Logo Folha de Pernambuco

MÚSICA

De Britney Spears a Belo: 25 discos lançados em 2000 que mostram a revolução que a música passou

Álbuns que completam 25 anos em 2025 foram lançados em meio a desdobramentos tecnológicos com a pirataria em CDs e início de troca de arquivos de MP3, via Napster

Recorte das capas de 'Oops!... I did it again', de Britney Spears; 'Nadando com os tubarões', de Charlie Brown Jr.; e 'Desafio', de Belo Recorte das capas de 'Oops!... I did it again', de Britney Spears; 'Nadando com os tubarões', de Charlie Brown Jr.; e 'Desafio', de Belo  - Foto: Divulgação

A ameaça do Bug do Milênio havia sido afastada, mas a indústria fonográfica lidava com outros desdobramentos tecnológicos: o da pirataria, que chegara em massa ao CD — formato dominante no mercado —, e uma ainda incipiente (mas assustadora) troca, entre usuários, de arquivos sonoros em MP3 por serviços como o Napster. A música digital chegara para valer e ninguém sabia muito bem o que poderia vir daí em diante.

Esse era o ano de 2000, aquele no qual, apesar de todas as conversas sobre crise e incertezas do mercado, não faltaram importantes lançamentos de álbuns da música popular, do Brasil e do mundo. Estreias de artistas que se tornariam gigantes, viradas de mesa das sensações surgidas nos anos 1990, trabalhos visionários, provas de vitalidade de astros da MPB, espetaculares renascimentos de carreiras... Cada um desses 25 álbuns que completam 25 anos em 2025 tem uma história que vale a pena lembrar (ou conhecer).

Quem estava lá possivelmente ainda tem nas estantes de casa alguns desses CDs selecionados pelo Globo, mesmo que não tenha mais aparelhos para tocá-los. Mas tudo bem. As memórias que capinhas coloridas despertam hoje podem muito bem ser complementadas com a audição dos álbuns em algum serviço de streaming (a tal revolução inevitável que o tão demonizado Naspster anunciava).

 

De Britney Spears e Linkin Park a Zeca Pagodinho e Belo, passando por Iron Maiden e Roberto Carlos, a sensação no passeio é quase sempre a mesma: nem parece que já faz um quarto de século...

‘3001’, de Rita Lee
O reconhecimento de que o futuro não era mais como antigamente deu o tom para o disco em que Rita Lee juntou eletrônico e psicodelia em duas faixas com Tom Zé: a releitura da velha “2001” (originalmente gravada pelos Mutantes em 1969) e atualização feita em “3001”. Aos 52 anos de idade, Rita se mostrava terna e ferina em rocks como “Você vem” e “Erva venenosa” (bem-sucedida regravação de hit versionado da Jovem Guarda), além de muito inspirada na parceria feminina/feminista com Zélia Duncan, o foxtrote “Pagu” (“meu peito não é de silicone/ sou mais macho que muito homem”) e na escolha de uma canção de Itamar Assumpção (“Aviso aos meliantes”).

‘Oops!... I did it again’, de Britney Spears
Lançado em 16 de maio de 2000 por uma Britney que contava apenas 18 anos, tornou-se o mais vitorioso álbum de estreia lançado até então por uma artista solo mulher, com mais de 20 milhões de cópias vendidas. Mais do que isso: é o disco que inaugurou uma era de desafiadoras cantoras pop e estabeleceu um padrão sonoro para elas. Enquanto produtores como o sueco Max Martin ampliavam os limites de onde se podia ir com a eletrônica no pop, suas composições deram a Britney as armas para firmar-se como a jovem que ensinava as meninas a lidar com sexualidade e a necessidade de afirmação, em canções como a faixa-título e até um cover de “Satisfaction”, dos Stones.

‘Memórias, crônicas e declarações de amor’, de Marisa Monte
Quase seis anos após “Verde, anil, amarelo, cor-de-rosa e carvão” (1994), a cantora chegou ao seu quarto álbum de inéditas assumindo a porção muito romântica logo de cara, no single (de muito sucesso) “Amor I love you”, parceria sua com Carlinhos Brown, embelezada por um trecho do “Primo Basílio” recitado por Arnaldo Antunes. Além dos fiéis companheiros de composição (com os quais Marisa logo sacramentaria os Tribalistas), está representado outro de seus queridos: Tim Maia, na regravação de “O que me importa” (de Cury), mais um dos hits românticos do disco, junto com “Não vá embora” e “Não é fácil”, criações pré-Tribalistas que se perpetuaram nas rádios.

