Cultura popular

Dia Estadual do Cavalo Marinho ganha live com deputadas e Moca Salu

Live, marcada para a próxima segunda (29), deseja resgatar a memória do estado

Cavalo Marinho Boi MatutoCavalo Marinho Boi Matuto - Foto: Ana Lira/Divulgação

A primeira celebração oficial do Dia Estadual do Brinquedo Cavalo Marinho - instituído em Lei pela Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), com autoria das parlamentares Juntas (PSOL-PE) - acontecerá em uma live marcada para a próxima segunda-feira (29), às 19h, no canal das deputadas no YouTube.

O evento online terá a presença de representativos grupos do Estado: Mestra Nice Teles (Estrela Brilhante e Estrelas do Amanhã), Mestra Moca Salu (Flor de Manjerona), Folgazã Andala Quituche (Boi Pintado), Mestre Biu Alexandre (Estrela de Ouro), Mestre Grimário (Boi Pintado), Ademilton Barros (Boi Maneiro) e Helder Vasconcelos (Boi Marinho e um dos fundadores do grupo Mestre Ambrósio).

A programação se volta às atividades de fortalecimento dessa forma de expressão, que é tradicional entre as trabalhadoras e trabalhadores rurais da região da Zona da Mata Norte do estado. As Juntas pretendem trazer a representação do real e imaginário do Cavalo Marinho, através de música, depoimentos e arte.

Cavalo Marinho
O PL das deputadas Juntas alterou a Lei nº 16.241/2017, incluindo o Dia do Cavalo Marinho no Calendário Oficial de Eventos e Datas Comemorativas do Estado. O motivo da escolha do dia 29 de junho é por ser a data que marca o início dos ensaios e as apresentações abertas para o festejo oficial do Cavalo Marinho, no natal.

Em 2014, o Cavalo Marinho foi reconhecido como Patrimônio Imaterial Brasileiro. A brincadeira acontece com personagens mascarados, diferentes tipos de danças e repertório musical. Um louvor ao Divino Santo Rei do Oriente, momentos de culto à Jurema Sagrada e a presença de animais ou bichos, como o Cavalo e o Boi.

Antigamente, o festejo era praticado nos engenhos e usinas de açúcar, com suas raízes consolidadas nas senzalas como cultura produzida pelos negros e negras escravizadas e sequestradas da África, sendo um “teatro-memória” com crítica social.

Sobre as mestras e os mestres da live:
Andala Quituche: Licenciada em Letras pela UPE, Andala é presidenta e folgazã do Cavalo Marinho Boi Pintado e também conselheira titular do Conselho Estadual de Política Cultural e membro da Rede Afrocentradas. Além disso, é atriz e escritora.

Moca Salu: É considerada a matriarca da Família Salustiano e desde a infância vive em meio aos folguedos populares. Ainda criança, com seis anos, Moca entrou para o Maracatu Piaba de Ouro como baiana, aos 10, brincou pela primeira vez como pastorinha no Cavalo Marinho e, com apenas 14 anos, assumiu um importante papel no Maracatu, o de Dama do Paço, posição que ocupa até os dias de hoje.

Pode-se dizer que foi Moca quem plantou a semente do Flor de Manjerona. No final dos anos 90, com muita insistência, Moca Salu convenceu seu pai a deixá-la colocar a figura do Vaqueiro, um dos personagem mais complexos e o favorito de Mestre Salustiano.

Nice Teles: É mestra do Cavalo Marinho Estrela Brilhante e do Cavalo Marinho Estrelas do Amanhã. Nice também está à frente do Maracatu de Baque Solto Estrela de Ouro de Condado, tradições culturais da Mata Norte de Pernambuco. Além disso, ela é artista, educadora, animadora comunitária e promotora das artes tradicionais.

Biu Alexandre: Severino Alexandre da Silva, mais conhecido como Mestre Biu Alexandre, começou a brincar o Cavalo Marinho aos 13 anos com Mestre Duda Bilau, cantando no banco. Depois disso, passou a ser figureiro e, logo em seguida, na cidade de Goiana, passou a brincar com o Mestre Preá, mestrando a brincadeira, além do Cavalo Marinho do Mestre Batista, em Aliança. Em 1978, Mestre Biu Alexandre brincou com o Mestre Inácio Lucindo, como galante e figureiro.

No ano seguinte, em 1979, fundou o próprio Cavalo Marinho, o Estrela de ouro, que, desde sua fundação até os dias atuais, têm toda sua família envolvida, contribuindo com o ensino e aprendizado que a brincadeira passa para as novas gerações de brincantes. Em 2017, Mestre Biu Alexandre foi agraciado com o prêmio Ariano Suassuna através de edital público da Secretaria de Cultura de Pernambuco.

Mestre Grimário: é o atual presidente do Conselho de Cultura de Aliança. Iniciou nas tradições culturais da Zona da Mata de Pernambuco aos oito anos, brincando como daminha no Cavalo Marinho do Mestre Batista e, posteriormente, como caboclo de lança do Maracatu Estrela de Ouro de Aliança. Em 1993, Ele fundou seu próprio brinquedo, o Cavalo Marinho Boi Pintado e, em 1996, seu próprio Boi de Carnaval: Boi Pintado e o Forró do Matulão.

Além de ser Mestre de Cultura Popular, Mestre Grimário é artesão. Em 2018, ganhou dois prêmios de cultura, o Selma do Coco Prêmio de Culturas Populares pelo MINC e o Mestres e Mestras do Cavalo Marinho pelo IPHAN. Atualmente, Grimário é o Mestre Caboclo do Maracatu Piaba de Ouro de Olinda, onde brinca há mais de 20 anos.

Helder Vasconcelos: É fundador e coordenador do grupo Boi Marinho, que participa do Carnaval pernambucano e desenvolve um trabalho de formação, por meio de oficinas, desde 1998. Ele credita sua formação ao aprendizado não acadêmico das brincadeiras de Cavalo Marinho e Maracatu Rural.

Helder também é músico, ator, dançarino e um dos formadores do grupo musical Mestre Ambrósio, com quem trabalhou de 1992 a 2003. Em carreira solo, criou os espetáculos “Espiral Brinquedo Meu”, “Por Si Só” e “Eu Sou“. No cinema, atuou nos longas “Baile Perfumado”, “O Homem que Desafio o Diabo” e “A Luneta do Tempo” e “Entre Irmãs”.

Ademilton Barros: Brincante, pai, ator de rua, dançarino, rabequeiro e professor. Ademilton tem vivência na cultura popular desde berço, mergulhado na tradição do Cavalo Marinho há mais de 13 anos. Atualmente, ele é contra mestre, figureiro e um dos organizadores do Cavalo Marinho Boi Maneiro de Itambé/PE.

Live das Juntas com mestres e mestras do Cavalo Marinho
Segunda (29), 19h, no canal das Juntas no YouTube – Juntas Codeputadas

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