NOVELA

"Elas por Elas" tem história ágil e elenco talentoso, mas trama não emplaca na audiência

Programa é exibido pela Globo de segunda a sábado, na faixa das 18h

"Elas por Elas""Elas por Elas" - Foto: Divulgação

              Quem gosta de teledramaturgia e ainda se rende ao compromisso de acompanhar, diariamente, uma novela, sabe: audiência baixa não deve ser encarada necessariamente como uma falha na produção. “Elas por Elas” parece ser um bom exemplo. O folhetim das 18h da Globo tem bom texto, uma sinopse bem amarrada e uma direção ágil e refinada, com a assinatura da bem-sucedida Amora Mautner. Mesmo assim, vem penando para alcançar médias em torno de 15 ou 16 pontos. Algo que surpreende, visto que se trata de uma história com diversos ingredientes capazes de prender a atenção do público. Mas tudo leva a crer que seja a história certa na hora errada – ou melhor, horário errado.

              Tradicionalmente, novelas das 18h carregam nos conflitos românticos recheados de dramas e costumam retratar épocas passadas, o que dá um salvo conduto para uma certa ingenuidade de trama e personagens. “Elas por Elas” vai na contramão dessa premissa, mesmo sendo um remake de uma trama exibida originalmente em 1982, pela própria Globo. O texto de Cassiano Gabus Mendes, na época, ganhou o horário das 19h na emissora, voltado principalmente para as sinopses de humor e personagens cheios de malandragem e malemolência. E, no fundo, apesar de tratar de alguns temas densos, a leveza e a atualidade que nova adaptação ainda carrega tem mais a ver com o que normalmente se vê nas tramas das sete da noite.

              Outro ponto que talvez prejudique “Elas por Elas” é a quantidade enorme de protagonistas e personagens com muito destaque. A começar pelas sete amigas que se reencontram 25 anos que estudaram juntas em um curso de inglês. Todas foram bem escolhidas e têm tramas fortes para serem trabalhadas. Porém, com essa divisão de espaço entre elas em capítulos que duram cerca de meia hora no ar, um ou outro conflito oferecido na novela se torna menos importante, com grandes chances de passar batido.

              De maneira geral, “Elas por Elas” tem muitas cenas cômicas. Mas são Lara, papel de Deborah Secco, e o detetive Mário, vivido por Lázaro Ramos, os principais responsáveis pelos momentos de humor da adaptação de Thereza Falcão e Alessandro Marson. O texto dos dois chega a ser quase infantil e a dupla de atores, sempre muito segura em cena, não tem o menor receio de parecer ridícula. Deborah e Lázaro estão hilários e é difícil assistir sem torcer por um final feliz para os dois juntos.

              Por outro lado, quando o assunto é o romance tão esperado dos folhetins das 18h, quem mais preenche esse espaço em “Elas por Elas” são os casais Adriana e Jonas, interpretados por Thalita Carauta e Mateus Solano, e Giovanni e Ísis, papéis de Filipe Bragança e Rayssa Bratillieri. E ambos têm antagonistas à altura: os primeiros enfrentam a ex-mulher dele, a esnobe Helena, personagem de Isabel Teixeira. E seus filhos têm no caminho a deslumbrada Cris, Valentina Herszage. As duas vilãs chegam a agir juntas e tanto Isabel quanto Valentina estão bem em suas funções. Helena, é verdade, é um papel cansativo, daqueles que dá vontade de deixar de lado tamanha a falta de noção e de empatia. Mas, ao que parece, ela é exatamente o que se esperava de sua intérprete. Já Cris ganha pitadas extras de humor e tem tudo para se tornar um papel marcante na trajetória de Valentina nas novelas.

              No fundo, “Elas por Elas” consegue unir características típicas tanto das novelas das 18h quanto das 19h da Globo. Não rola espaço para barriga, porque quase todos os papéis têm tramas importantes para serem desenvolvidas. E ainda reúne um elenco com nomes acostumados a se destacaram no vídeo. Ou seja, com um empurrãozinho da Globo abrindo mais espaço para o elenco nas outras produções da emissora e com chamadas que instiguem o público a ligar a tevê às 18h, o folhetim pode ter grandes chances de reverter esse quadro drástico na audiência e se encerrar com médias mais próximas dos 20 pontos, idealizado pela emissora para a faixa.

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