‘Kid A’ , do Radiohead
Ansiedade, angústia, depressão, confusão e solidão num mundo que se move em velocidade alucinante: um tema a partir do qual o Pink Floyd fez, em 1973, a sua obra-prima, “The dark side of the moon”, e que o Radiohead usou no primeiro disco realmente surpreendente do rock mainstream no novo milênio. Ousado até para a banda que havia reinventado o gênero em 1997, com o álbum “OK computer”, “Kid A” questiona a noção de rock como música de baixo-guitarra-e-bateria, em faixas com total liberdade no uso de eletrônicas e ambiências. Faixas como “Everyting in the right place” escapam de qualquer forma para expressar os sentimentos no limite da saúde mental.

‘Maquinarama’, do Skank
Produzido por Chico Neves e Tom Capone, o quinto álbum do Skank — banda que dominou os anos 1990 com seu reggae dancehall festeiro-mas-indignado — acenou com mudanças ao ser gravado em um estúdio montado na cidade dos integrantes, Belo Horizonte. O som do disco tendeu para os lados do rock, especialmente o de influência Beatle (e Clube da Esquina, por consequência), num formato que aproximava a banda do Britpop ainda corrente, de Blur e Super Furry Animals. Hits vieram, como é o caso da levemente psicodélica “Três lados”, “Canção noturna” (de balanço latino) e da romântica “Balada do amor inabalável”, que tem letra do Fausto Fawcett de “Kátia Flávia”.

‘Hybrid theory’, do Linkin Park
O mundo já havia absorvido o Faith No More e as bandas do subsequente nü metal, como o Korn, mas ainda não estava preparado para os californianos do Linkin Park. Em sua estreia, eles chegaram à mais polida e empolgante mistura de rock, metal, rap e música eletrônica, com um vocalista (Chester Bennington, que aliava sensibilidade a um vigoroso ataque) e um rapper (Mike Shinoda) em perfeita dinâmica. E havia as canções, como “In the end” e “Crawling”, com seus refrões poderosos e letras angustiadas. O disco vendeu milhões e pôs a banda nos trilhos de uma carreira que segue vitoriosa até hoje, se- te anos após o suicídio de Bennington e a entrada da cantora Emily Armstrong.

‘Para quando o arco-íris encontrar o pote de ouro’, de Nando Reis
Integrante dos Titãs com um álbum solo lançado em 1995 e composições gravadas por Marisa Monte, Skank, Cidade Negra e Cássia Eller, Nando se mandou para Seattle e, com a ajuda do produtor americano Jack Endino e de músicos como Barrett Martin (Screaming Trees) e Peter Buck (R.E.M.), gravou o seu pequeno grande disco de folk-rock emocional. “All star” (dedicada a Cássia, musa e grande amiga) e “Relicário” (posteriormente gravada pela cantora) se tornariam standards do músico. Em 2001, a morte de Marcelo Fromer (guitarrista dos Titãs) e de Cássia levaram Nando a sair da banda e se dedicar somente à carreira solo que o “arco íris” apontara como imprescindível.

‘Music’, de Madonna
Aos 42 anos de idade, com uma Britney Spears de 18 nos seus calcanhares de estrela absoluta do pop, o que teria Madonna a dizer em 2000? “A música é que aproxima as pessoas”, decretava ela no contagiante eletropop que deu título ao seu álbum. Um sucesso daqueles, que a devolveu às pistas de dança depois de um reflexivo, místico e por vezes gélido álbum, “Ray of light” (1998). Com novo produtor (o francês Mirwais Ahmadzaï) e o inglês William Orbit, do disco anterior, a cantora fez um disco ao mesmo tempo vanguardista e dançante, que ainda teve como hit “Don’t tell me”, um misto de country e hip hop que antecedeu o “Cowboy Carter” de Beyoncé em 24 anos.

‘Acústico MTV’, do Capital Inicial
Uma das bandas mais famosas do rock brasileiro dos anos 1980, o Capital Inicial viu o fundo do poço nos 1990 e começou um espetacular renascimento a partir do álbum “Atrás dos olhos” (1998) — mas nada como o que veria depois de participar do Acústico MTV, projeto quase que obrigatório na época. Na bem feita revisão ao vivo e com violões de seu repertório, o grupo extraiu hits de canções antigas. Além disso, estourou a inédita “Natasha” e transformou em sua “Primeiros erros” de Kiko Zambianchi (com participação do próprio). O fôlego que o Capital pegou com esse CD (que levou disco triplo de platina por suas s vendagens), ele levou pelos 24 anos seguintes.

