TEATRO

Dia Nacional do Teatro acontece nesta segunda-feira (19); o que comemorar?

Data marca o lugar de fala do setor teatral brasileiro, que ainda luta contra os efeitos da pandemia de Covid-19

Cia de Teatro da UFPECia de Teatro da UFPE - Foto: Rogério Alves

Todo 19 de setembro é considerado o Dia Nacional do Teatro que, este ano, tem um significado especial, por conta da pandemia de Covid-19 - que impediu o funcionamento do setor artístico de forma presencial por praticamente dois anos. 


Efeméride sem força?
Apesar de diversos shows acontecerem no Recife ao longo mês, a efeméride não tem grandes programações pela Capital pernambucana, diferentemente do dia 27 de março, data em que é comemorado o Dia Mundial do Teatro e na qual a Câmara Municipal organizou uma sessão solene em homenagem. 

“O dia 19 de setembro nunca foi sobre uma programação de atrações e, sim, uma programação para a gente ter mais voz. Quando eu era presidente da Federação (de Teatro de Pernambuco), sempre fazia alguma coisa como na década de 1980 em que fizemos uma passeata. Mas hoje é um dia de doer", comenta Paulo Castro que, atualmente, preside a Associação dos Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco (APACEPE), organizadora da “Paixão de Cristo” do Recife, no Marco Zero, e o festival “Janeiro de Grandes Espetáculos.

A Covid foi muito complicada para todos os brasileiros, especialmente para aqueles que vivem de arte. Conseguir sobreviver foi uma façanha que quase enfraquece e acaba com meus projetos. A pandemia foi e continua sendo difícil", completa Castro.

O teatro pandêmico
Durante o lockdown, as encenações tiveram que se adaptar, como todas as outras formas de arte. No Brasil, o Serviço Social do Comércio (SESC) foi uma das instituições que mais investiram em entretenimento online, com a programação #EmCasaComSesc, que incluía o “Teatro em Casa”. 

Nela, os atores apresentavam espetáculos adaptados às plataformas visuais. Normalmente eram monólogos, filmados geralmente em um único plano, na casa dos próprios artistas. O modelo encontrado pelos produtores foi polêmico e divide os artistas até hoje, levantando o questionamento sobre o fazer teatro e se essas cenas gravadas ainda se encaixam no termo.

Kleber Valentim é ator, cantor, bailarino e atuou em várias peças como "Mamma Mia", "O Rei Leão" e "Aladdin" e comenta: “As apresentações online são apenas uma exibição que você está sentindo a partir de sua casa. Uma representação artística que você pode assistir no conforto do celular, mas que não tem a magia de entrar e ver a caixa cênica e estar ali imerso na escuridão e no trabalho corporal do ator. Você acaba perdendo um pouco disso quando assiste a uma apresentação filmada. Não tem como ter esses ritos sociais. Eu acredito que o teatro é aquilo que você sente cheiro, som, energia e magia”.


E o agora?
A sobrevivência de grupos artísticos, principalmente das companhias independentes, ainda está ameaçada. O processo tem sido lento, como aponta a pesquisa nacional de Hábitos Culturais III do Itaú Cultural, em conjunto com o DataFolha, que apresentou queda na parte das produções teatrais.  De acordo com o estudo, apenas 18% das pessoas ouvidas foram a uma apresentação nos últimos 12 meses, contra 39% que afirmaram ter esse costume antes da pandemia.
“A doença trouxe problemas sociais e econômicos muito grandes para a classe artística no geral. A retomada tem sido lenta, e nosso espetáculo “Não Vão Nos Matar Agora” felizmente tem feito uma temporada de sucesso com casa cheia. Talvez seja porque ele é fruto de um edital do governo. Mas para meus amigos que estão fazendo shows com bilheteria tem sido mais difícil”, diz Rodrigo Dourado, diretor, produtor, dramaturgo, pesquisador e professor do curso de cênicas da UFPE.

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