Cinema

"Coringa: delírio a dois" estreia nos cinemas nesta quinta (3); leia a crítica

Na continuação de Coringa, Todd Phillips erra ao levar à exaustão o gênero musical

Joaquim Phoenix e Lady Gaga em cena no filme "Coringa: Delírio a Dois"Joaquim Phoenix e Lady Gaga em cena no filme "Coringa: Delírio a Dois" - Foto: Divulgação

Coringa: Delírio a Dois” ("Joker: Folie à Deux"), a aguardada sequência do longa sobre Arthur Fleck, que rendeu o Oscar de Melhor Ator a Joaquin Phoenix, desde as gravações em Nova York, no ano passado, já alimentava a expectativa do público e da crítica sobre a atuação da cantora Lady Gaga no papel de Harleen "Lee" Quinzel. 

Para quem espera assistir a uma longa sequência de performances musicais da estrela, este é o filme certo. Já no quesito atuação, Gaga deixou muito a desejar. A surpresa ficou por conta do talento vocal de Joaquin Phoenix, que também entregou novamente uma ótima atuação, infelizmente ofuscada pelas muitas escolhas equivocadas feitas pelo diretor Todd Phillips



Más escolhas
Se no primeiro Coringa o diretor decidiu não fazer um filme de super-herói, mas apostar nas camadas psicológicas do personagem, exagerando em referências de “O Rei da Comédia” (1982), de Martin Scorsese, inclusive com participação de seu protagonista Robert De Niro na clássica cena do assassinato televisionado, nesta continuação, seu erro crasso foi levar à exaustão o gênero musical.

O resultado é uma enfadonha sequência de mais de duas horas de interação musical entre Arthur Fleck e Lee, que representam seus intermináveis delírios. Cansativo, monótono e repleto de clichês românticos, que contrasta com a profundidade do personagem de Phoenix. Em cena, Lady Gaga foi Lady Gaga, afinada, dançante, mas sem convencer sobre o papel que deveria interpretar. 

Já Joaquin Phoenix, desafiado a performar como cantor, precisou dividir seu inegável talento dramático com uma atuação que lhe tirou de sua zona de conforto, mas o resultado disso foi justamente colocar o público na “zona de desconforto”. 

Sobre o filme
Ao contrário do primeiro filme, o roteiro de “Coringa: Delírio a Dois”, assinado pelo próprio Todd e por Scott Silver, é terrivelmente mal amarrado, com soluções fáceis e preguiçosas. O enredo conta como Arthur Fleck e Lee se conheceram, na prisão do hospital psiquiátrico de Arkham e narra o julgamento amplamente televisionado do Coringa pelos seus assassinatos. 

A continuação apresenta o desenrolar dos acontecimentos do filme de 2019, após a eclosão de uma revolta popular contra a elite de Gotham City instigada pela figura do Coringa. Fleck e Lee - fã declarada do Coringa - se aproximam no manicômio penitenciário e iniciam uma paixão obsessiva e doentia, enquanto o julgamento do Coringa mobiliza e convulsiona a opinião pública. Seria um bom argumento, se o roteiro não fosse tão previsível.

 

Destaques
Nem tudo foi equivocado na produção de “Coringa: Delírio a Dois”. O filme apresenta uma fotografia muito bem executada na cinematografia assinada por Lawrence Sher. A cenografia e direção de arte de David Meyer e o figurino de Arianne Phillips também se destacam. Outro ponto alto é a trilha sonora do compositor Hildur Guðnadóttir, que cumpre bem o papel de dar suporte às performances em cena.

O encontro de Arthur Fleck com personagens do primeiro filme durante seu julgamento também merece menção. Essas cenas do Tribunal conseguem despertar interesse e ajudar a entender melhor as conflituosas e delicadas relações entre o réu com as pessoas que o cercavam, inclusive trazendo mais detalhes sobre sua mãe e o abuso sofrido por ele na infância. Elementos que fazem o filme não ser um completo fiasco.

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