‘Parachutes’, do Coldplay
O disco de estreia de uma jovem banda inglesa afiliada ao indie rock (e muito influenciada pelo U2), com canções cheias de melancolia e um vocalista muito promissor: isso era “Parachutes”, o disco que apresentou o Coldplay ao mundo. A concorrência no setor indie era grande (e dominada pelo grupo Travis), mas aqueles rapazes que haviam se conhecido na universidade em Londres revelavam ter algo mais: um talento para a composição, evidenciado em músicas como “Yellow” e “Trouble”, que os levavam à criação de uma espécie de soft rock para o novo milênio, ainda a ser desenvolvido por eles mesmos (em sua caminhada para o sucesso) e por artistas como Ed Sheeran.

‘Líricas’, de Zeca Baleiro
Decidido a não repetir o frenesi rítmico e eletrônico de sucesso de “Vô imbolá” (1999), o cantor e compositor maranhense radicalizou na direção de um trabalho acústico, baseado nos violões do folk e nas gaitas do blues. Zeca — um dos grandes talentos surgidos nos anos 1990 — arriscou o que poderia parecer uma heresia: uma recriação de “Proibida pra mim (Grazon)”, skate-rock do grupo Charlie Brown Jr.. Pois este acabou sendo o grande sucesso de rádio de “Líricas”, disco no qual ele ainda investiu com êxito nas sonoridades orientais e flamencas em “Babylon” e na dramaticidade debochada de “Você só pensa em grana”, evocando ídolos como Jards Macalé e Sérgio Sampaio.

‘The Marshall Mathers LP’, de Eminem
A estreia em 1999 com “The Slim Shady LP” deixou os EUA de cabelo em pé: lá vinha um garoto branco, fazendo uma caricatura grotesca do Gangsta Rap dos negros em raps nos quais vestia a pele de um personagem racista, homofóbico, misógino ecom tendências homicidas. A persona resumia os piores tipos, reais, com os quais conviveu em sua juventude de pobreza e carências. O que fazer depois disso? Em “The Marshall Mathers LP”, Eminem vai adiante, criando fantasias de assassinato em “Stan” e brincando com o personagem que criou para si em “The Real Slim Shady”. Um dos melhores versadores de sua geração, conseguiu o que queria: apavorou e seduziu o público.

‘Nadando com os tubarões’, de Charlie Brown Jr.
O terceiro álbum do grupo de Santos mostrou que a distância para um Planet Hemp não era tão grande quanto imaginavam os críticos: ali, no último disco com a sua primeira formação, Chorão e sua turma estão relaxados para experimentar com funk e jazz em “Ralé” e juntar-se à cantora Negra Li (vinda do grupo de rap RZO) em “Não é sério”. O hit do disco pode ter sido “Rubão, o dono do mundo”, punk rock como nos velhos tempos, com fúria e peso, mas há ali faixas que soam muito bem hoje, como a intensa e hardcore “Essa é por quem ficou pra trás” e a instrumental “Fundão”, na qual a banda, em clima Beastie Boys, deixa o saudoso Champignon deitar e rolar no baixo.

‘Lovers rock’, de Sade
O quinto álbum da banda batizada com parte do sobrenome de sua cantora (a nigeriana Helen Folasade Adu) deixa para trás o som que fez sua fama nos anos 1980. Lançado oito anos após o anterior, “Love DeLuxe”, o primeiro disco de Sade no novo milênio não se acanha de mergulhar na melancolia e demais estados de alma da vocalista em “King of sorrow” e “Somebody already broke my heart”, canções densas, que poderiam soar estranhas em 2000, mas sobreviveram muito bem à passagem do tempo. Elegante em seus beats, “Lovers rock” teve o bônus de um hit, “By my side”, pérola de rara delicadeza, daquelas que poderiam se desfazer por completo em outras mãos e vozes.

