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ARTES PLÁSTICAS

Em meio a protestos pró-palestinos, o Prêmio Turner vai para artista escocesa Jasleen Kaur

Turner Prize é prestigiado prêmio de arte britânico

Instalação de Jasleen Kaur premiada com o Turner óInstalação de Jasleen Kaur premiada com o Turner ó - Foto: divulgação

Jasleen Kaur, uma artista cujo trabalho com instalações foca em sua infância numa comunidade Sikh na Escócia, ganhou o Turner Prize, o prestigiado prêmio de arte britânico. Antes do anúncio, houve um pequeno, mas barulhento protesto pró-palestino do lado de fora do Tate Britain, o museu de arte em Londres onde a cerimônia de premiação ocorreu.

Quando o jantar de premiação começou, cerca de 100 ativistas se reuniram nos degraus do Tate Britain e ouviram discursos exigindo que o grupo de museus encerrasse qualquer associação com Israel, incluindo com os doadores Anita e Poju Zabludowicz. Numa carta de protesto publicada online, os ativistas disseram que os Zabludowiczes têm "vínculos econômicos e ideológicos bem documentados" com o governo de Israel por meio do Tamares Group, o negócio de investimento imobiliário da família. Os signatários da carta incluíam Kaur e dois dos outros artistas indicados para o Turner Prize deste ano, Claudette Johnson e Pio Abad.

Ao aceitar o prêmio no palco, Kaur, envolta em um cachecol com as cores palestinas, manifestou apoio ao protesto e pediu que Tate encerrasse os laços com Israel. "Não é uma demanda radical e não deveria colocar em risco a carreira ou a segurança de um artista", disse ela. Ela então disse "Palestina Livre", sob aplausos.

Alex Farquharson, diretor da Tate Britain e presidente do júri do Turner Prize, disse antes da cerimônia que não comentaria as manifestações ou suas demandas e que queria apenas se concentrar na arte de Kaur.

Os Zabludowiczes também recusaram um pedido de entrevista. Em uma declaração publicada em seu site no ano passado, o casal disse que estava "profundamente triste e preocupado com a terrível guerra que está se desenrolando em Israel e Gaza" e que "apoiam fortemente uma solução de dois estados".

Os manifestantes também exigiram em sua carta que Tate cortasse laços com Candida Gertler, uma doadora que, segundo eles, tinha "laços problemáticos" com o estado israelense. Gertler, que é judia, renunciou a todos os seus cargos em museus britânicos, incluindo o Tate, e disse em uma longa declaração que os protestos eram parte de um "aumento alarmante do antissemitismo" que os museus estavam permitindo que ocorresse sem contestação.

Os protestos em torno do Prêmio Turner foram o exemplo mais recente das lutas do mundo da arte para administrar as visões polarizadas em torno das ações de Israel em Gaza e no Líbano. Desde os ataques do Hamas em outubro de 2023, muitos artistas assinaram cartas chamando a retaliação de Israel em Gaza de genocídio, enquanto doadores judeus e israelenses frequentemente se sentiram ameaçados pelas críticas direcionadas a eles.

O trabalho de Jasleen Kaur
Kaur, de 38 anos, nasceu em Glasgow e cresceu na comunidade Sikh da cidade. Ela estudou ourivesaria e joalheria na Glasgow School of Art e no Royal College of Art, em Londres. Expõe principalmente em mostras coletivas, mas foi indicada pelo trabalho "Alter Altar", que traz itens relacionados à sua infância, além de música tocando em um aparelho de som de carro e um pequeno órgão operado mecanicamente.

Farquharson, o presidente do júri, disse que Kaur "cria ambientes a partir de itens muitas vezes descartáveis" que, quando reunidos, falam de questões pessoais, políticas e espirituais muito maiores. Seu trabalho, parte do qual está em uma exposição na Tate Britain aberta até 16 de fevereiro, é tão irreverente quanto reverente, complementou.

O Turner Prize foi fundado em 1984 e é um dos maiores prêmios do mundo da arte. Vários de seus vencedores anteriores, que incluem Wolfgang Tillmans, Steve McQueen e Lubaina Himid, tornaram-se estrelas. Os críticos elogiaram quase unanimemente a escolha de Jesse Darling para o prêmio no ano passado, quebrando um longo período em que os jurados eram criticados por priorizarem as visões políticas de um artista acima do talento.

Os outros três indicados deste ano foram Claudette Johnson, cujos retratos de pessoas negras em pastéis e aquarelas enfeitam grandes coleções na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos; Pio Abad, um artista filipino cujo trabalho inclui esculturas de joias que Imelda Marcos roubou de seu país; e Delaine Le Bas, uma artista de herança cigana que faz instalações e pinturas vibrantes.

Os críticos britânicos estavam divididos sobre quem deveria ganhar o prêmio deste ano, mas alguns defenderam Kaur, que receberá 25 mil libras. Alastair Sooke, escrevendo no The Daily Telegraph, disse que a arte de Kaur trouxe "um pouco de energia e efervescência" a uma lista convencional e tensa de indicados. Adriane Searle, no The Guardian, elogiou o carro coberto de pano de Kaur como a “imagem totêmica hilária do Prêmio Turner deste ano” e disse que sua instalação estava “cheia de textura, humor e complexidade”.

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