Derlon volta ao Recife com a mostra "Boa Viagem", na Galeria Amparo 60
Composição cria um só horizonte, numa espécie de paisagem a partir dos temas ligados ao mar
A estética de traço forte e intimamente ligada às raízes nordestinas do pernambucano Derlon volta a compor o espaço da Galeria Amparo 60, na Zona Sul do Recife, em uma nova exposição aberta ao público até o dia 2 de outubro. O convite é para um mergulho no mar, que tanto desperta conexão, mistério e afetividade de quem mora numa cidade litorânea. Elemento forte de idas e vindas, que intitula a mostra de “Boa Viagem”.
Leia também
• "Ciranda de Todos Nós": exposição reabre Casa do Carnaval ao público
• Museu do Estado de Pernambuco: 90 anos com livro e exposição
• "Deuses Ocultos" em exposição na Arte Plural Galeria
Por mais intencional que pareça, o nome da expo não está ligada apenas à localização do edifício Califórnia, onde a Amparo 60 funciona desde 2017, mas também como fruto de pesquisa que resume a vida do pescador e das pessoas próximas do oceano. Para isso, o artista saiu do formato convencional e criou uma atmosfera que passa a sensação de tridimensionalidade. “Essa é uma instalação que tem objetos apresentados no meio do salão e, em volta, uma pintura mural ocupando toda a estrutura, trazendo a ideia de 3D - mas não aquela que sai de uma pintura para formar outra”, resume Derlon.
Objetos em destaque
Realizada em uma parceria com a SpotArt e com apoio da Móbile Studio, a mostra tem espaço expositivo montado na primeira sala da galeria. Os conceitos que guiaram o processo foram sendo desenvolvidos aos poucos. A composição cria um só horizonte, numa espécie de paisagem a partir dos temas ligados ao mar - vertente já relacionada aos seus trabalhos anteriores, como na figura da sereia.
Sendo assim, as peças idealizadas pelo artista não fogem do contexto, a exemplo da moringa e do barco de madeira que receberam acabamento minucioso. “É a primeira vez que coloco objetos assim no posto de protagonista, embora eu sempre tivesse prazer em criar objetos e mostrar a capacidade criativa além de um artista que trabalha com pintura”, acrescenta ele, que já permeia pela estética da arte popular brasileira com bastante influência da xilogravura.
Pintura e o mar
A pintura nas paredes não representa apenas os pescadores, mas também as carrancas, historicamente usadas por barqueiros do Rio São Francisco para afugentar os maus espíritos. Para a curadora da exposição, Mariana Oliveira, “Derlon explora todos esses elementos que nos remetem à água, aos rios, ao mar, aos mistérios que esses ambientes têm. Sereias, faróis, barcos, peixes, carrancas, tudo isso compõe o nosso imaginário ligado à força e ao poder das águas. Ela é nosso primeiro lar. Sem ela não estaríamos aqui”.
Trabalhos que se conectam
Seu último trabalho exposto na Amparo 60 foi há dois anos, numa composição voltada para o Interior, chamada “A beleza do tempo”. “E agora vim ao mar, explorando todo esse saudosismo em volta dele”, destaca o artista. “Boa Viagem” faz parte do projeto Mirada, idealizado pela galerista Lúcia Costa Santos em parceria com a SpotArt durante a pandemia. A ideia é, a partir da mirada, do olhar, de um espaço expositivo reduzido ampliar o alcance das obras. Como nas demais mostras, o artista produziu uma tiragem limitada de serigrafias.
Serviço
"Boa Viagem", de Derlon
Até 2 de outubro, das 16h às 21h
Agendamento de visitas: 99986-0016
Galeria Amparo 60 - rua Artur Muniz, 82, salas 13 e 14, Boa Viagem
Veja também
Instituto lança série que desmistifica obra de Paulo Freire
