'Confissões de uma Garota Excluída' aborda com leveza questões da adolescência
Filme da Netflix, que estreia nesta quinta-feira (22), fala sobre bullying, saúde mental e outros temas
Conversar com o público adolescente de forma leve é uma especialidade de Thalita Rebouças, autora best-seller com mais de 2 milhões de livros vendidos. Com “Confissões de uma Garota Excluída”, adaptação cinematográfica de uma de suas obras que estreia na Netflix nesta quinta-feira (22), a escritora leva esse mesmo diálogo suave para o streaming.
A premissa do longa-metragem não é muito diferente de outras tramas voltadas para o mesmo público. Uma garota de 16 anos se sente deslocada e excluída, mas ao mudar de escola encontra finalmente um grupo de amigos para apoiá-la. O cenário, no entanto, não é nenhuma cidade norte-americana, mas sim o ensolarado Rio de Janeiro.
Klara Castanho, atriz que o público viu crescer em trabalhos na TV e no cinema desde criança, dá vida à atrapalhada Tetê. Com os pais desempregados, ela passa a morar no apartamento dos avós maternos, em Copacabana. Embora receba muito amor da família, é alvo constante de críticas dentro de casa sobre sua aparência e seu jeito de ser. No novo colégio não é diferente e a menina se torna uma alvo fácil para a maldosa Valentina (Júlia Gomes).
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“Quando se tem a idade da minha personagem, você não sabe direito quem você é, a qual lugar você pertence ou quais pessoas vão te entender. Acho que a gente trouxe com muito cuidado o que muitos adolescentes sentem e não conseguem colocar para fora”, comentou Klara durante um bate-papo virtual realizado após a sessão de pré-estreia do filme.
O suporte que Tetê tanto precisa vem dos novos amigos igualmente excluídos: Davi (Gabriel Lima), um nerd criado pelos avós, e Zeca (Marcus Bessa), um garoto gay que ainda não conseguiu conversar com o pai sobre sua sexualidade. Com ímpeto e vontade, a protagonista resolve se abrir para a vida social, encarando de frente temores como a falta de aptidão para conversar ou sua transpiração excessiva.
Aproveitando recursos próprios da linguagem nas redes sociais em sua narrativa, o filme acompanha Tetê entre a busca por fazer novos amigos e as paixões juvenis. Embora a questão romântica apareça com a menina dividida entre dois “crushes”, isso acaba ficando em segundo plano no longa, que parece mais focado em falar sobre temas como bullying e saúde mental.
“Eu sou uma pessoa leve. Então, não poderia ser diferente na minha obra. É a maneira que eu sei fazer. Para mim, o riso é o grande instrumento para fazer a gente pensar sobre temas sérios e que precisam ser tratados. É mesmo para ser visto em família”, pontuou Thalita Rebouças, que também ajudou na construção do roteiro e fez uma participação como atriz em uma sequência de cenas.
Há um esforço evidente no longa de não cair em representações que podem ser apontadas como sexistas. Mesmo trazendo a velha rivalidade entre garotas para a história, ao final, o filme aponta para a importância da sororidade. Também não há um enfoque na transformação física da protagonista, que se empodera e aprende a gostar de si mesma.
Dirigido por Bruno Garotti (“Ricos de Amor”), “Confissões de uma Garota Excluída” traz ainda nomes como júlia Rabello, Stepan Nercessian, Rosane Gofman, Alcemar Vieira, Lucca Picon e Caio Cabral no elenco.