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SAÚDE

"Ela já não conseguia mais abrir os olhos direito de tanta dor", diz namorada de Claudia Rodrigues

Em entrevista exclusiva, Adriane Bonato detalha o atual estado de saúde e os tratamentos com hipnose que irá conduzir na artista

Adriane Bonato e Cláudia RodriguesAdriane Bonato e Cláudia Rodrigues - Foto:

Tratando a esclerose múltipla há mais de 20 anos, a atriz Claudia Rodrigues não começou o ano da maneira que planejou. Ela precisou cancelar toda sua agenda de shows e eventos espalhados pelo país em janeiro, porque foi internada no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, com fortes dores de cabeça. Em menos de um mês, foi hospitalizada duas vezes, com os mesmos sintomas.

Em entrevista ao Globo, a namorada da atriz, Adriane Bonato, disse que foram momentos de extrema angústia e preocupação, visto que os resultados do exame não apontavam um motivo para as dores e os médicos também não sabiam qual poderia ser a causa.

— Ela já não conseguia mais abrir os olhos direito de tanta dor. Ela não queria sair da cama, não fazia mais graça e estávamos muito preocupados que pudesse ser algo relacionado a esclerose ou ao transplante de medula óssea — diz Bonato.

Uma bateria de exames foi realizada e o pior foi descartado: as dores de cabeça não estavam sendo causadas pela esclerose ou pelo transplante. A doença continuava estável e adormecida. Entretanto, as dores continuavam.
 

Claudia, que já havia passado por outras terapias experimentais, decidiu então fazer um novo procedimento para tentar reduzir as dores crônicas: a hipnose.

Bonato, que é profissional de hipnose licenciada, conta como será o procedimento que ela própria vai realizar na Claudia pelos próximos dias. A seguir, os principais pontos da entrevista.

As dores de cabeça
“Desde que a Claudia enfrenta essa doença, há mais de vinte anos, ela sofre com dores de cabeça que ultrapassam o limite da dor. Ela normalmente fala que é bem pior do que uma enxaqueca e que o nível da dor chega aos 20 em uma escala de o a 10. No começo, a dor surgia e desaparecia, durava algumas horas. Depois foi ficando por dias, até que ela se estabeleceu e se tornou diária a ponto de Claudinha perder toda a graça.

Ano passado saiu um remédio experimental para a cefaleia. Era uma injeção que deveria ser administrada mensalmente, o problema era o custo: cerca de 15 mil reais. Nós chegamos a pagar por ele por dois meses para ver se realmente funcionava. Por um tempo as dores cessaram, porém entre o final do ano passado e início deste ano, as dores voltaram mais fortes e potentes, por dias seguidos. Em certos momentos, ela não queria sair da cama, a claridade incomodava, ficava irritada, não fazia mais piadas e nem abrir os olhos ela conseguia por conta das dores.”

O hospital
“Na última semana, tínhamos agenda de compromissos no Rio. Estávamos na estrada quando ela começou a passar mal e sentir muita dor de cabeça. O médico pediu para irmos direto ao Einstein. Chegando lá, a Claudia já foi internada para fazer uma bateria de exames. Num primeiro momento foram realizadas coletas laboratoriais, fezes e urina. Ela chegou a ser medicada e as dores diminuíram.

Os médicos acharam prudente fazer outros exames, como ressonância magnética e alguns associados à esclerose múltipla que ela não fazia há anos porque não eram mais necessários.

Os resultados foram muito satisfatórios e ficou claro que as dores de cabeça não tinham relação com a esclerose ou com o transplante de medula óssea que realizamos em 2015, entretanto, não conseguiam precisar um motivo para o sintoma.”

A hipnose
“A equipe médica sugeriu que a Claudia recebesse a injeção do remédio de 15 mil reais, mas eu ofereci para testar essa técnica de hipnose que eu aprendi e me especializei nela. Nunca tinha feito nela por receio de ativar a doença ou causar algo mais grave nela, mas como estávamos no hospital, acompanhados de profissionais especializados, com médicos e enfermeiros, fiquei mais segura. Além disso, os médicos me deram sinal verde para testar a técnica, visto que era para sanar a dor dela que os medicamentos tradicionais não estavam sendo suficientes. A técnica de hipnose é chamada de Hypno Flash. O objetivo dela é acabar com qualquer tipo de dor em menos de 10 segundos.

Sabemos que as dores, traumas, memórias, estão armazenadas no seu subconsciente. então todos tem uma lembrança da infância da mãe falando quando estamos fazendo algo errado: “vou contar até três se você não parar…(castigo)”. O seu subconsciente sabe que essa contagem representa um sinal de alerta e perigo de que algo vai acontecer em seguida.

A técnica consiste em: dar comandos, e mexer a cabeça. Em voz alta diz: “Eu vou contar até três e a dor vai sumir”. Seguramos suavemente nas têmporas da pessoa, usando o dedo do meio e o polegar, mexe, chacoalhando, a cabeça rapidamente para esquerda e direita e falamos com força e determinação em voz alta: “A dor sumiu”.

Antes de fazer com a Claudia, eu fiz comigo, com amigos e pessoas conhecidas. É engraçado que a maioria delas não acredita num primeiro momento. Não precisa acreditar para funcionar, basta seguir as orientações do profissional que está fazendo e relaxar.

Às vezes, dependendo da intensidade da dor, é necessário repetir a técnica outras vezes. Só é indicado fazer três vezes. E se a dor não sumir, pode ser algo pior e mais sério. No caso da Claudia, fizemos uma única vez no hospital e as dores cessaram na hora. Os médicos ficaram impressionados que realmente havia funcionado porque todos nós já não sabíamos mais o que fazer para as dores acabarem. Isso foi na terça-feira, desde então, a aflição que era diária não voltou mais.”

A ansiedade e síndrome do pânico
“Um dos motivos pelo qual decidi fazer a terapia na Claudia é porque percebi que a dor de cabeça dela era emocional. Após os resultados dos exames concluírem que não havia relação com a esclerose ou com o transplante, cheguei a falar com os médicos sobre as minhas opiniões.

Depois de 10 anos ela finalmente estava retornando ao trabalho. Escrevendo roteiros, viajando o Brasil fazendo palestras, indo para eventos e ela estava com muito receio e medo de que as sequelas ou as dores de cabeça pudessem atrapalhá-la. Ela estava muito tensa, achando que nada iria dar certo. O que causou dezenas de crises de ansiedade nela e que consequentemente, a fez ter novamente crises de pânico.”

O canabidiol
“É importante ressaltar que em nenhum momento paramos com os remédios à base de canabidiol. Acredito, inclusive, que foi um ótimo casamento entre a hipnose e o medicamento. A técnica tira a dor e o canabidiol a mantém saudável. Foi ele que deu fim às tremedeiras e a deixou independente para executar movimentos do dia a dia, como comer, tomar banho e amarrar os sapatos.”

Outras terapias experimentais
“A terapia de hipnose não é a primeira que a Claudia faz. Acredito que este seja o sétimo experimento experimental que ela faz. Quando se trata de fazer algo que possa acabar com a doença dela, ou que a faça ter uma qualidade de vida melhor, não há dinheiro no mundo ou experiência que não possamos fazer. Vamos até o fim e depois contabilizamos as consequências.”

A esclerose múltipla
“Hoje Claudia está com uma melhora de 77% nas funções cognitivas, a massa encefálica voltou a crescer mais do que o previsto e os buracos negros cerebrais, que são as lesões mais severas, diminuíram drasticamente. Acredito seriamente que estamos caminhando para uma cura.”

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