Em Santos, Mirada apresenta espetáculos da América Latina, Espanha e Portugal
Sesc Santos (SP) e demais espaços da cidade e região, recebem 36 obras de 13 países ao longo de dez dias
O MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas volta ao formato presencial em sua sexta edição em 12 anos. Dessa vez, o encontro bienal ocupa o Sesc Santos (SP) e demais espaços da cidade e região, apresentando 36 obras de 13 países ao longo de dez dias. O evento, que teve início no último dia 9 de setembro, segue até o próximo domingo (18), contemplando produções de territórios e culturas da América Latina, além da Espanha e de Portugal, país homenageado.
Parte das nove peças portuguesas versa criticamente sobre o processo histórico que exauriu povos originários e deflagrou a escravidão africana no Brasil colônia. A visão decolonial, aliás, também está presente em ações reflexivas e formativas oferecidas gratuitamente, bem como em uma residência artística com jovens dos dois lados do oceano Atlântico e numa instalação que convida cada sujeito a pensar ou repensar sua ação no mundo.
O conjunto de criações trata ainda desde o cotidiano mais prosaico a urgências globais, passando por direitos civis e políticos, dominações de classe, raça e gênero, a saúde das democracias, mudanças climáticas e impactos físico e mental decorrentes ou agravados pela pandemia. Portanto, há caminhos de fruição e sensibilização para todas as idades em palcos, salas multiuso ou ao ar livre.
Uma transversal pelas artes da cena e do corpo, filhas do diálogo, do dissenso e, por extensão, do convívio, basilares à vida e à cidadania.
Leia também
• Festival de Teatro do Agreste acontece em setembro, no Recife e em Caruaru
• Festival Estudantil de Teatro e Dança chega a sua 19ª edição nesta quinta-feira (8)
• 'A Golondrina' em cartaz no Teatro de Santa Isabel, neste final de semana
Programação
Entre os destaques da programação, no sábado (17) e dominho (18), às 19h, o espetáculo "Lingua Brasileira Ultralíricos e Tom Zé", uma parceria do compositor baiano com o diretor Felipe Hirch, a partir da música homônima do compositor baiano lançada no álbum “Imprensa Cantada” (2003), a obra apresenta uma apaixonada epopeia dos povos que formaram a língua que falamos, seus mitos e cosmogonias, passando pelas remotas origens ibéricas, por romanos, bárbaros e árabes, pela África e a América Nativa. Conta com canções inéditas do compositor.
A co-produção Brasil-Argentina, a peça "Dragon", do diretor argentino Guilhermo Calderón, produzida por equipe do Brasil e Argentina, apresenta no Ginhásio do Sesc Santos, no sábado (17 e domingo (18), às 19h, apresentando o dilema de criar a partir da traição, em uma tentativa de recuperar a confiança entre si. O espetáculo cubano BaqueStriBois OSIKÁN, da Cia Vivero de Creación, será apresentado no sábado (17) e domingo (18), às 20h e 19h, respectivamente, na Casa da Frontaria Azulejada. A obra nasce de uma investigação sobre a prostituição masculina gay em Cuba e propõe uma cena performática a partir da fisicalidade posta ao limite, que busca explorar o corpo do ator como zona de risco.
Entre os destaques de Portugal, no sábado (17) e domingo (18), às 19h, no Teatro Brás Cubas, o mais novo espetáculo de Cleo Diára, Isabél Zuaa e Nádia Yracema, “Cosmos”, nasce da vontade das criadoras de revisitar a mitologia africana e a partir dela propor a apresentação de um mito inédito sobre o nascimento de um novo mundo. Por meio de seu resgate e da mistura com mitos europeus, projeta-se num horizonte afrofuturista ao mesmo tempo em que é questionado se somos apenas fruto das histórias que nos contam.
Confira a programação completa do Festival Mirada
Ações formativas
Fomentar o pensamento crítico e autocrítico é uma das premissas das ações complementares às obras que compõem o dia a dia do MIRADA desde sua gênese, em 2010.
Artistas e pesquisadores do campo das artes cênicas ou de áreas transversais são estimulados a compartilhar em público saberes, discernimentos, dúvidas e perguntas-chave candentes no panorama do festival, do país e do planeta. Nesta edição, os diálogos se dão na forma de rodas de conversa, intercâmbios, oficinas, performances e outras variantes de encontros abertos.
Para tanto, três criadores foram convidados a articular, junto à equipe do Sesc, as atividades formativas, reflexivas e criativas desse segmento: a atriz, dramaturga e tradutora Giovana Soar (companhia brasileira de teatro, PR); o ator, dramaturgo e bailarino Jhonny Salaberg (O Bonde, SP) e o ator e dramaturgo Ivam Cabral (Cia. de Teatro Os Satyros, SP).
Estão lançadas, assim, as bases para se aprofundar e amplificar as experiências suscitadas a partir dos espetáculos programados.
De 10 a 18 de setembro. Consulte a programação completa e inscrições no site do festival.