E3 cancelada: maior evento de games do mundo perde parceiros e dá adeus ao circuito
Após uma sequência de desistências de empresas como Xbox, Sega e Tencent, o evento foi cancelado
Por meio de e-mail enviados aos expositores e parceiros, a ESA anunciou que a E3 de 2023 está oficialmente cancelada. A feira de exposição de jogos e produtos de desenvolvedoras da indústria dos games estava programada para acontecer entre os dias 13 e 16 de junho e, segundo a co-organizadora ReedPop, prometia ser o "Remastered da E3", a sua versão reimaginada para se distanciar das polêmicas do passado.
Segundo informações obtidas por fontes do portal IGN, a edição de 2023 "simplesmente não obteve o interesse necessário para executá-lo de uma maneira que mostrasse o tamanho, a força e o impacto de nossa indústria".
O e-mail é concluído com uma declaração pública de Kyle Marsden-Kish, vice-presidente global de jogos da ReedPop:
"Esta foi uma decisão difícil por causa de todo o esforço que nós e nossos parceiros colocamos para fazer este evento acontecer, mas tivemos que fazer o que é certo para a indústria e o que é certo para a E3. Agradecemos e entendemos que as empresas interessadas não teriam demos jogáveis prontas e que os desafios de recursos tornaram a E3 em junho um obstáculo que eles não conseguiram superar. Para aqueles que se comprometeram com a E3 2023, lamentamos não poder apresentar a vitrine que vocês merecem e que vocês esperam das experiências de eventos da ReedPop".
"Remastered da E3": início de um sonho que deu tudo errado
A ReedPop desde o início estava prometendo uma "remasterizada", uma verdadeira reinvenção do evento, na tentativa de afastá-lo das polêmicas das edições anteriores. No entanto, desde o seu anúncio em junho do ano passado, a feira estava permeada por incertezas, constantemente questionadas por empresas parceiras e por expositores.
A questão da transparência foi inclusive levantada pelas duas últimas desenvolvedoras de jogos que anunciaram a saída da feira, a Sega e a Tencent.
Quebra de confiança, vazamento de dados de clientes e expositores são algumas das polêmicas colecionadas pela ESA, isso sem contar a falta de comunicação sobre como seria a estrutura e a programação que também pesou muito na hora de decisão das desenvolvedoras.
Em fevereiro, o CEO da Ubisoft, Yves Guillemot, inclusive já havia apontado que existia sim chances da E3 não acontecer neste ano, além do reforço por parte do chefe da divisão responsável pelo Xbox na Microsoft, Phil Spencer, sobre a necessidade de "uma saudável e bem sucedida ESA" ser "essencial para o que nós estamos tentando fazer".
A fala foi feita em janeiro após a Microsoft ter anunciado a segunda showcase digital da Xbox, prevista para acontecer perto da data da E3, no dia 11 de junho.
O Blog de Tecnologia e Games inclusive fez uma matéria explicando os principais motivos para que essas empresas não tenham mais tanta confiabilidade assim no evento.
Essa evasão não aconteceu de uma hora para a outra e muito menos é algo exclusivo deste ano.
A Nintendo já largou a mão da E3 pelo modelo de divulgação própria (showcase) desde 2012. Das três grandes, apenas a Sony não comentou o assunto de forma recente, mas já deixou bem claro em 2020 que não tinha interesse em continuar com o estande na feira (e olhe que a empresa japonesa avisou antes mesmo de ser confirmado que a E3 da época seria cancelada por conta dos casos de coronavírus).
Já a Xbox vinha levantando uma live de divulgação própria há muito tempo, desde a sua primeira showcase do ano com a Bethesda. O assunto terminou na desistência de estar presencialmente na feira, garantindo apenas estar na parte online da E3, a "Digital Week", que agora nem vai mais acontecer.