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Polêmica

Claudia Leitte se pronuncia sobre inquérito de racismo religioso

Cantora está sendo investigada pelo MP-BA após alterar letra de música tradicional que homenageia Iemanjá; caso repercute entre autoridades e sociedade civil

Claudia LeitteClaudia Leitte - Foto: Redes sociais/Reprodução

A cantora Claudia Leitte, 44, comentou publicamente pela primeira vez sobre o inquérito de racismo religioso aberto pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA).

A investigação foi motivada por uma denúncia feita pela Iyalorixá Jaciara Ribeiro e pelo Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro), após Claudia modificar a letra da música "Caranguejo" em um show.

Tradicionalmente, a canção homenageia a orixá Iemanjá, mas a artista substituiu o verso por uma referência a Yeshua, nome hebraico de Jesus.

“Esse é um assunto muito sério. Daqui do meu lugar de privilégio, o racismo é uma pauta que deve ser discutida com a devida seriedade, e não de forma superficial”, declarou Claudia Leitte nesta segunda-feira (30), durante uma coletiva de imprensa realizada antes de sua apresentação no Festival Virada Salvador.

“Prezo muito pelo respeito, pela solidariedade e pela integridade. Não podemos negociar esses valores de jeito nenhum, nem jogá-los ao tribunal da internet. É isso”, concluiu.

Entenda o caso
O episódio que deu início à polêmica aconteceu durante o primeiro show de ensaio de verão da cantora, realizado no Candyall Guetho Square, em Salvador.

Em um vídeo que viralizou nas redes sociais, Claudia Leitte aparece cantando "Eu canto meu Rei Yeshua" ao invés de "Saudando a rainha Iemanjá".

A substituição gerou uma onda de críticas, especialmente porque a música é tradicionalmente associada à celebração da Festa de Iemanjá, um patrimônio cultural protegido por lei.

A denúncia apresentada ao MP-BA argumenta que a mudança descontextualiza a música e desrespeita as religiões afro-brasileiras. Para os denunciantes, a atitude configura discriminação e hostilidade contra comunidades de matriz africana.

Segundo apurações da CNN, a promotora Lívia Sant’Anna Vaz, responsável pelo caso, afirmou que o inquérito investigará a responsabilidade civil de Claudia Leitte pela possível violação de um bem cultural e de direitos dessas comunidades, além de avaliar a possibilidade de responsabilização criminal.

A polêmica gerou manifestações de diversas personalidades e autoridades.

O secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho, classificou a atitude da cantora como racismo. "A alteração da letra é um ato de apropriação cultural e desrespeito à cultura afro-brasileira, especialmente no contexto da celebração dos 40 anos do Axé Music", afirmou Tourinho.

A professora e escritora Bárbara Carine, vencedora do Prêmio Jabuti, também comentou o episódio, destacando a importância de respeitar os símbolos das religiões afro-brasileiras. Para ela, a substituição de Iemanjá por Yeshua é um reflexo da intolerância religiosa que persiste no Brasil.

Apesar das críticas, Claudia Leitte voltou a repetir a alteração da música em outras apresentações.

No pré-Réveillon do Recife, nesta segunda-feira, a cantora novamente cantou "Eu canto meu Rei Yeshua", o que intensificou o debate público sobre o caso.

O MP-BA continuará apurando os desdobramentos do caso e analisará os elementos apresentados pelos denunciantes. Caso fique comprovada a violação de direitos culturais e religiosos, Claudia Leitte poderá responder por racismo religioso, crime previsto no Código Penal Brasileiro.

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