‘Gil & Milton’, de Gilberto Gil e Milton Nascimento
Depois de discos com Jorge Ben, Rita Lee e Caetano Veloso, Gilberto Gil acabou se aproximando de Milton Nascimento em uma viagem de avião... e aí nasceu mais uma parceria entre gigantes da MPB. A união de Bahia e Minas no inédito disco conjunto começa, por ironia, com uma homenagem sentida (diante da “imagem tão cas- tigada e tão bela”) ao Rio de Janeiro (cidade em que Milton nasceu), na canção “Sebastian”. Com mais músicas em parceria (“Lar hospitalar”, “Dinamarca”, “Trovoada” e “Duas sanfonas”, gravado com Sandy & Junior), “Gil & Milton” ainda se divide entre coisas como um “Ponta de areia” só com Gil e um “Palco” só com Milton, ambos gravados como vinhetas.

‘De Stijl’, de The White Stripes
Em uma época estranha para se falar em “rock de garagem”, a dupla americana White Stripes despontou com este segundo álbum, feito com uma formação mínima: Jack White na guitarra e vocais e Meg White na bateria. Gravado em fita analógica (suporte já fora de moda na época) logo após a separação do casal, o disco se sustenta naquilo que diz, em holandês, o seu título: O Estilo. Ou seja: não bastavam boas canções de punk-blues, como “You're pretty good looking (for a girl)” e “Hello operator”, elas tinham que soar como que gravadas nos anos 1960, por uma dupla com roupas elegantes, nas mesmas cores, básicas. Não demorou muito os White Stripes virarem sensação na Inglaterra — e, depois, no mundo.

‘A invasão do sagaz Homem Fumaça’, do Planet Hemp
Depois de fazerem muito barulho, de venderem muitos discos e até de serem presos (em 1997, acusados de... apologia ao consumo de maconha!), o Planet Hemp deixou a fumaça baixar e começou a compor o repertório do que seria o seu terceiro álbum. Gravado mais uma vez com o produtor Mario Caldato Jr. (de discos dos ídolos da rapaziada, os americanos Beastie Boys), “A invasão” traz o turbilhão rap-hardcore do grupo em “12 com Dezoito”, “Ex-quadrilha da fumaça” e “Procedência C.D.”, mas também absorve a fusão de rap e samba de Marcelo D2 em carreira solo na faixa “Contexto” (com sample de “Mentira”, de Marcos Valle). O grupo só voltaria lançar outro de inéditas 22 anos depois: “Jardineiros”.

‘Brave new world’, de Iron Maiden
Sem o guitarrista Adrian Smith (desde 1990) e o vocalista Bruce Dickinson (desde 1993), o grupo inglês passou uma década difícil tentando manter-se relevante em uma cena na qual o público do heavy metal voltava sua atenção para bandas mais brutais como o Pantera, e o rock, como um todo, se abria para a música eletrônica e o hip hop. Qual o lugar do Iron Maiden no novo milênio? A resposta veio com “Brave new world”, disco que contou não só com a volta de Adrian e Bruce, mas com a entrada de um novo produtor, Kevin Shirley, capaz de traduzir em estúdio a força que o quinteto tinha ao vivo. “The Wicker Man”, faixa de abertura, foi suficiente para reconquistar fãs e ganhar outros.

‘Água da minha sede’, de Zeca Pagodinho
Com uma carreira consagrada, depois do renascimento comercial e artístico com o álbum “Samba pras moças” (1995), pode-se dizer que Zeca tornou-se de fato uma unanimidade a partir de “Água da minha sede”. Um disco sem muitas novidades — produção de Rildo Hora, composições do seu habitual time estrelado —, mas que contou com uma combinação muito feliz entre a interpretação de um partideiro no seu auge e um repertório daqueles que não se vê por aí todo dia. Da faixa-título (de Roque Ferreira e Dudu Nobre) e a buliçosa “Maneco telecoteco” ao achado que é “Vacilão” (de Zé Roberto), tudo ali é ouro para rodas de samba. Eis um disco que só poderia mesmo terminar com a imortal “Jura”, de Sinhô.

‘All that you can't leave behind’, de U2
Após deixar para trás o som com o qual havia se consagrado para experimentar com sucesso as eletrônicas estranhas e a música dançante, o U2 de repente estava ali: à beira dos anos 2000, embriagada a própria grandiosidade nas arenas, mas sem uma ideia de como seguir adiante. “All that you can't leave behind” era a opção possível: assumidamente, um olhar para trás, com velhos companheiros (os produtores Brian Eno e Daniel Lanois), mas sem deixar de lado as conquistas em termos de composição. Do êxito na proposta, vieram hits como os rocks “Beautiful day”, “Elevation”, “Walk on” e a deliciosa balada soul “Stuck in moment you can’t get out of”, que renovaram o apelo do U2 para novas gerações.

