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Do luto à poesia, Ana Júlia nos apresentou 'Luiza'

Jovem autora de Palmares que lançou livro em homenagem à irmã falecida aos 5 anos avalia como foi a trajetória de sua obra neste ano

Ana Júlia e sua obra, "Luiza"Ana Júlia e sua obra, "Luiza" - Foto: Acervo pessoal

O ano de 2023 foi bem marcante para a jovem Ana Júlia Pereira Carneiro, 19 anos. Um ano em que o luto e as saudades foram ressignificados em poesia, literatura, e lhe renderam importantes conquistas. Ana Júlia é autora de “Luiza”, livro de poesias que ela lançou neste ano, pela editora Novas Ases, em memória da irmã Luiza, falecida em 2015, aos 5 anos de idade, vítima de catapora. A narrativa tão íntima da obra – mas, versando sobre sentimentos tão universais – alcançou público dentro e fora de Pernambuco.

No último dia 15, a jovem escritora recebeu, da Câmara de Vereadores de Palmares – sua cidade natal, na Mata Sul do Estado –, a Medalha de Honra ao Mérito Ivonete Ferreira Lins (mérito educacional e feminino), uma honraria em reconhecimento à iniciativa da publicação de “Luiza”. “Eu cresci vendo muitos escritores e muitos poetas daqui de Palmares, com um olhar de admiração”, diz Ana Júlia. “Receber essa medalha de honraria foi um olhar, um reconhecimento da minha cidade para minha irmã, porque eu sinto que, assim, eu cumpri o meu papel como irmã de alguém que se foi talvez cedo demais”, continua.

Trajetória de emoção
“Eu não tinha dimensão da proporção que as coisas poderiam tomar enquanto eu escrevia um livro muito no meu luto, no íntimo da minha dor mesmo”, confessa a jovem. Os primeiros escritos de Ana Júlia sob a dor da perda – tema que perpassa as 182 páginas de “Luiza” – foram nas redes sociais. Neste ano, tudo isso se materializou em livro.

“Luiza” teve três lançamentos oficiais: em setembro, Ana Júlia esteve na Bienal Internacional do Rio de Janeiro e no Festival Literário de Palmares; e em 14 de outubro, foi a vez de lançar o livro na Bienal de Pernambuco, justamente a data em que o falecimento da irmã completava oito anos. “Eu estava lá falando sobre Luiza em um momento que oito anos atrás eu estava vivendo o início do meu luto, foi uma data simbólica pra mim”, lembra Ana Júlia.

“Foi isso que o livro me fez viver durante esse ano: foi ressignificar um luto que eu não tinha muita noção do que fazer, porque quando ela faleceu eu era uma criança também, eu tinha 11 anos, e não tinha noção do que fazer, ninguém me dizia o que fazer com o luto”, observa a jovem.

Desde o falecimento de Luiza, Ana Júlia conta que sentiu um acolhimento em um grupo de amizades, que se mantém até hoje. “Um grupo de amizade que eu tenho desde o ensino fundamental. Eu vivi um luto com a minha irmã, e, nesse mesmo grupo, uma outra amiga viveu um luto com a mãe dela, e essas duas dores foram muito próximas uma da outra”, diz. “É a amizade mais forte que eu tenho”.

Futuro literário (?)
Sobre um possível futuro na literatura, Ana Júlia não se sente em obrigação com isso. “Eu não gosto de colocar uma obrigação na minha escrita, de que eu deveria lançar outro livro, que eu deveria escrever, mas eu continuo escrevendo”, fala. “No final do ano passado, eu tranquei Psicologia”, curso que ela estudava no Recife. “Eu tenho a intenção de retomar o curso, é algo que eu sinto falta (...) sem abrir mão da coisa de escrever, mas entendendo que são duas coisas que eu tenho vontade.”

“Eu tenho vontade, sim, de escrever um outro livro. Não sei se com a mesma temática, porque ‘Luiza’ foi um livro muito íntimo (...) não sei se seria sobre a história, se seriam contos. Eu tenho vontade de escrever contos, de escrever em outras outras formas além da poesia”, deixa no ar Ana Júlia, sabedora de que o tempo é sábio senhor de destinos.

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