modernizar a infraestrutura da instituição, que é guardiã da memória audiovisual brasileira.
Diretora-geral da Cinemateca, Dora Mourão afirmou que a reforma vai tornar a Oscarito uma “sala referência”.
A arquitetura do espaço será totalmente modificada, disse ela. A porta da sala, que atualmente é próxima à tela, o que atrapalha as projeções devido à entrada de luz e barulho, vai mudar de lugar.
As poltronas serão trocadas por outras, mais confortáveis, e a sala será adequada a padrões de acessibilidade exigido pela legislação. A qualidade da imagem e do som também será aprimorada.
"O projeto foi inspirado em salas de cinema que vêm sendo feitas na Inglaterra e oferecem ao espectador uma experiência mais imersiva" afirmou Dora.
Diretora técnica da Cinemateca, Gabriela Sousa de Queiroz disse que a reforma vai “unir o velhíssimo e o novíssimo”, isto é, vai recorrer à tecnologia mais avançada para garantir que a sala continue apta a projetar filmes rodados em rolos analógicos, de 16mm ou 36mm, por exemplo.
A Oscarito deve alcançar os mesmos níveis de qualidade da Grande Otelo, a outra sala (já reformada) da Cinemateca.
Versão francesa
Foi a própria instituição que procurou a Netflix para sugerir uma parceria aos moldes da que a empresa mantém com a Cinemateca Francesa.
O apoio do serviço de streaming não prevê contrapartidas além daquelas já previstas na Lei Rouanet. No entanto, não estão descartadas a realização de eventos conjuntos e a utilização do espaço da Cinemateca para ações da plataforma (o que já ocorreu no passado).
Mariana Polidorio, diretora de políticas públicas da Netflix, falou do apoio da empresa à Cinemateca, “dada a importância dessa instituição para o audiovisual brasileiro”.
"Queremos respeitar esse legado e olhar para o futuro" disse.
Elisabetta Zenatti, vice-presidente de conteúdo da Netflix no Brasil, falou da ligação entre o streaming e as salas de cinemas.
"Também é do nosso interesse incentivar as pessoas a ir ao cinema" disse ela, ressaltando que a Netflix mantém uma sala de cinema em Los Angeles e outra em Nova York.
Criada na década de 1940, a Cinemateca Brasileira abriga mais de 60 mil obras, 250 mil rolos de filme e um milhão de documentos.
A Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC), entidade civil sem fins lucrativos criada em 1962, assumiu a gestão em 2022, após um período de desmonte da instituição, marcado por um incêndio de grandes proporções que atingiu um depósito em julho de 2021.
Ao longo de sua história, a Cinemateca sofreu cinco incêndios graves.
"Estamos conversando com outras empresas, em busca de mais recursos. É muito difícil fazer captação porque os valores são muito altos. Tudo na Cinemateca custa milhões. Restaurar um filme custa mais de R$ 1 milhão. Preservar o cinema, a cultura, custa. Mas a gente não desiste" afirma Dora Mourão.