Logo Folha de Pernambuco
COMPORTAMENTO

Com "Vamos Conversar", Elisama Santos convida o leitor a estabelecer diálogos saudáveis

Em novo livro, psicanalista e escritora buscar falar sobre comunicação não violenta de forma acessível

Elisama Santos lançou o livro "Vamos Conversar"Elisama Santos lançou o livro "Vamos Conversar" - Foto: Isaac Martins/Divulgação

Já faz algum tempo que a psicanalista baiana Elisama Santos vem ampliando o alcance das discussões sobre a comunicação não violenta (CNV) no Brasil, seja por meio das suas publicações, palestras, participações em programas de TV ou nas redes sociais. Para fazer com que o tema chegue a ainda mais pessoas foi que ela escreveu o recém-lançado “Vamos Conversar”, livro publicado pela editora Paz e Terra.

Neste novo título, a autora de “Educação não Violenta” (2019) e “Mesmo Rio” (2022) sistematiza o que ela aprendeu ao longo de vários anos estudando e prestando consultoria sobre CNV. A ideia é transmitir, de forma didática e com exemplos práticos, como o diálogo pode ser estabelecido de maneira saudável e respeitosa, com empatia e sem ruídos de comunicação.

“Estava pensando na escrita do meu próximo trabalho, que é um romance, quando a minha editora propôs um livro sobre educação não violenta que fosse mais prático, fácil de carregar, para aqueles que não têm o hábito da leitura. A ideia é conversar com o maior número possível de pessoas”, revela a autora, em entrevista à Folha de Pernambuco.
 

Embora tenha como meta auxiliar as pessoas em seus processos pessoais, Elisama passa longe da autoajuda em sua escrita. Não à toa, seu novo livro é apresentado como “um pequeno antimanual de comunicação não violenta para a vida real”, já que não pretende oferecer respostas fáceis ao seu leitor.

“A gente está vivendo um momento social em que a venda dos ‘passo a passo’ está se propagando muito. Eu sou uma defensora ferrenha da autonomia de quem lê”, diz a psicanalista, que critica a forma utilitarista como a CNV vem sendo empregada no País.

“A comunicação não violenta não é uma ferramenta que eu utilizo. Ela é um jeito de viver a vida e de estar no mundo. Quando a colocamos nesse lugar de ‘é assim que você faz’, tiramos dela o seu poder libertador. Ela te ajuda a estabelecer uma conexão tão profunda com você e com o outro que te liberta de muitas das dificuldades que você, normalmente, tem na comunicação”, analisa.

Ao longo de 192 páginas, Elisama trata de aspectos importantes para a estruturação de um diálogo respeitoso, como escuta ativa, limites, conflitos e expectativas. Um dos apontamentos feitos pela escritora na publicação é sobre a necessidade do autoconhecimento para que a comunicação flua com clareza.

“Como posso pedir que uma necessidade seja atendida se eu não sei nomeá-la? Sem ter essa noção eu passo parte da minha relação frustrada e ressentida, porque ninguém consegue me entender”, destaca a escritora, que aponta o diálogo interior como o mais difícil de ser travado.

Falar sobre conversas mais acolhedoras para todos está completamente ligado à saúde mental, temática que ganha cada vez mais espaço no debate público. Para Elisama, no entanto, o enfoque ao tratar do assunto precisa passar por uma mudança. “Nós estamos pensando e falando mais em saúde mental, mas ainda estamos entendendo isso como um conceito absolutamente individual. Por isso, eu acredito tanto na conversa. Fazer exercício, se alimentar bem e estar na terapia é só uma parte do cuidado com a minha saúde mental. O todo acontece no encontro com o outro, porque é no coletivo que construímos momentos menos adoecedores na nossa vida”, defende.

Veja também

Newsletter