Do desmaio ao coma: entenda a evolução do quadro de saúde da cantora Paulinha Abelha
Cantora foi internada no dia 11 de fevereiro; dias antes, havia relatado desmaio ao participar de podcast
A morte da cantora Paulinha Abelha na tarde desta quarta-feira (23), em Aracaju, veio após um período de 13 dias internação. Após passar mal durante a turnê da banda Calcinha Preta em São Paulo, a vocalista deu entrada em um hospital da capital sergipana com um quadro de problemas renais, no dia 11 de fevereiro. O que começou como um desmaio terminaria dias depois levando a artista a um coma.
No dia 8 de fevereiro, Paulinha deu uma entrevista ao podcast Podpah em que revelou ter passado mal pouco tempo antes de começar a gravar a conversa:
— Eu senti um 'passamento', um desmaio. Mas nada que o Podpah não resolva, está tudo ótimo. Qualquer coisa, se eu ficar tonta, eu vou ali. Mas comi igual a uma lontra, ontem jantamos um sushi maravilhoso — diz a cantora.
No dia 10 de fevereiro, a vocalista do grupo estava bem e publicou um post com várias imagens dela em diferentes situações de sua vida, maioria delas nos palcos.
No dia seguinte, 11 de fevereiro, ela passou mal durante uma turnê realizada em São Paulo. O motivo: problemas renais. Paulinha foi, então, internada no Hospital da Unimed de Aracaju.O primeiro boletim médico saiu no domingo (13). Segundo as informações, o quadro dela era estável e ela estava sendo acompanhada por uma "equipe médica especializada". O comunicado da assessoria da cantora já agradecia às orações e energias positivas.
Na segunda (14), novo boletim médico informou que Paulinha foi transferida para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), "hemodinamicamente estável, realizando terapia renal substitutiva, sem quadro de infecção". Ainda segundo o comunicado divulgado nas redes da cantora e do grupo, ela estava realizando exames para "melhor elucidação do quadro", que segundo o documento, ainda era considerado estável."Hemodinamicamente estável, realizando terapia renal substitutiva" quer dizer que a cantora começou a fazer diálise, um procedimento que consiste em remover as substâncias tóxicas que ficam retidas no organismo quando os rins deixam de funcionar adequadamente. De uma maneira muito simplificada seria a filtragem do sangue com o uso de equipamentos.Na quarta-feira (16), novo comunicado informou que ela permanecia internada no leito da UTI, com quadro estável, e sem "intercorrências clínicas nas últimas 24 horas".
Na quinta-feira (17), veio a notícia do coma, resultado de uma "piora clínica nas últimas 12 horas". Esse boletim saiu no final da tarde e dizia ainda que haveria uma transferência hospitalar, que não era possível por conta de "instabilidade neurológica". Por conta disso, ela não tinha "condições seguras" para realizar a mudança de hospital. Isso aconteceu na noite do mesmo dia, quando Paulinha passou a ser acompanhada por um médico que se deslocou de São Paulo para Aracaju.
No dia seguinte, sexta-feira (18), o boletim médico da cantora informava que ela permanecia em coma, mas clinicamente estável. Segundo o comunicado, a artista estava com o quadro infeccioso controlado e respirando com suporte de aparelhos.No sábado (19), o primeiro boletim, liberado na parte da manhã, disse que ela tinha "estabilidade clínica, sem necessidade de drogas para a manutenção da vida". "Destacamos que após investigação com exames complementares foram afastadas doenças infecciosas de interesse epidemiológico para a comunidade", diz o texto. A Covid-19, portanto, foi descartada.
O comunicado médico do fim do dia registrou que ela seguia na UTI, sem febre, em coma persistente e "em suporte ventilatório invasivo". Ou seja, ainda respirando com a ajuda de aparelhos.No domingo (20), o boletim médico registrava que a integrante da banda de forró Calcinha Preta seguia internada na UTI com "quadro neurológico grave". Segundo o documento, ela se mantinha estável. A utilização de "drogas para a manutenção da vida" havia sido suspensa, mas ela continuava dependendo de aparelhos para respirar.
Nesse mesmo dia, ela recebeu a visita de Bell Olliver, seu colega de banda. Na ocasião, o cantor disse que Paulinha estava "desinchada" e com os "batimentos cardíacos normais".
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O boletim médico seguinte indicou uma piora no quadro de saúde da cantora, que passou a ser descrito como "grave". Na segunda-feira (21), os médicos iniciaram uma "investigação clínica" para tentar descobrir o que tinha feito o quadro de Paulinha piorar.
O boletim médico da terça-feira (22) informou que a cantora permanecia em coma. A nota dizia ainda que a artista respirava com ajuda de aparelhos e necessitava de hemodiálise para ajuste da função dos rins. Os médicos do Hospital Primavera concederam uma entrevista coletiva na tarde do mesmo dia. Na ocasião, eles explicaram que a cantora estava no grau mais profundo de coma. Questionados sobre o uso de remédios para emagrecer, os profissionais de saúde também disseram que investigavam a possibilidade da cantora ter sofrido alguma intoxicação medicamentosa.O último boletim médico, desta quarta-feira, informava que a artista realizava hemodiálise, respirava com o suporte de aparelhos, mas sem a necessidade de medicamentos para ajustar a pressão arterial.
Horas depois, por volta das 19h20, o perfil da banda anunciou a morte da cantora, descrita como tendo ocorrido em função "de um quadro de comprometimento multissistêmico.". Nas últimas horas, Paulinha Abelha teria apresentado " agravamento de lesões neurológicas, constatadas em ressonância magnética, e associada a coma profundo. Foi então iniciado protocolo diagnóstico de morte encefálica, que confirmou hipótese após exames clínicos e complementar específicos".