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Cobertura: um giro pelos 15 anos do Festival No Ar Coquetel Molotov

Coquetel Molotov de 2018 contou com shows de artistas locais, nacionais e do exterior

Heavy BaileHeavy Baile - Foto: Tiago Calazans/Divulgação

Há 15 anos o Festival No Ar Coquetel Molotov arriscava suas primeiras experimentações no Teatro da UFPE, em Recife. De lá pra cá, conquistou espaço na agenda cultural da cidade e renome frente outros festivais que acontecem no país. Neste sábado (17), em edição comemorativa, o Coquetel Molotov reuniu 25 atrações no Caxangá Golf & Country Club. Todos os ingressos esgotados. A estrutura montada contou com três palcos, feira de marcas locais, estúdio de tatuagens e stands dos patrocinadores.

“A Avenida Caxangá, lá pelas 14h, estava intransitável para automóveis. Muita gente andando a pé em direção ao Golf Club”, contou o Uber, Clebson Cabral. Uma das atrações mais aguardadas desta edição, a pernambucana radicada no Rio de Janeiro, Duda Beat, figurou entre os pedidos do público [para estar no line-up] desde o lançamento da página do evento no Facebook. Segunda atração do Palco Natura Musical, Duda foi responsável pela chegada cedo de boa parte do público, se apresentando a partir das 16h30. Ponto para a curadoria e logística.

“Gente, vocês estão gostando? Tenho pouco tempo, então vou só cantar pra vocês”, explicou a cantora. Além da aguardada “Bixinho”, com qual a artista despontou a recente carreira musical, o show teve também como ponto forte a apresentação de “Corpo em brasa”, parceria com o cantor Romero Ferro. Na sequência, o francês Julien Barbagallo — baterista da banda australiana de rock psicodélico Tame Impala — arriscou palavras em português para saudar a todos. “Estou muito feliz, I’m happy”, confessou.

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No polo principal, o Mestre Anderson Miguel se despediu com o público entoando em coro “eô eô eô/ minha ciranda vai se despedindo agora”. Anderson recebeu no palco Siba, responsável pela produção de seu terceiro álbum, “Sonorosa” (2018), lançado esse ano. “Vocês conseguiram me emocionar”, disse o artista de 22 anos. “A bolha que o Mestre habita é a mesma de outros Mestres, né? Fica sempre no canto do regional. Estar no Coquetel Molotov e tocar pra outra bolha é uma conquista. Foi lindo”, comentou o artista visual Mário Miranda.

Após uma verdadeira maratona, a paulistana Anelis Assumpção apresentou “Taurina” (2018) e trouxe à noite uma atmosfera mística. No palco, a filha de Itamar Assumpção demonstrou total entrega e cumplicidade com os músicos. O apresentador Caio Braz assistia ao show acompanhado pela sua equipe. Ele contou estar produzindo um documentário sobre os 15 anos do Molotov. “Muito bom o show dela”, grita. Ao que tudo indica, o material estará disponível no YouTube ainda em novembro e contará com lançamento no Recife.

Coube à poeta-declamadora Luna Vitrolira, ao estilista da marca Acre Cássio Bonfim e a intelectual negra insurgente Maria Clara Araújo a apresentação dos palcos nesta edição. Cássio, que apresentou o festival durante três anos, recordou a passagem do ex-BBB e residente da festa Tropical Absurdo, Aslan Cabral e Caio Braz na lista de nomes que anunciaram as atrações ao longo destes 15 anos. “Nos primeiros anos, lá no Teatro da UFPE, Aninha e Jamerson [produtores] quem apresentavam. Eles ficavam se alternando”, concluiu Bonfim.

A baiana Luedji Luna arrebatou o público ao subir no Palco Natura Musical para apresentar o debut “Um Corpo No Mundo” (2017). Abriu com a canção “Asas” e encerrou a primeira apresentação no estado com “Banho de Folhas”. Ovacionada pelos fãs, a artista sorriu emocionada. Destaque para as apresentações das faixas “Cabô” e “Iodo”, esta última apresentada durante o bis. “Mas se eu já fui trovão/ Que nada desfez/ Eu sei ser trovão que nada desfaz/ Nem o capataz / Nem a solidão/ Nem estupro corretivo contra sapatão”. A apresentação foi rápida, pois ao fim a artista correu para o aeroporto rumo ao Rio de Janeiro, onde também se apresentaria no Festival WOW.

Concentrando os maiores públicos da noite, o rapper mineiro Djonga e o bregafunk do pernambucano MC Troia, figuraram entre as atrações de encerramento. Considerado um dos nomes mais influentes do rap atual, Djonga convidou ao palco rappers mulheres da Região Metropolitana do Recife e apresentou músicas dos discos “Heresia” (2017) e, o recente, “O Menino Que Queria Ser Deus” (2018). “Tem que respeitar, viu?”, disse, reconhecendo a interação.

MC Troia, ou Troinha, como também é conhecido, levou seu show com os hits que o consolidaram como principal artista do brega funk recifense. Desde a divulgação da line-up, o artista era uma das atrações mais aguardadas da edição, fosse pela quebra de paradigmas, pelo reconhecimento de ritmos produzidos nas periferias da Região Metropolitana do Recife ou mesmo pelo caráter pitoresco. Seja qual for o motivo, não teve quem ficasse parado. “Obrigado por me chamarem pra participar dessa festa”, repetiu algumas vezes o MC.

Baile pesado
Para fechar a programação, a responsabilidade ficou por conta da festa carioca Heavy Baile, que mistura funk, brega e outros sons das periferias brasileiras ao eletrônico; a banda paulistana Teto Preto e as picapes do também palistano Selvagem.

Uma das atrações mais aguardadas do público LGBTQI+, Teto Preto chegou ao auge ao evocar “Gasolina”, recebendo inúmeras performers no palco. A cantora Laura Diaz chegou a ter problemas no palco. “Assim não dá”, reclamou ao público. No camarim ela contou que problemas assim sempre acontecem. “A gente tem ‘trezentos’ microfones e a galera ainda não tá acostumada com esse setup”, explicou Diaz. Durante todo o show-espetáculo, o modelo e performer Loïc Koutana surpreendeu e emocionou o público.

Celebração e desafios
Aos primeiros sinais do alvorecer, a estrutura do Palco Molotov começava a ser desfeita. No backstage, Ana Garcia confraternizava com amigos, equipe e o namorado e músico da banda goiana Boogarins, Benke Ferraz. Teriam passado horas antes pelo local inúmeros artistas da line-up arriscada desta edição — do neozelandês Connan Mockasin ao rapper mineiro Djonga. No centro, um bolo de aniversário enviado pela plataforma de venda de ingressos online Sympla.

“O dia começou com uma energia incrível. Isso acontece poucas vezes e quando acontece sabemos que será uma edição muito especial”, contou a produtora. “Não que todas não são, mas no sentindo de que tudo vai fluir. E tudo fluiu muito bem”, respirou aliviada. Para a produtora, é cada vez mais desafiador realizar um festival do porte do Molotov que “facilmente custa 1 milhão [de reais]”, em um cenário onde o fomento às produções culturais está a cada dia mais escasso. “A gente não capta nem 500 [mil reais]. Como é que as contas batem? Como costurar para fazer as coisas acontecer?”, reflete Garcia.


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