David Medalla, filipino que criou esculturas de espuma, morre aos 82 anos
Pioneiro da arte cinética na Europa dos anos 1960, ele conquistou fãs como Marcel Duchamp
O artista filipino David Medalla morreu nesta segunda (28), aos 82 anos. A informação foi divulgada por seu marido e colaborador, Adam Nankervis, no Facebook. Embora não tenha revelado a causa da morte, Nankervis afirmou na postagem que Medalla estava doente há algum tempo, e que morreu enquanto dormia em Manila, capital das Filipinas.
Medalla ficou conhecido por uma série de esculturas metamórficas de espuma produzidas a partir dos anos 1960, "Cloud Canyons", cânions de nuvens. Num mini documentário do museu britânico Tate, o artista conta que a inspiração para as obras foi um filipino morto que avistou no seu quintal ainda criança, na Segunda Guerra Mundial. A boca ensanguentada do homem borbulhava.
Exibidas em mostras internacionais como a Documenta de Kassel, em 1972, as esculturas são citadas com frequência como pioneiras da arte cinética.
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Medalla chamava os "Cloud Canyons" de "arte auto-criadora", em oposição à arte autodestrutiva do seu colega alemão Gustav Metzger. Num protesto contra a ameaça nuclear nos anos 1960, Metzger misturava ácido às suas tintas, criando dessa maneira buracos na tela. As esculturas do filipino, ao contrário, se reconstruíam continuamente.
Medalla nasceu em Manila e estudou letras clássicas e literatura moderna na Universidade de Columbia, em Nova York. Aos 20 e poucos anos, ele se mudou para Paris, onde conquistou fãs como o artista Marcel Duchamp e o filósofo Gaston Bachelard, ambos franceses.
Sua carreira floresceu, porém, em Londres, onde Medalla fundou com Metzger e o também artista Marcello Salvadori a galeria Signals -mais tarde, o crítico Guy Brett e o curador Paul Keeler se juntariam aos sócios.
Apesar dos meros três anos de vida, de 1964 a 1967, a casa influenciou a cena artística de vanguarda ao exibir obras de nomes como Lygia Clark, Jesus Rafael Soto e Mira Schendel. Uma exposição na galeria Thomas Dane, em Londres, há dois anos, homenageou esse legado.
"Sua curiosidade, alegria e espírito alquimista desconheciam fronteiras", escreveu Nankervis sobre Medalla no Facebook.