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Cinema

De volta às telonas, Janela Internacional de Cinema anuncia programação

Uma edição de transição será realizada desta terça-feira (12) até o dia 24 de julho, marcando o retorno presencial do festival

"A rainha diaba", filme protagonizado pelo ator Milton Gonçalves, falecido recentemente, foi recuperado e será exibido no festival"A rainha diaba", filme protagonizado pelo ator Milton Gonçalves, falecido recentemente, foi recuperado e será exibido no festival - Foto: Divulgação

Uma edição de transição realizada desta terça-feira (12) até o dia 24 de julho marca o retorno presencial do Janela Internacional de Cinema do Recife. A programação oferece duas mostras inéditas, além de pré-estreias e atividades especiais. Em 2021, o festival foi realizado em formato virtual, devido à pandemia da Covid-19 - a última edição presencial foi em 2019. O ciclo de atividades antecede a retomada do formato tradicional do festival, que terá sua 14ª edição em novembro deste ano, com mostras competitivas.

Edição especial
Nesta edição especial, o público poderá conferir uma mostra com todos os longas-metragens da cineasta estadunidense Kelly Reichardt, que tem se destacado no cinema independente mundial. Já a mostra “Ladrões de Cinema” teve curadoria dedicada à presença marcante de atores e atrizes negras na história do cinema brasileiro.

O festival vai promover, ainda, as estreias dos premiados longas brasileiros “Rio Doce”, de Fellipe Fernandes, e “Entre nós talvez estejam multidões”, de Aiano Bemfica e Pedro Maia de Brito. As sessões e atividades acontecem no Cinema da Fundação (Derby) e Cineteatro do Parque. Além disso, haverá dois encontros online. 
 

A mostra “Ladrões de Cinema” selecionou cinco longas-metragens de 1957 a 2018, a partir de cópias digitais disponíveis para cinema. Entre os filmes selecionados, em parceria com a Cinelimite e o laboratório Link Digital, o Janela promoveu a digitalização dos negativos do filme "A Rainha Diaba" (1974), que será apresentado pela primeira após a ação de preservação. Estrelado pelo ator Milton Gonçalves, falecido este ano, o filme cinquentenário estará presente no festival para debate, com a consultora do processo de digitalização Débora Butruce. 

Já a mostra “Kelly Reichardt Integral” traz pela primeira vez ao País o conjunto de sete longas da cineasta estadunidense: "Rio de Grama", "Antiga Alegria", "Wendy e Lucy", "O Atalho", "Movimentos Noturnos", "Certas Mulheres" e "First Cow: A Primeira Vaca da América". Sua obra revisita os efeitos da colonização nos EUA e o estado de espírito de personagens forasteiras, frequentemente mulheres, através de dramas íntimos, histórias de viagem e amizade e uma versão própria de uma perspectiva sobre gêneros do cinema americano, como o western.

Estreias e pré-estreias
O Janela exibirá filmes da mais nova safra do cinema brasileiro e estrangeiro. O filme “Rio Doce”, primeiro longa-metragem do realizador pernambucano Fellipe Fernandes, terá exibição no Cine Teatro do Parque seguida por debate com o diretor. A ficção ganhou o prêmio de melhor filme recentemente no Olhar de Cinema (Curitiba). Outra estreia será do longa “Entre nós talvez estejam multidões”, documentário musical do mineiro Aiano Bemfica e do pernambucano Pedro Maia de Brito em parceria com o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) de BH.

Do cinema estrangeiro, o Janela promove a pré-estreia de “Crimes of the Future”, de David Cronenberg, em parceria com a plataforma de streaming MUBI. A história de terror/ficção científica segue Saul Tenser (Viggo Mortensen), um uma celebridade artística que, junto com sua parceira Caprice (Leá Seydoux) mostra publicamente a metamorfose de seus órgãos em performances de vanguarda. O trabalho tem chamado a atenção pela atuação de Kristen Stewart.

Aulas e roda de conversa
Durante o evento serão oferecidas cinco aulas-encontros ("Aulas do Janela"), incluindo uma conversa com Antônio Pitanga e o workshop 2ª Janela de Criação, dedicado a se debruçar sobre arquivos fotográficos de populações trans. A curadoria desta edição é assinada por Luís Fernando Moura, Lorenna Rocha e Rita Vênus, que participam hoje, às 19h, de um diálogo online com o público através do site do festival.

Das cinco aulas, quatro serão presenciais no Cinema da Fundação (Derby) e uma online, que também trazem tanto nomes consagrados pela trajetória no cinema quanto artistas e pesquisadores contemporâneos. O acesso às aulas presenciais na Fundação é gratuito, com distribuição das entradas com uma hora de antecedência na bilheteria.
 
"As aulas são uma das faixas mais especiais para nós que construímos o Janela. Em particular, esse ano o conjunto delas se debruça sobre nossa cultura compartilhada, seja a história do cinema brasileiro, visto por um ângulo da dissidência, quanto pelas imagens que nos cercam cotidianamente, das figurinhas de aplicativos de comunicação até a produção musical que circula na internet, e que apesar de incrível não está em festivais, bem como por métodos de retomada e preservação de arquivos", diz Luís Fernando Moura.
 
