Crítica: 'Abe' traz astro de 'Stranger Things' em filme para abrir o apetite
Dirigido por Fernando Grostein Andrade, longa conta com Noah Schnapp e Seu Jorge no elenco
Comer costuma unir as pessoas. Seja em família, encontros românticos ou reuniões entre amigos, o ato de compartilhar a refeição alimenta também a alma e aproxima quem quer que seja. “Abe”, no filme do brasileiro Fernando Grostein Andrade, aposta neste conceito para contar uma história sobre quebra de preconceitos e superação das diferenças.
O longa-metragem, que estreia nesta quinta-feira (4) nos cinemas nacionais, acompanha o menino de Abe, de 12 anos. Interpretado pelo norte-americano Noah Schnapp (astro da série “Stranger Things”), ele vive no meio de um verdadeiro fogo cruzado. De um lado, está a família paterna muçulmana e, do outro, os parentes judeus maternos. As brigas entre os avós são constantes e afetam não só o garoto, mas também a relação dos seus pais.
Enquanto os familiares tentam convencê-lo a escolher uma religião, Abe prefere experimentar um pouco de cada uma. É uma filosofia que ele emprega também na cozinha, seu passatempo favorito desde muito novo. Na busca por unir sabores distintos, ele conhece o chef brasileiro Chico (Seu Jorge), um mestre da chamada “fusion food”, que combina elementos de diferentes tradições culinárias.
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No início, o cozinheiro se mostra reticente a repassar seus conhecimentos para o menino, mas acaba cedendo à paixão do jovem pela gastronomia. Não poderia haver cenário melhor para a narrativa do que o bairro do Brooklyn, em Nova York, conhecido por agregar tantas culturas distintas.
“Abe” é um filme solar, bem no estilo “Sessão da Tarde”, com todos os méritos e deméritos que isso traz. Chega a soar ingênuo, principalmente ao tratar do conflito entre Palestina e Israel de forma rasa. A mesma sensação parece estar presente no visual do longa-metragem, que é cheio de cores e abusa do “food porn” para fazer o espectador salivar enquanto assiste. As escolhas de enquadramento e iluminação, no entanto, dão à obra uma estética tão televisiva que, às vezes, parecem ter saído de algum reality show culinário qualquer.