Abuso

Diretor acusado de estupro disse que fazer cinema foi "cobertura" para sexo com atriz adolescente

Em documentário de 2011, Benoît Jacquot afirmou que relacionamento com Judith Godrèche quando ela tinha apenas 14 anos gerou "estima" no mundo cinematográfico

O cineasta Benoît Jacquot O cineasta Benoît Jacquot  - Foto: AFP

A atriz francesa Judith Godrèche apresentou queixa contra o diretor de cinema Benoit Jacquot, após ver um documentário de 2011 em que o ex-companheiro se gaba de ter se relacionado com ela quando era adolescente.

A relação entre os dois começou em 1986, quando Godrèche tinha apenas 14 anos, e terminou no início em 1992. Nesse período, ela estrelou dois filmes que ele dirigiu, "Les Mendiants" ("Os Mendigos") em 1988 e "La Desenchantee" ("Os Desencantados") em 1990. No documentário, Jacquot afirma que o relacionamento deles era uma “transgressão”, e o cinema dava “cobertura” para isso.

— Sim, foi uma transgressão — diz ele ao — Pelo menos no que diz respeito à lei, tal como é dita, não temos esse direito em princípio, creio eu. Uma garota como ela, como essa Judith, que na verdade tinha 15 anos (segundo a atriz, ela tinha 14 na época), e eu tinha 40, não tinha direito. Mas ela estava se lixando para isso, e até ficou muito excitada com isso, eu diria.

Godrèche afirmou, ao canal de televisão TMC, que vomitou ao vê-lo no documentário desfrutando de tal “impunidade”. A história, segundo a atriz, é outra. Ela teria ficado "sob seu controle" por seis anos, período no qual o cineasta a teria estuprado e agredido física e psicologicamente. À imprensa, o cineasta negou todas as acusações.

— O consentimento não existe quando você tem 14 anos — disse Godrèche. — Não fui seduzida, fui completamente manipulada.

O documentário em questão foi produzido pelo psicanalista Gérard Miller e coleta depoimentos de "personalidades e anônimos que transgrediram seus princípios para viver seu amor”. Ele pode ser visto no YouTube. Em outro trecho do seu depoimento, Jacquot diz que o mundo do cinema acobertou o seu relacionamento com uma menor e chega a sugerir que era invejado por isso.

— De certa forma, fazer cinema é uma espécie de disfarce para determinados tráficos ilícitos, uma cobertura para os costumes desse tipo — disse. — Ao mesmo tempo, no meio cinematográfico, podemos sentir uma certa estima, uma certa admiração por aquilo que os outros sem dúvida também gostariam de praticar, e isso não é desagradável.

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