Porto Digital terá primeiro cinema do Bairro do Recife
Acordo entre as duas instituições possibilitará a sala de exibição no parque tecnológico
Em 27 de julho de 1909, Recife conhecia seu primeiro cinema, o Pathé. Funcionando no número 45 da rua Nova, no bairro de Santo Antônio, ele abrigava 320 cadeiras e um camarote para personalidades da época. A tradição da cidade pernambucana com a sétima arte foi tão forte, que chegou a abrigar 28 unidades na década de 1960, sendo mais de 100 em Pernambuco. Em mais de um século, as salas comerciais ganharam força, cinemas de rua perderam espaço, mas o Bairro do Recife nunca teve uma sala exclusiva para a sétima arte. A partir de um acordo realizado nesta terça-feira (3) à tarde, o Porto Digital trará o primeiro cinema do bairro, no Centro, em uma parceria firmada com a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).
Em alusão ao parque tecnológico, o equipamento cultural será oficializado como Cinema do Porto. Ontem, as duas instituições fizeram um lançamento restrito a 20 pessoas no local, abrigado no 16º andar do edifício Vasco Rodrigues - prédio que abrigava o antigo Banco do Estado de Pernambuco (Bandepe), no Cais do Apolo. A reunião selou o acordo entre o presidente do Porto Digital, Pierre Lucena, e presidente da Fundaj, Antônio Campos. Eles estiveram acompanhado do ministro da Educação, Milton Ribeiro, o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado, Lucas Ramos, e o diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundaj, o escritor e jornalista Mario Helio Gomes.
O caminho para trazer a primeira sala de exibição do bairro central já havia sido anunciado no ano passado. Na ocasião, o parque tecnológico anunciou um aporte de R$ 1,8 milhão no investimento em obras e equipamentos. Entretanto, o acordo com a fundação só se deu no primeiro semestre deste ano, o qual teve a inauguração impedida pela pandemia. O cinema do Porto possui um telão de 7x3 metros, projetor da marca Christie modelo CP 2208 e som Dolby 7.1. A sala vai funcionar com 138 lugares para o público geral e outros quatro reservados para cadeirantes, em um espaço de 511 metros quadrados.
A data de abertura, porém, ainda não foi definida. Ficará a cargo da Fundaj o funcionamento, manutenção de custos, segurança e programação do equipamento, que deve seguir os padrões dos outros dois cinemas administrados pela fundação. “Ao embarcar no Porto Digital administrando um cinema, a Fundaj amplia o núcleo de cinema da Instituição. Uma vez que assumimos a operacionalização do Cinema do Porto, teremos total liberdade para definirmos a programação e maior capilaridade para a difusão do cinema de arte, com títulos que estão fora do circuito comercial, mas encontram lugar cativo entre o público cinéfilo do Estado. Até o fim do ano, esperamos lançar também um polo de Cinema, Vídeo e Áudio”, explica o presidente da Fundaj, Antônio Campos.
O presidente do Porto Digital, Pierre Lucena, disse que a sala de exibição será direcionada aos trabalhadores do parque tecnológico e das pessoas que frequentam o Bairro. “A gente só tinha a estrutura física, mas não tinha quem administrasse o cinema, porque não é o foco da gente. Então, buscamos a Fundaj, referência aqui no Estado, que vai fazer os custos e faz a arrecadação por ele.”, conta, afirmando que ele poderá estender o horário de funcionamento do parque. “A ideia é funcionar todos os dias, a partir das 18h30, que é quando o pessoal larga e pode dar um pulinho no cinema, e nos finais de semana durante o dia todo”, enfatiza Lucena.
O local reformado fica no antigo auditório do prédio e foi feito a cargo do Núcleo de Gestão do Porto Digital. Dentro da programação, o parque tecnológico pretende destinar ingressos a moradores do Pilar, comunidade do bairro, e da Lumiar e Índigo — voltadas a pessoas cegas, surdas e ensurdecidas, autistas ou com síndrome de Down.
Segundo o ministro de educação, Milton Ribeiro, disse que ficou encantado com a iniciativa. “Quero dizer que o que depender de mim, como tenho feito, e tudo que a gente puder enquanto governo federal e MEC para apoiar esta iniciativa nós vamos fazer”, frisou o ministro durante a cerimônia.
Movimentação
De certa forma, a sala servirá de base para dar um novo gás ao bairro. Durante o dia, o local é movimentado por causa das empresas e escritórios localizados no parque tecnológico, mas durante o período noturno a área fica sem opções de entretenimento. O cinema de “rua” agregará ao circuito de filmes de arte na Cidade. Hoje, a capital pernambucana dispõe do São Luiz, administrado pelo Estado, UFPE, pela universidade, além das unidades da Fundaj no Derby e Casa Forte.