Didier Guigue lança 'Enquanto Ainda é Tempo' com referências da música eletrônica paraibana
O músico franco-paraibano lançou o disco pelo Selo Fictício, organização independente pernambucana
Em um cenário ideal, não existiria cronometragem para finalizar um trabalho musical. O que é diferente do que estamos acostumados com a indústria fonográfica. Gravadoras e selos de grande divulgação ditam ritmo, tempo e cadência das produções artísticas. No novo álbum de Didier Guigue, "Enquanto Ainda é Tempo", lançado na semana passada, seguiu o ritmo dele. Com nove canções selecionadas, as faixas foram trabalhadas ao longo de sete anos, nas mais variadas condições e com o mínimo de edição. O músico franco-paraibano lançou o disco pelo Selo Fictício, organização independente pernambucana.
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“Enquanto Ainda é Tempo” é um registro que sintetiza as transformações da música eletrônica paraibana dos últimos 10 anos. É no território vizinho a Pernambuco que Didier vem construindo sua sonoridade. No estado desde 1980, ele é professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), onde ajudou a fundar a Orquestra de Laptops Log³, em 2003, e o Compomus, 2005, os quais integram o lançamento. Além deles, Coletivo de Performance Artesanato Furioso e a Paralelo Cia de Dança também colaboraram com as performances gravadas entre 2010 e 2017.
O álbum é o quinto disco do compositor. O universo dele atravessa temas em torno da violência, silenciosa ou explícita; imaginária ou retirada dos noticiários. Para criar esse imaginário, texturas foram criadas a partir de elementos simples, construindo ambientes tensos e sutis - como os anúncios de catástrofes. Isso já é revelado no título que, segundo ele, demonstra “um otimismo frágil, que reflete a sequência trágica de eventos que a vida pública brasileira viu ao longo dessa década”. Além disso, o tom sombrio do disco é argumentado por sons que de manifestações, de gritos de grupos para-militares e vozes de histórias de assassinato e estupro.
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