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Festival de Cinema de Berlim

Documentário sobre clínica psiquiátrica flutuante leva Urso de Ouro na Berlinale

Outro francês ficou com o prêmio de melhor direção: Philippe Garrel, por "Le grand chariot"

Diretor Nicolas Philibert discursa após ser agraciado com o prêmio maior; a presidente do júri, Kristen Stewart (à direita, toda de preto), acompanha a falaDiretor Nicolas Philibert discursa após ser agraciado com o prêmio maior; a presidente do júri, Kristen Stewart (à direita, toda de preto), acompanha a fala - Foto: John MacDougall / AFP

O documentário "Sur l'Adamant", do diretor francês Nicolas Philibert, filmado sobre uma barcaça no rio Sena, em Paris, que acolhe pessoas em tratamento psiquiátrico, levou o Urso de Ouro do Festival de Cinema de Berlim neste sábado (25).

Philibert, de 72 anos, filmou esse documentário como parte de uma trilogia sobre o tema. O filme foi produzido por Céline Loiseau, Gilles Sacuto, Miléna Poylo.

- Vocês estão loucos ou o quê? - brincou o diretor ao receber o prêmio das mãos da diretora do júri, a atriz americana Kristen Stewart. - Isso é demais pra mim. Um imenso agradecimento a Berlinale por ter nos acolhido. Estou orgulhoso e profundamente emocionado.

"O documentário ser considerado cinema por si só é algo que me emociona profundamente", declarou o cineasta, ao receber o prêmio máximo da 73ª edição da Berlinale.

"Tentei inverter a imagem que sempre temos dos loucos, tão discriminatória", acrescentou Philibert.

"Quero que sejamos capazes, se não de nos identificarmos com eles, pelo menos de reconhecermos o que nos une para além das nossas diferenças, como uma humanidade comum", acrescentou.

O diretor francês Nicolas Philibert posa com o Nicolas Philibert - Foto: Tobias Schwarz / AFP

Outro francês ficou com o prêmio de melhor direção: Philippe Garrel, por "Le grand chariot", uma espécie de testamento artístico cinematográfico, filmado com seus filhos.

Garrel, que é pai dos atores Louis e Esther, dedicou este prêmio aos filhos e ao diretor franco-suíço Jean-Luc Godard, morto em setembro.

O Urso de Prata fo para "Afire", do alemão Christian Petzold.

Sofía OrteroSofía Ortero - Foto: Tobias Schwarz / AFP

O prêmio do júri ficou com “Mal viver”, do português João Canijo, parte de um díptico formado com “Viver mal”, exibido na mostra paralela Encounters. O filme é centrado em um grupo de mulheres de diferentes gerações que administram o hotel decadente.

A estatueta prateada para performance protagonista foi para as pequenas mãos de Sofia Otero, de “20.000 especies de abejas”, de Estibaliz Urresola Solaguren. A atriz de 9 anos interpreta um menino trans que explora sua identidade sexual durante as férias de verão no País Basco.

O Urso de Prata de melhor performance coadjuvante foi para a Thea Ehre, que interpreta uma jovem mulher trans que ajuda um policial a desarticular a rede de um traficante de drogas.

Angela Schanelec, diretora de “Music”, ganhou o prêmio de melhor roteiro. A produção grega é uma interpretação moderna do mito de Édipo, a partir da história de amor entre um universitário preso e uma das seguranças da prisão.

O prêmio de contribuição artística foi para a fotografia de “Disco boy”, de autoria de Hélène Louvart. O filme de Giacomo Abbruzzese acompanha os passos de dois homens, um soldado da Legião Estrangeira francesa, e um ativista revolucionário que tenta salvar sua vila africana das companhias petrolíferas estrangeiras.

Jovens e experientes também foram premiados por paralelos. “The survival of kindness”, do australiano Rolf de Heer, foi escolhido o melhor filme da competição pelo júri da Fipresci, a federação internacional de críticos de cinema.

O júri Ecumênico, que aponta filmes com valores humanos e cristãos, premiou “Tótem”, segundo longa-metragem da diretora mexicana Lila Avilés, sobre uma menina de 7 anos que ajuda a família a preparar a festa de aniversário do tio enfermo.

Ao longo de 10 dias de programação, o mais politizado do circuito de grandes festivais lembrou o primeiro ano da guerra na Ucrânia e reafirmou sua solidariedade ao povo do Irã, sacudido por manifestações contra os abusos contra os direitos humanos cometidos pelas autoridades locais, programou uma série de eventos para debater a situação nos dois países.

O presidente ucraniano Valodomyr Zelensky discursou, por vídeo, durante a cerimônia de abertura do festival, no dia 16. A mostra alemã também serviu de plataforma para a estreia mundial de “Superpower”, o documentário de Sean Penn sobre Zelensky e o conflito em seu país.

O cinema brasileiro também se destacou nas mostras paralelas. O curta-metragem “Infantaria”, de Laís Santos Araújo, venceu a categoria da seção Generation 14+, com histórias dedicadas ao público infanto-juvenil. O curta já havia sido premiado no 32ª edição do Cine Ceará, ano passado.

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