Aula online
O encontro virtual será com o ator e diretor Antonio Pitanga, que falará sobre sua trajetória no encontro “Cinema que Ginga”, com mediação de Lorenna Rocha e Gabriel Araújo, do plataforma Indeterminações (https://indeterminacoes.com/), dedicado à pesquisa sobre o cinema negro brasileiro. A história e preservação da cinematografia brasileira, em torno de "A Rainha Diaba", será contemplada na aula com o diretor Antônio Carlos Fontoura e a pesquisadora e conservadora Débora Butruce, que estarão no Recife. Em outro encontro, os profissionais preservadores William M. Plotnick e Laura Batitucci, da organização Cinelimite, ministram aula sobre métodos de preservação e digitalização de filmes.
 
Dando continuidade às reflexões sobre a produção de imagens fora do circuito de cinema que foi realizado no ciclo de aulas anterior, a artista Lia Letícia fará uma aula-performance em torno de figurinhas de comunicação remota e das maneiras contemporâneas de criar narrativas, no entorno daquelas imagens consideradas propriamente artísticas. O jornalista e pesquisador GG Albuquerque fará um ensaio comentado com vídeos de música que circulam pela internet, particularmente de artistas negros, como uma espécie de playlist-palestra ao vivo com participação do público.

Curtas
O Janela também apresenta, pela primeira vez em sala de cinema, o conjunto de curtas “Eu me Lembro”, com filmes comissionados pelo Janela que tiveram exibições online durante a edição de 2021. Os curtas, produzidos por realizadores brasileiros e estrangeiros, serão exibidos no Cinema da Fundação (Derby). Os filmes abordam a importância das memórias individuais e coletivas, dos arquivos e da preservação das histórias e foram realizados por cineastas como Anna Muylaert, João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Matta, Kaique Brito e Bruno Ribeiro.
 
Outras atrações
Também como parte da programação de sessões especiais, a artista Anti Ribeiro trará uma peça sonora para uma sala de cinema, em trabalho comissionado pelo festival. "A ideia é que as pessoas vão à sala de cinema para uma experiência diferente, não com a imagem propriamente, com o som, e Anti Ribeiro tem tido um trabalho artístico notável nessa pesquisa, intimamente ligada às noções de diáspora e da construção de outras percepções", diz Luís Fernando Moura.

A edição especial do Janela de Cinema é realizada pela Cinemascópio Produções com incentivo do Funcultura, Fundarpe, Secretaria de Cultura, Governo de Pernambuco e apoio da Embaixada da França. O Janela tem direção artística de Kleber Mendonça Filho e Emilie Lesclaux, coordenação de programação de Luís Fernando Moura, coordenação de produção de Dora Amorim, assistência de produção de Juliana Soares, e produção executiva de Carol Ferreira, assessoria de imprensa de Flora Noberto e conteúdo para redes sociais do Mirah Ateliê de Ideais (Juliana Santos e Paula K.). A identidade visual do Janela é assinada pela designer e artista Clara Moreira a partir de imagens da intervenção do coletivo Coque Vídeo no Centro do Recife, realizada pelo festival em 2021.
 
"No final do ano, o Janela deve retomar o formato que conhecemos antes do início da pandemia, e esta edição de agora marca um retorno do Janela à cidade – mais um experimento, e também extremamente especial, que montamos com olhos e ouvidos atentos", diz Luís Fernando Moura. "Nesta edição, trazemos o conjunto da obra de Kelly Reichardt pela primeira vez ao Brasil, propomos um olhar para a filmografia brasileira com cópias raras ou inéditas e exibição de filmes especiais. Em torno disso, estamos experimentando o que é retornar às salas também através das Aulas do Janela, atividades em que nos debruçamos sobre as imagens que nos cercam, dos arquivos, aos ícones, ao que vemos na internet. Um festival de cinema é um espaço de formação em muitos sentidos, é um lugar de experimentação coletiva em torno de imagens", explica.

Janela de Criação
Na área de fomento à produção audiovisual e formação, será realizada a segunda edição da Janela de Criação, uma oficina para realização de filmes curtos. O workshop terá condução da curadora Rita Venus no Recife e será ministrado pelo Archivo da Memória Trans Argentina, que participará remotamente dos encontros através de videoconferência. A oficina será aberta à participação de pessoas transgêneras, que irão criar filmes a partir dos seus arquivos pessoais e de imagens do Archivo Trans. As inscrições serão anunciadas nas redes sociais do Janela no Instagram (@janeladecinema).

SERVIÇO

Janela Internacional de Cinema do Recife - Edição Especial 2022

De 12 a 24 de julho no Cinema da Fundação (Derby) e no Cine Teatro do Parque
Ingressos: nas bilheterias dos cinemas com uma hora de antecedência da sessão
Cinema da Fundação: terça - R$ 7 (preço único), quarta a domingo: R$ 14 (inteira) e R$ 7 (meia). Gratuito para professores na quarta. Acesso gratuito para aulas de cinema, com distribuição das entradas com uma hora de antecedência
Cine Teatro do Parque: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)
Programação completa no site do Festival.
Instagram: @janeladecinema

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