"Eleita": série com Clarice Falcão ri dos absurdos da política brasileira
Na produção do Amazon Prime Video, influenciador digital é eleita governadora do Rio de Janeiro
Com o Brasil em meio à campanha para o segundo turno das eleições, o Amazon Prime Video estreia uma série que traz a política para o centro das discussões, mas a partir de uma abordagem nada séria. A comédia “Eleita” estreia nesta sexta-feira (7) na plataforma de streaming, com Clarice Falcão na pele de uma influenciadora digital que se torna governadora do Rio de Janeiro.
Dirigida por Carolina Jabor e dividida em sete episódios de 30 minutos cada, a série é ambientada em um futuro não muito distante. Nesta realidade distópica - ou nem tanto assim -, o estado do Rio de Janeiro está completamente falido, assim como o restante do País. Completamente avessa a qualquer tipo de responsabilidade, a desmiolada Fefê (Clarice Falcão) resolve se candidatar a governadora. O que era para ser apenas uma piada de internet se concretizando e a influencer é eleita para o cargo, mesmo sem nenhum preparo para isso.
“Tivemos essa ideia - eu e Célio Porto - há cinco anos. A Carol havia me procurado para fazermos algum trabalho juntas, mas eu queria que fosse uma coisa meio doida, que entrasse um pouco no campo da fantasia”, contou Clarice, em entrevista à Folha de Pernambuco. Segundo a atriz, cantora e roteirista, a proposta inicial era se colocar como personagem dentro da trama, mas a equipe responsável por escrever o projeto optou por “pirar mais”.
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“A gente ainda guardou algumas coisas minhas. Acho que ela tem tudo de pior meu multiplicado dez vezes. Ela é extremamente carente, tem uma organização caótica e, quase sempre, é impulsiva. Essas características eu com certeza tenho, só que em um grau muito menor”, revelou a artista, que disse ter buscado na realidade parte da inspiração para compor a personagem. Um dos casos mais icônicos é o do humorista Volodymyr Zelensky, que assumiu a presidência da Ucrânia após estrelar uma série em que ele interpretava um professor de história alçado ao cargo de presidente do país.
“O mais maluco é que só descobrimos essa história do Zelensky quando já estávamos escrevendo a série. Naquela época, ele não estava tão em voga. Eram as pré-eleições de 2018, já havia rolado a eleição do Trump nos Estados Unidos. Então, a gente já tinha algumas inspirações”, compartilhou.
Inspiração na vida real
Não foi necessário ir muito longe para encontrar a base necessária para escrever a série, que traça um cenário político desesperançoso, marcado pelo conservadorismo e pela busca desenfreada por “likes” nas redes sociais.
“A referência maior é a realidade do Brasil hoje, porque ela parece uma piada”, apontou Carolina Jabor. “O Rio é o nosso cenário. Ele é um dos lugares mais lindos do mundo e, ao mesmo tempo, é todo ferrado”, disse a diretora, que teve acesso ao Palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador fluminense, e ao prédio da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro para as filmagens.
“A série vai além dessa de esquerda e direita. É sobre você se responsabilizar sobre o seu voto e o que pode acontecer se esse direito de todo cidadão não for tratado com seriedade. Se a gente conseguir passar isso para as pessoas, vou ficar muito feliz”, declarou Clarice.
Protagonismo feminino
Ainda de acordo com a criadora e protagonista da série, uma de suas missões foi criar uma protagonista feminina que fugisse dos padrões de representação em séries de comédia. “Durante o processo, vira e mexe a gente falava do Michael Scott, personagem do Steve Carell no ‘The Office’. Ele é o chefe daquele microcosmo e é uma pessoa da qual a gente sente vergonha, só faz besteira, é egoísta e imaturo. Passamos uma época vendo muitos personagens assim nas séries, só que eram todos homens. A mulher era sempre a esposa chata, a certinha ou a burra. Queria sair disso e mostrar uma personagem feminina que também pode ser toda errada”, defendeu.