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CINEMA

"Duna: Parte 2" tem ritmo mais ágil que o seu antecessor; leia a crítica do filme

Com o segundo filme, Denis Villeneuve conclui adaptação do livro lançado por Frank Herbert em 1965

Filme "Duna"Filme "Duna" - Foto: Warner Bros./Divulgação

Em 2021, Denis Villeneuve conseguiu dar a “Duna”, uma das obras mais influentes do gênero de ficção científica, seu lugar definitivo na cinematografia. A prova do trabalho exitoso é que, três anos depois, o diretor canadense volta para levar às telas a conclusão de sua adaptação do romance de Frank Herbert lançado em 1965, mas essa não parece ser uma despedida.

“Duna: Parte 2” chega hoje aos cinemas brasileiros, dando continuidade à jornada de Paul (Timothée Chalamet) no inóspito planeta Arrakis. Após ver a família destruída graças às conspirações do império, o herdeiro da Casa Atreides se lança no deserto junto aos Fremen, nativos que lutam para libertar sua terra da opressão causada pela exploração de uma especiaria que serve como combustível para as viagens espaciais.

Enquanto alimenta sua sede por vingança, Paul precisa lidar com a desconfiança de parte dos habitantes do deserto e com uma profecia que o coloca como o salvador deste mesmo povo. As visões que não param de atormentá-lo, bem como as palavras de sua mãe, Lady Jessica (Rebecca Ferguson), colocam sobre os ombros do jovem guerreiro a responsabilidade de evitar um futuro terrível para milhares de pessoas.
 

Se comparada ao primeiro filme, a sequência de “Duna” é bem mais ágil, com um foco maior nas cenas de ação. O desenrolar dos acontecimentos, no entanto, ainda não acompanha o ritmo acelerado comum aos blockbusters. Essa lentidão é mais perceptível na primeira parte do longa-metragem, que ganha um dinamismo maior da metade para o final.

Denis parece ter reservado sua incursão inicial pelo universo de Frank Herbert para apresentá-lo ao público, explicando todo o conceito cultural e geopolítico que envolve a trama. Agora, já familiarizados com o funcionamento desse mundo fictício, os espectadores são expostos a momentos mais eletrizantes. Por outro lado, a parte mística da história ganha aprofundamento, deixando mais nítida a intenção de questionar o domínio exercido através da religião.      

Do ponto de vista técnico, “Duna: Parte 2” consegue superar o seu antecessor, que levou seis estatuetas do Oscar em 2022, incluindo as categorias de fotografia, montagem, som e efeitos visuais. Feito que pode se repetir em 2025, levando em consideração o primor com que o novo filme de Villeneuve trata os seus aspectos visuais e sonoros.

Mantendo distância dos exageros de computação gráfica comuns às grandes bilheterias atuais, o longa consegue construir um cenário realista, com um deserto que é, ao mesmo tempo, de uma beleza estonteante e de uma fúria mordaz. Os personagens enquadrados tão pequenos em relação às dunas gigantescas, bem como as tempestades de areia que chegam a turvar nossa visão da cena, demarcam bem o conceito de embate entre homem e natureza expresso na obra.

A escolha de Timothée Chalamet como protagonista está longe de ser uma unanimidade. É preciso reconhecer, no entanto, que o ator parece ter aprimorado seu domínio sobre o personagem, que passa a apresentar certa ambiguidade em suas decisões. Zendaya, por sua vez, ganha mais tempo de tela e a oportunidade de trabalhar melhor a destemida Chani, provando sua capacidade de sustentar a carga dramática da personagem. Um ponto negativo é a participação frustrante de Austin Butler. Seu vilão, Feyd-Rautha Harkonnen, é anunciado como um sociopata terrível, mas não chega a causar um impacto real nos rumos da história.

Entre lutas coreografadas com precisão e vermes gigantes produzidos digitalmente, “Duna: Parte 2” consegue manter a ação sem dissipar os temas mais gritantes da obra de Herbert, como imperialismo, ecologia e fanatismo religioso. Mantendo o desfecho trágico do livro, Villeneuve deixa o gancho para uma ainda não confirmada - mas muito provável - terceira parte, que deve adaptar “O Messias de Duna”, segundo volume da saga criada pelo escritor estadunidense.

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