Diretor diz que 'O Projeto Adam' é homenagem aos filmes dos anos 1980
Em entrevista, Shawn Levy fala sobre as emoções e histórias por trás do novo blockbuster estrelado por Ryan Reynolds
Pensar em viagem no tempo nos remete diretamente às produções cinematográficas dos anos 1980. Shawn Levy, diretor de “O Projeto Adam”, não esconde essas referências em seu novo longa-metragem, que estreia nesta sexta-feira (11) na Netflix.
“Sem dúvida é uma homenagem a um tipo profundamente nostálgico de filme da Amblin (produtora responsável por títulos como ‘De Volta para o Futuro’) que, para mim, é a epítome do que os filmes devem ser: satisfatórios e com muita aventura, mas ao mesmo tempo engraçados e afetuosos”, declarou o cineasta norte-americano, em entrevista cedida exclusivamente à Folha de Pernambuco.
Estrelado por Ryan Reynolds (que também assina como produtor), o longa apresenta Adam, um piloto do futuro que retorna ao passado para tentar salvar o mundo e acaba encontrando sua versão aos 12 anos, interpretada por Walker Scobell. Enquanto luta para impedir a invenção da viagem no tempo, ele precisa lidar com os traumas envolvendo sua relação com o pai (um cientista vivido por Mark Ruffalo) e a mãe. Em entrevista, Shawn falou sobre as emoções e histórias por trás do novo blockbuster. Confira a seguir:
“O Projeto Adam” é sua segunda colaboração criativa com Ryan Reynolds. Como aconteceu esse reencontro?
Desde a primeira vez que nos vimos em “Free Guy - Assumindo o Controle”, estava claro
que Ryan e eu tínhamos uma química criativa incrível, não só como diretor e ator, mas como produtores. Nós dois gostamos de encontrar formas de aperfeiçoar o material com a mesma tenacidade, e ele se importa com os projetos da mesma forma que eu. Então, nós viramos irmãos.
O que atraiu você nessa história?
O que me cativou foi essa ideia de: e se fosse possível se reconciliar com a própria história? E se você pudesse, como adulto, voltar no tempo para fazer as pazes com sua versão mais jovem e com os pais que não conseguíamos entender quando éramos crianças e adolescentes? Quando pensamos em nossos pais, os colocamos como perfeitos ou vilões em muitas histórias que contamos para nós mesmos. Mas geralmente nada disso é real.
Como foi o processo de revisar o roteiro, considerando o quanto essa história é pessoal para vocês?
Eu e Jonathan Tropper (roteirista) nos reunimos na casa do Ryan, em Nova York, onde passamos muitas horas falando da relação com as nossas figuras paternas e sugerindo ideias. Logo no começo, decidimos por esse tema universal da raiva que os homens sentem da figura paterna, a ponto de não conseguirem amadurecer e ter uma vida feliz até perdoarem o próprio pai por ser humano. Ryan também colocou muito da própria vivência na história. Tem uma cena linda no filme entre o personagem do Ryan e a mãe dele, interpretada pela Jennifer Garner, que foi uma enxurrada de sentimentos do Ryan em relação à mãe. É um verdadeiro soco no estômago.
Esse é seu 13º filme como diretor. O que você diria que é constante em todos eles?
Eu levei 13 filmes para me dar conta de que todos são descaradamente feitos para entreter, mas o mais importante para mim é que eles sejam sempre esperançosos e afetuosos. Quando paro para rever meus filmes antigos, como “Doze é Demais” ou “Uma Noite no Museu”, noto que todos tem um terceiro ato muito afetuoso e definitivamente não são narrativas cínicas. Adoro filmes que me levam em uma montanha-russa, passando por vários tons e sensações, que me fazem rir em um momento e chorar no outro. E também desejo isso para o meu público. Quero que a plateia fique emocionada e tenha uma sensação positiva. O Projeto Adam foi uma oportunidade de experimentar e, se tudo der certo, conseguir esse objetivo.