‘Amor sem limite’, de Roberto Carlos
Na decisão de dar ao álbum um título que não fosse “Roberto Carlos”, praxe desde 1969, o cantor avisava que as coisas seriam diferentes em 2000. Primeiro disco lançado depois da perda da mulher, Maria Rita, que morrera de câncer um ano antes, “Amor sem limite” abre com quatro canções compostas apenas por Roberto, sem a compulsória parceria com Erasmo Carlos: “O grande amor da minha vida”, a faixa-título (bela balada com sabor country), “O grude (um do outro)” e “O amor é mais”. Monotemáticas, sim, mas nada tristes — declarações de um amor verdadeiro, que sobrevive a tudo. Erasmo marca presença na composição, com o amigo, de “Tu és a verdade, Jesus”, clássico religioso do Rei.

‘Voodoo’, de D’Angelo
Num mundo em que Prince ainda reinava, havia músicos que mesmo assim tentavam fazer do jazz, do soul e do rap a base para inovações que iriam guiar a música negra americana pelos caminhos da glória. Naquele ano 2000, quem mais chegou perto disso foi o cantor, compositor e multi-instrumentista Michael Eugene Archer, conhecido como D’Angelo. Em seu segundo álbum, “Voodoo”, resultado de incontáveis horas no estúdio em busca do groove perfeito, ele deixou as convenções de lado e se saiu com faixas despidas de qualquer outra coisa que não fossem clima e balanço — influência decisiva para o neo soul das décadas seguintes.

‘Deixa entrar’, de Falamansa
Quem apostaria que, em plenos anos 2000, o forró voltaria às paradas nacionais? Pois o Falamansa mostrou que o gênero tinha potencial para ir muito além das festas juninas. Formado pelo paulista de Piracicaba Tato (que começou como DJ em festas e descobriu em Itaúnas, Espírito Santo, a cena que ficaria conhecida como forró universitário), o grupo começou tocando as composições do rapaz, que saíam em forma de xotes e baiões. Reabilitando a formação pé de serra, clássica, do forró (sanfona, triângulo e zabumba), o grupo atraiu a gravadora Deck, que lançou “Deixa falar”, um sucesso de vendas que pôs duas músicas no repertório de qualquer arrasta pé que se preze: “Rindo à toa” e “Xote dos milagres”.

‘Mama's gun’, de Erykah Badu
Cantora que, assim como D’Angelo, está na origem do que se conhece hoje como neo soul (com o refinado álbum de estreia, “Baduizm”, de 1997), a texana Erykah Badu chegou ao segundo álbum decidida a aposentar a imagem de diva. “Mama's gun” traz a cantora não só mais voltada para o funk e o rap do que as texturas jazzísticas do primeiro disco como mais livre nos termos com que falaria de amor e relacionamentos. Disco de afirmação feminina e negra com uma eloquência que, em tempos próximos, só Lauryn Hill tinha atingido (na obra-prima “The Miseducation of...”, de 1999), ele termina com “Green eyes”, pungente relato de fim de um amor e que se estende, sem que se perceba, por dez minutos.

‘Desafio’, de Belo
“Quando saí do Soweto, ninguém acreditava em mim. Diziam que era muito difícil, que não ia acontecer nada, que eu só era bom dentro do grupo...“, ressentia-se em 2024 o astro do samba romântico, ao lembrar daquele ano de 2000, quando embarcou na carreira solo. Seu primeiro álbum da empreitada (não por acaso intitulado de “Desafio”) teve produção luxuosa, com os melhores compositores, e fez com habilidade a transição do samba com toques de r&b do antigo grupo para sonoridades mais variadas, nas quais cabiam pianos, cordas e uma canção como “Um dia, um adeus”, de Guilherme Arantes. O hit foi “Tua boca”, que entrou na trilha da novela “O Cravo e a Rosa” e cacifou Belo como um possível novo Roberto Carlos.

Veja também

Maestro João Carlos Martins passa por cirurgia após ser internado em SP
saúde

Maestro João Carlos Martins passa por cirurgia após ser internado em SP

É dia de Globo de Ouro: Brasil é representado por indicações de 'Ainda estou aqui' e Fernanda Torres
premiação

É dia de Globo de Ouro: Brasil é representado por indicações de 'Ainda estou aqui' e Fernanda Torres

Newsletter