TELEVISÃO
Com "A Rainha da Pérsia", Record valoriza teledramaturgia e deixa de lado o didatismo
História bíblica já foi contada duas outras vezes na emissora, sob o título de "A História de Ester"
Os remakes estão em alta. Não bastasse a Globo, com “Renascer” no ar, a Record também readaptou um de seus marcos na teledramaturgia. “A Rainha da Pérsia” conta a trajetória de uma das mulheres mais importantes nas histórias bíblicas e sua história já foi contada duas outras vezes na emissora, sob o título de “A História de Ester”.
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A primeira, em 1998, foi de maneira tímida, sem alardes. Já a segunda abriu caminho para todos os outros projetos focados no livro sagrado, em 2010. Agora, 14 anos depois, a emissora aposta no fôlego da personagem para prender a atenção de um público que já se tornou fiel ao gênero bíblico. Prova disso é que a audiência de “A Rainha da Pérsia”, nos primeiros sete capítulos, ficou sempre entre cinco e seis pontos de média geral, dando inclusive sinais de crescimento.
Em resumo, a série foca na rainha judia que conquistou o coração do Rei da Pérsia e, com isso, conseguiu livrar seu povo da perseguição. Porém, pelo menos nessa reta inicial de “A Rainha da Pérsia”, nota-se um distanciamento em relação às produções recentes da Record.
Desta vez, parece que a preocupação com a qualidade artística conseguiu superar o estilo didático que vinha sendo adotado em produções como “Reis” e “Gênesis”, as últimas inéditas exibidas pelo canal. Não se trata exatamente de fugir da temática religiosa – e nem precisaria, visto que a inspiração é mesmo a “Bíblia”. No entanto, os conflitos explorados entre a fase em que Ester perde o noivo e a que ganha o coração do Rei Xerxes, papel de Carlo Porto, é recheada de elementos típicos das novelas. Tem romance, boas intrigas e uma vilã disposta a tudo para conseguir o que deseja, na pele da estonteante Camila Rodrigues.
Para dar vida à protagonista, a Record escalou a estreante Nathalia Florentino, que já se mostra um grande acerto. Apesar da inexperiência na televisão, a jovem atriz tem conseguido dosar bem os momentos de drama e romantismo da personagem, roubando a cena mesmo quando contracena com nomes já conhecidos do público. Carismática, Nathalia tem tudo para se tornar uma presença constante não só na teledramaturgia da própria Record, mas também em outros canais abertos e nas plataformas de streaming, com a repercussão de “A Rainha da Pérsia”.
Aliás, é preciso mencionar que estão mesmo no elenco feminino as maiores surpresas de “A Rainha da Pérsia”. Camila não chega a viver sua melhor fase na televisão e sua atuação parece até um tanto exagerada em algumas situações de vilania. Mas Améstris, sua personagem, tem um poder de sedução inegável que favorece demais a atriz. Além disso, a maneira como se livra de seus desafetos remete bastante a megeras que ganharam os holofotes em novelas de sucesso. Para se ter ideia, de cara, ainda em suas primeiras aparições na série, manda servir partes do corpo de uma mulher a cães, como petiscos.
Dani Moreno é outra que faz bonito no grupo de mulheres de “A Rainha da Pérsia”. Ainda aparece pouco, como a amável Yona, mulher de Mordecai, o primo que criou Ester como filha depois que ela ficou órfã, vivido por André Bankoff. Mas já dá para imaginar que, na hora certa, será um dos destaques das cenas.