Edney Silvestre revela dislexia e diz que era taxado de 'burro' na escola
Jornalista também é escritor, vencedor do Prêmio Jabuti com o romance 'Se eu fechar os olhos agora', de 2009
O jornalista e escritor Edney Silvestre revelou nesta terça-feira (28), em suas redes sociais, que é disléxico. No post, ele compartilhou uma matéria do GLOBO sobre um estudo da universidade de Cambridge, na Inglaterra, que concluiu que a dislexia não é um distúrbio, mas uma adaptação essencial para a nossa sobrevivência.
"Só quem tem dislexia - e, por vezes, seus pais ou apoiadores - sabe como é dolorosa a travessia da infância, num mundo de pessoas “normais” ", escreveu Silvestre na legenda.
Ao GLOBO, o autor de romances como "A felicidade é fácil" (2011), "Vidas provisórias" (2013) e "Se eu fechar os olhos agora" (2009), este último pelo qual venceu o Prêmio Jabuti, disse que tinha problemas principalmente com a matemática na época de estudante, e que a atuação de uma professora específica foi fundamental no seu desenvolvimento.
— As pessoas que me conhecem sabiam, nunca comentei publicamente mas achei que era importante comentar a partir dessa notícia. Acompanho vários pais e instituições de disléxicos sempre que tenho a chance. Lembro que era o garoto burro, que não conseguia fazer conta direito. Mas tive uma professora que me acolheu. Ela me incentivava a ler e a escrever. E até hoje, quando escrevo, tenho que ficar atento, ainda cometo equívocos inacreditáveis.Tipo querer escrever "vaca" e sair "cava" — conta o jornalista, que também tem dificuldades para pagar contas, por exemplo:
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— Até hoje eu confundo números. Agora que dá para pagar conta na internet, eu tenho que checar número a número do boleto. Imprimo a conta e risco com o lápis número a número. Confundo 6 com o 9 até hoje. Mas eu já sei que é assim, então fico atento. Repito alto os números.
Edney Silvestre comemora a notícia acerca do estudo - "traz grande esperança" - e fala que, por outro lado, a dislexia sempre lhe deu uma perspectiva diferenciada dos acontecimentos da vida. O que é ótimo, ele garante:
— Eu descobri, já adulto, que eu sempre tive uma percepção de situações que escapava das pessoas ditas "normais". Um detalhe de uma frase, um comportamento, uma atitude. No post que eu fiz, várias pessoas se identificaram. O diagnóstico é um grande sofrimento até que você entende, na verdade, é o mundo que não está preparado pra você — afirma.