MÚSICA

Coldplay faz show na Malásia sob ameaça de ter energia cortada pelo governo; entenda o "kill switch"

Medida autoriza o governo conservador a interromper apresentações de artistas que façam algum ato que ofenda as "sensibilidades culturais do país"

Chris Martin, vocalista do ColdplayChris Martin, vocalista do Coldplay - Foto: Mauro Pimentel/AFP

Em sua última passagem pelo Brasil, a banda britânica Coldplay lotou estádios para 11 apresentações no Rio e São Paulo, e foram recebidos até pelo presidente Lula para uma sessão de voz e violão. Mas nem sempre os astros são bem-recebidos, como foi o caso da Malásia, na última semana, onde a banda tocou sob a ameaça de ter energia do palco cortada a qualquer momento.

No centro da crise está o posicionamento progressista da banda, que defende publicamente os direitos da comunidade LGBTQI+, que não agradou Acúpula conservadora do governo regido pelos dogmas islâmicos. Por isso, o espetáculo foi observado de perto pelos censores, que estavam a postos para cortar a energia do estádio e interromper a apresentação caso os artistas façam algum ato que ofenda as “sensibilidades culturais do país”.

A medida, chamada popularmente de “kill switch”, foi criada recentemente após protestos por causa de um beijo entre pessoas do mesmo sexo integrantes da banda The 1975, em julho deste ano, durante um festival em Kuala Lumpur. O vice-ministro das comunicações e digital, Teo Nie Ching, foi quem apresentou a decisão de que os organizadores de shows devem ter “um interruptor de desligamento que poderá cortar a eletricidade durante qualquer espetáculo se houver algum incidente indesejado”.

Segundo o The Guardian, o ministro Fahmi Fadzilit explicou que o uso do interruptor é “uma das coisas que foi discutida com o organizador” do show do Coldplay, mas que não esperava problemas pois “a banda apoia muito a Palestina”. — Então, estamos otimistas com o show de hoje, disse.
 

Desde que foi anunciada a apresentação do Coldplay na Malásia, grupos conservadores começaram a protestar devido ao apoio da banda à comunidade LGBTQI+. O chefe de informação do partido islâmico PAS, Ahmad Fadhli Shaari, afirmou no parlamento: — Não se trata de saber se eles apoiam puramente a causa palestina ou não, mas a questão da cultura do hedonismo que eles trazem para a nossa comunidade.

Na Indonésia, manifestantes conservadores muçulmanos entraram em confronto com a polícia do lado de fora do estádio Gelora Bung Karno, em Jacarta, onde o Coldplay se apresentou. “Rejeitar, cancelar e encerrar os shows do Coldplay”, pediam os manifestantes, apesar do espetáculo ter acontecido sem nenhum problema.

Turnê cancelada após beijo gay
Após a confusão na Malásia, a banda britânica The 1975 precisou cancelar shows na Indonésia e em Taiwan. O grupo teve seu show interrompido por autoridades do país por causa do discurso de seu vocalista Matt Healy, que criticou no palco as leis anti-LGBTQ+ do governo malaio. No mesmo show, ele beijou o baixista da banda Ross MacDonald, em tom de provocação.

Após o ocorrido, o governo da Malásia suspendeu o festival. A homossexualidade é ilegal na Malásia e pode ser punida com até 20 anos de prisão. Já na Indonésia as leis LGBTQ+ são menos rígidas - ainda assim, vários eventos foram cancelados no país de origem muçulmana.

Na época, a banda informou que cancelou seus shows na Indonésia e Taiwan "devido às circunstâncias atuais", sem dar detalhes.

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