Dia do Orgulho LGBTQIA+: o amor livre nas telas
Produções audiovisuais espalhadas pelo Estado e mundo remetem à temática
Reconhecido há mais de 50 anos, o Dia do Orgulho LGBTQIA+ é celebrado em todo o mundo e marca a luta dessa comunidade pela igualdade de direitos civis e sociais. E nada mais representativo que o universo da cultura e das artes para ampliar a importância do debate e a conscientização sobre o movimento que ainda sofre tanto preconceito e hostilização.
No campo audiovisual, filmes e documentários que abordam a temática existem desde o início do século XX, como é o caso do filme “Diferente dos outros” que foi recebido com motins e obrigou a Alemanha a criar leis de censura. Na esfera nacional, em 1968, mesmo ano em que é instaurado o Ato Institucional mais repressivo da Ditadura Militar, o AI-5, também é lançado o curta-metragem “Um Clássico, Dois em Casa, Nenhum Jogo Fora”, pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), sendo um dos pioneiros filmes brasileiros a retratar a homossexualidade de forma séria, com personagens gays como protagonistas, sem estigmatização.
Produções pernambucanas
O Estado vive um momento de boa movimentação na produção audiovisual quando se trata de filmes sobre questões de gênero. Sendo por já consagrados cineastas da área, ou por quem ainda não coleciona experiência, mas se arrisca sozinho ou com coletivos que querem injetar novas percepções do que antes apenas era considerado “cinema gay”.
“Acho que o cinema pernambucano é articulado, e a luta diária da classe, como um todo, nos fez desenvolver um dos mecanismos de fomento mais respeitados no País, no caso, o Funcultura. Em compensação, as empresas e o poder privado ainda não possuem sensibilidade para ser um aliado no financiamento das obras, principalmente quando elas possuem uma narrativa LGBTQIA+. Seria absurdamente incrível que elas despertassem para o potencial desse investimento sem que, muitas vezes, precisássemos insistir tanto em algumas teclas”, explicou o produtor e diretor Henrique Arruda.
Arruda é responsável pelo roteiro e direção de filmes colecionadores de títulos, como “Os últimos românticos do mundo” (2020) e “Verde limão” (2018), que tratam histórias e enredos de personagens pertencentes à sigla e que já circularam em mostras pelo Brasil e mundo.
Criatividade pandêmica
Embora a pandemia do novo coronavírus tenha atrasado e adiado muitas produções, ainda houve quem conseguisse criar em meio à crise. É o caso da estudante de Teatro Catarina Almanova, que lançou “Tornar-se Monstra ou Humana”, um curta-metragem surrealista que aborda a desumanização de pessoas transexuais e marca sua estreia como diretora e roteirista.
“O curta surgiu primeiramente através de alguns poemas. Quando decidi o título, comecei a buscar artisticamente a forma como meu corpo trans estava sendo projetado e invadido por olhares, palavras e ações dos outros. Então, me apropriei da transfobia a qual tinha sido dirigida a mim, performando-a através de referências que atravessem a realidade como histórias místicas, figuras mitológicas e lugares possíveis de transmutar a dor em arte”, destacou.
Também vale um destaque para as webséries nas redes sociais que aproveitam a ascensão dos aplicativos e do mundo virtual para disseminar o amor de todas as formas. A webminisérie “Recife é um ovo”, que estreou no último dia21, com três episódios de aproximadamente três minutos, é um dos exemplos recentes do amor plural.
Fomento
O Festival de Cinema de Diversidade Sexual e de Gênero (Recifest) é um dos maiores e mais importantes festivais de cinema sobre a temática no País. O festival ocorre anualmente desde 2013, no Recife e em cidades do Interior de Pernambuco. Desde a sua primeira edição, o evento foi incentivado pelo Governo do Estado de Pernambuco, por meio dos recursos do Edital do Funcultura Audiovisual. A Lei Aldir Blanc também é responsável por financiar muitas obras que abrangem o movimento LGBTQIA+ no Estado e por todo Brasil.
Confira alguns títulos:
Os Últimos Românticos do Mundo (2020) - YouTube
2050. O mundo como conhecemos está prestes a ser extinto por uma nuvem rosa. Distante do caos urbano, e perdidos por estradas desertas, Pedro e Miguel só buscam a eternidade.
Verde Limão (2018) – YouTube
Prestes a entrar no palco pela última vez uma Drag Queen revisita todas as cicatrizes que formam o seu carnaval.
Meu Nome é Jacque (2016) – VideoCamp
Jacqueline Rocha Côrtes é uma mulher transexual brasileira que vive com AIDS. Militante pelos Direitos Humanos e ativista a favor da causa das pessoas que vivem com HIV e AIDS.
Vestidas de Noivas (2020) - VideoCamp
Documentário que traça o histórico do casamento homoafetivo no Brasil enquanto acompanha o processo de casamento de Fabia e Gabi. Entre beijos, flores e cetim, as duas apresentam outras histórias de amor homoafetivas, ativistas LGBT e figuras políticas.
"Rebu.doc" (2019) - Instagram
Egolombra de uma sapatão quase arrependida” é uma websérie que registra as vivências de uma mulher negra e lésbica do Recife.
"Gordxs" (2020) – YouTube
O filme “Gordxs”, do diretor Ivson Santo, é um registro sobre como a gordofobia impacta os membros da comunidade LGBTQIA+.