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Maturidade celebrada

Com protagonistas poderosas e história tragicômica, "Cinquentinha" completa 15 anos de exibição

Na trama, a morte do mulherengo Daniel, de José Wilker, acaba causando uma série de problemas na vida de suas três ex-mulheres: Lara, Mariana e Rejane, personagens de Susana Vieira, Marília Gabriela e Betty Lago

"Cinquentinha", da Globo, completa 15 anos"Cinquentinha", da Globo, completa 15 anos - Foto: Divulgação/TV Press

Um dos poucos autores que só escreveu novelas no horário nobre, Aguinaldo Silva passou boa parte de seu contrato com a Globo como uma espécie de reserva estratégica da emissora.

Ansioso para criar coisas diferentes e sabendo que, dificilmente, a emissora o escalaria para uma série ou outra produção de curta duração, ele mesmo ofereceu um projeto para a empresa.

Ao final de “Duas Caras”, em 2008, Silva aproveitou as férias e recolheu-se em sua casa na Região Serrana Fluminense, onde embarcou em uma maratona de séries americanas, em especial dramalhões como “Brothers and Sisters” e “Big Love”.

Muito envolvido com o formato e a estrutura narrativa, o autor resolveu que estava na hora de deixar um pouco as novelas de lado.

“A ideia era apenas me entreter mas, quando dei por mim, estava assistindo a tudo como um estudioso. Então, me veio a vontade de exercitar esse outro lado da minha escrita. Falei com a direção da Globo e, surpreendentemente, eles toparam”, conta o autor.

Ao lado de sua fiel escudeira Maria Elisa Berredo, Silva concebeu os oito episódios de “Cinquentinha”, produção que completa 15 anos de exibição neste mês. “É uma série que valoriza atrizes mais maduras e que fala de relações familiares de forma muito intensa, com doses do humor que me é peculiar”, entrega o autor.

Na trama, a morte do mulherengo Daniel, de José Wilker, acaba causando uma série de problemas na vida de suas três ex-mulheres: Lara, Mariana e Rejane, personagens de Susana Vieira, Marília Gabriela e Betty Lago.

Lara é uma atriz decadente que insiste em viver do glamour de outrora. Mariana é uma fotógrafa de sucesso que está descobrindo os prazeres carnais após anos se sentindo reprimida. Ciente de sua liberdade, não vê problemas em namorar um garoto de 19 anos ou passar uma noite de amor sua amiga lésbica Leila, de Ângela Vieira.

Por fim, Rejane é uma ex-hippie que perdeu tudo e agora precisa ir morar com sua neta que, para seu espanto, namora um traficante. “Aguinaldo é um mestre na criação de personagens femininas fortes e destemidas. Dessa vez, a inspiração dele estava mais apurada que o normal. São três papéis que enaltecem a figura da mulher madura. Todas já tinham passado dos 50, mas acreditavam que a idade era apenas mais um número na identidade”, exalta Susana.

Acreditando que, enfim, colocariam a mão em uma polpuda herança do falecido, no dia da leitura do testamento, o trio se choca ao saber que Daniel deixou uma tarefa nada fácil para ser resolvida.

As três teriam de trabalhar juntas na administração de seus negócios em crise e fazê-los prosperar novamente. Ao final de um ano, a que tivesse o melhor desempenho, ficaria com 50% de toda a herança. A mediação da disputa é feita por Joaquim, braço-direito de Daniel, interpretado por Luís Melo.

“Elas nunca se gostaram muito. Então, tudo vira um grande jogo, onde ganha quem tiver inteligência emocional e estratégia. Elas tornam-se empresárias por força do destino e precisam lidar com essa realidade. Aguinaldo ainda fez umas brincadeiras e colocou muito das atrizes nas personagens”, conta Marília Gabriela.

Para piorar a situação, surge em cena Leonor, quarta ex-esposa do empresário, juntamente com seu filho, o esperto e inescrupuloso Carlo, personagens de Maria Padilha e Pierre Baitelli. “Entrei no estúdio e fiquei meio intimidado em contracenar com essas atrizes. Não tive muito tempo de preparação. Então, fui descobrindo o personagem durante as gravações. Por sorte, contei com a generosidade do elenco”, avalia Pierre.

Embora contasse com a celebrada dupla formada por Aguinaldo e o diretor Wolf Maya, “Cinquentinha” teve sérias dificuldades para escalar seus atores principais. Rejane, por exemplo, foi feita especialmente para Renata Sorrah, que educadamente recusou.

Em seguida, Bruna Lombardi leu o roteiro e decidiu não fazer, Marília Pêra chegou até a gravar umas cenas para o episódio piloto, mas não gostou do tom da série e também debandou. No caso do personagem Carlo, Reynaldo Gianecchini não se interessou e Fábio Assunção alegou problemas de agenda. A solução encontrada foi buscar um novo nome através de testes.

“A Globo tinha a tradição de reservar seus melhores atores para as novelas. Qualquer série tinha dificuldade na hora da escalação”, minimiza Wolf, que teve à disposição nomes como Zezé Motta, Emiliano Queiroz, Danielle Winits e Bruno Garcia em papéis secundários.

Os atrasos nos bastidores acabaram provocando o adiamento da estreia de “Cinquentinha” de abril para dezembro. Para não invadir a grade do ano seguinte, a série acabou seguindo um esquema de minissérie e os oito episódios foram exibidos ao longo de duas semanas. “Para mim, esse trabalho sempre será visto como uma série. Não importa como a Globo o exibiu”, rebate Aguinaldo. Atualmente, os oito episódios da série estão disponíveis no catálogo do Globoplay.

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