CINEMA

"Ela Disse" pode ser um sinal da mudança de Hollywood

Filme já está em cartaz e conta a história do escândalo envolvendo um dos maiores nomes da indústria cinematográfica

Ela disseEla disse - Foto: Divulgação

Adaptação de um livro homônimo, o filme retrata com detalhes a investigação jornalística, vencedora do prêmio Pulitzer, sobre o maior escândalo sexual de Hollywood, o caso de Weinstein, e estreou nos cinemas brasileiros na última quinta-feira (8).

O longa conta a história de Jodi Kantor (Zoe Kazan) e Megan Twohey (Carey Mulligan), funcionárias do “The New York Times'' que receberam o duro trabalho de investigar casos de assédio envolvendo um dos maiores produtores cinematográfico do mundo, Harvey Weinstein

Co-fundador da Miramax, empresa responsável por vários clássicos de sucesso como Pulp Fiction (1994) e Shakespeare in Love (1998), além de ex-membro da Academy of Motion Picture Arts and Sciences (organizadora dos Oscars), Harvey aos poucos se tornou um dos maiores nomes da indústria do cinema.

“Se homens brancos tivesse um parque de diversão, seria hollywood”

Apesar do caso ter iniciado em 2017, o produtor já colecionava polêmicas. Entre elas: divergências criativas, cortes excessivos e edições que tentavam alterar a mensagem dos diretores dos filmes. Com tantas controvérsias que cercam a sua carreira, os vários abusos de poder e tentativas de avanços sexuais em dezenas de mulheres eram apenas mais um problema para seus advogados resolverem. Os crimes datam décadas e Weinstein e seus executivos criaram uma verdadeira máquina de silenciar casos de assédio. 

Baseado em fatos reais, o filme traz os bastidores do estopim do movimento “#meetoo”, no qual dezenas de mulheres resolveram contar sobre abusos que sofreram e explicar que na realidade existiu muita resistência e quase que esses casos não foram a público.

O episódio levantou o questionamento de quantos Harveys existem no mundo e não são descobertos. Se situações como essas podem acontecer com pessoas dentro de uma indústria tão grande quanto a do cinema, quantas outras sofrem do mesmo jeito em outros âmbitos? Foram perguntas como essa que levaram mulheres ao redor do mundo discutirem sobre o assunto e trouxe o debate de assédio sexual em ambientes de trabalho para a grande mídia.

Uma cascata de vítimas levantaram a voz não só para Weinstein, mas para dezenas de outros homens no comando de grandes empresas como Donald Trump e Roger Ailes (esse último foi retratado em um filme com temática parecida estrelando Margot Robbie, Bombshell, 2019). 


Weinstein foi acusado por estupro em 2020 e atualmente cumpre pena de 23 anos, além de ainda aguardar o julgamento de outros casos em Los Angeles e Londres. Depois de trabalhar em mais de cem produções, ele virou justamente o vilão de uma, tanto na vida real quanto em "Ela Disse".

Como a maioria dos longas que giram em torno de um veículo de notícias, o jornalismo é dramatizado e a obra parece ser mal editada em alguns momentos. Mas nada disso ofusca o verdadeiro protagonista do filme: a história. Filmes como “Ela Disse” não precisam de atuações geniais e diretores que vão reinventar a roda, pois, só de existirem, já são relevantes. 

Infelizmente esse tipo de obra não costuma ganhar muita atenção e, de acordo com o site "Box Office Mojo", a película ainda não arrecadou nem um terço do custo de produção no período em que esta matéria foi escrita, com quase um mês de estreia nos Estados Unidos. Porém, ainda existem esperanças de pelo menos alguma indicação aos Oscars, por ser um tema comum entre as escolhas da academia com até "Spotlight", que fala sobre abusos de crianças por padres da igreja católica, ter saído como vencedor da principal premiação em 2016.

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