"De Frente Para o Sol" compila os pensamentos da escritora Célia Labanca
Livro lançado pela Cepe traz artigos e crônicas da escritora publicados na Folha de Pernambuco e em outros jornais e revistas locais
Havia, naqueles escritos datados de setembro de 2013, mais precisamente em um artigo publicado na Folha de Pernambuco, duas histórias mencionadas: o marco histórico da então presidenta Dilma Roussef, quando em 2011 se tornou a primeira mulher a abrir os debates na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas e a posse de Ana Arraes para o Tribunal de Contas da União (TCU), também como a primeira mulher a se tornar ministra eleita para o órgão.
Ao texto, a escritora pernambucana Célia Labanca deu o título “Todo Poder às Mulheres”, como forma de celebrar a imposição do feminino em espaços improváveis, o que inclui o que a própria autora ocupa há algum tempo na arte e cultura do Estado.
E parte desse trabalho está compilado no livro “De Frente Para o Sol”, recentemente lançado em meio virtual pela Cepe. Nele pouco mais de cem artigos e crônicas publicados neste jornal e em outros periódicos e revistas locais, ressaltam a dinâmica da artista que também está à frente como diretora do Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco (MAC-PE).
“Na realidade, o que sei escrever são romances. Mas como mulher independente, consciente e cidadã, também me sinto no direito e até na obrigação de discutir o que penso em textos, ao longo de 300 páginas e sete anos de publicações. No livro, convoco as pessoas, meus leitores e leitoras, amigos e amigas, a pensarem comigo sobre nossa realidade, sobre o nosso País tão diferente, sobre as nossas dores enquanto seres humanos cristalizados em nossa própria evolução”, explica Célia.
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Com prefácio assinado pelo escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras (APL), José Nivaldo Junior, o compilado traz textos que fluem com leveza e se tornam atraentes ao leitor que tem à sua disposição diversidades temáticas envolvendo poesia, romance e vivências que facilmente identificam a autora em suas considerações.
“Como de resto tudo que escrevo, o livro leva definitivamente o meu DNA. Não sei não ser eu”, reforça ela, que justifica a pluralidade de seus pensamentos, pelo período e/ou pela circunstância de quando foram escritos.
“Os escrevi em tempos diferentes, normalmente para partilhar o que sentia e pensava à época deles. E considero que quanto mais variados são eles (os temas), mas há probabilidades para compartilhar discutir ou nos posicionar a favor ou contra como permite a dialética humana”.
Além do MAC-PE e do seu recente “De Frente Para o Sol”, Célia Labanca segue sem receio de se impor como mulher (das artes, inclusive) – ofício que abraçou desde os idos anos 1960. Em comum com outras mulheres, ela não titubeia ao afirmar que “é como todas elas”. “Como tal sinto com a opressão do sistema machista, inescrupuloso e desrespeitoso com todas nós, historicamente”, ressalta.
E como escritora ela deseja seguir nas entrelinhas no que escreve. “Meu objetivo permanente é lutar para que as oportunidades sejam equânimes para todas”.
Não à toa um novo romance está a caminho, ainda sem título já que está “esperando uma emoção na história ou nela mesma", justifica a escritora em tom de quem preza pela liberdade de expor com maestria e “delicadezas sinceras” opiniões acerca do que bem entender. Todo poder a Célia, portanto.