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Emilio Dantas diz que reviu erros para viver Paulo em 'Todas as Mulheres do Mundo'

O ator é o protagonista da nova série do Globoplay

Nova série do Globoplay estreia com Lília Cabral e Emílio DantasNova série do Globoplay estreia com Lília Cabral e Emílio Dantas - Foto: Reprodução/Divulgação

Para viver Paulo, o protagonista de "Todas as Mulheres do Mundo", série do Globoplay que estreia nesta quinta-feira (23) na plataforma de streaming e na Globo, Emilio Dantas, 37, resolveu ir direto à fonte e conversar com Paulo José, 83, ator que interpretou a primeira versão do personagem no filme homônimo de 1966 do cineasta e dramaturgo Domingos Oliveira (1936-2019), no qual a produção se baseia e presta uma homenagem.

"Eu perguntei o que ele achava que teria que ser a minha força motriz para construir o Paulo. E ele me falou: 'É o prazer de estar ali'." Sem ter conhecido pessoalmente Oliveira, Dantas afirma que procurou ser o mais honesto possível não só com o personagem, mas com a sua própria história de vida. E isso significava abrir a cabeça e rever erros e posturas do seu passado.

Adolescente nos anos 1990, época em que, segundo o ator, "mais se objetificou a mulher", ele admite que viveu isso como realidade. Comprava revista de mulher pelada e queria, sim, ter todas as mulheres do mundo. Mas teve de "trocar a chave", porque o Paulo pensado por Oliveira e interpretado por Paulo José, mesmo nos anos 1960, já era um homem com comportamentos muito à frente do seu tempo.

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"A minha maior dificuldade para construir o personagem foi aceitar que é preciso mudar todos esses lugares. Você pode defender os seus velhos hábitos por um carinho que você tem por aquilo ter sido a sua realidade durante muito tempo, mas você vai ter que se desfazer dele", diz. "Acho que o Paulo é essa confusão masculina que a gente enxerga hoje no mundo", complementa ele, que é casado com a atriz Fabiula Nascimento, 41.

Para Jorge Furtado, autor da série ao lado de Janaína Fischer, "Todas as Mulheres do Mundo" é "profundamente feminista". "Porque o Domingos era um feminista", afirma. Além de se basear no filme homônimo, a série se inspira em outras obras do cineasta.

Furtado ressalta que, embora a produção mostre o protagonista apaixonado a cada um dos 12 episódios por mulheres diferentes, ele não tem nada de dom Juan ou de machista. "Paulo é o contrário disso, ele realmente se apaixona por todas as mulheres do mundo (...) Ele reconhece em cada uma delas uma característica especial."

E as mulheres são muito diferentes entre si, seja esteticamente ou na personalidade. Mas todas, segundo o autor, são poderosas no sentido de ir atrás dos seus desejos. "Não tem nenhuma bela, recatada e do lar", acrescenta.

A diretora artística Patricia Pedrosa conta que montou uma equipe majoritariamente feminina para fazer a série. "Achei que ia ser bom para a gente contar essa história da maneira mais fiel ao universo feminino." Não há, porém, afirma ela, qualquer pretensão de propor uma narrativa feminista ou política. "Estamos falando sobre pessoas, sobre amor, sobre afeto, sobre essas relações, sobre mulheres diferentes, cada uma interessante a sua maneira, e sobre paixão."

Para Sophie Charlotte, que interpreta Maria Alice, grande amor da vida de Paulo e que foi interpretada por Leila Diniz no filme de 1966, a série "Todas as Mulheres do Mundo" fala também sobre seguir instintos, desejos. "E se respeitar como indivíduo que vive a sua própria jornada."

Diferentemente de Emilio Dantas, Charlotte conheceu e foi muito próxima de Domingos Oliveira, que tinha a atriz como uma de suas musas. Ela relembrou que viu o filme de 1966 pela primeira vez aos 18 anos e o reviu várias outras vezes ao longo da vida.

"Eu repetia as falas juntos só pelo prazer de repetir aquelas palavras. E eu gostava de apresentar o filme para os meus novos amigos, novos amores que chegavam e não tinham visto só para ver as reações, do que que iam rir....Talvez também para explicar que eu acreditava no amor, o que eu idealizava como utopia do que é amar, essa entrega de duas pessoas, essa paixão à primeira vista", afirma a atriz.

Em tempos de pandemia do novo coronavírus, em que isolamento e distanciamento social são premissas, ela diz acreditar que a série poderá instigar as pessoas a reafirmarem o seu amor pela vida e pelo outro. "Esse era o modus operandi do Domingos."

Autores e elenco comemoram o fato de o primeiro episódio da série ser exibido em TV aberta, na Globo, nesta quinta-feira (23) após o Big Brother Brasil 20. O autor Jorge Furtado diz esperar que "Todas as Mulheres do Mundo" possa levar um número maior de pessoas a conhecer a obra de Domingos Oliveira.

"A dramaturgia dele é a favor das pessoas, não tem vilões, todas as pessoas têm desejos reais. E é muito bem-humorada, mas ao mesmo tempo não é tola. Nesse momento do Brasil, em que a gente está enclausurado nessa pandemia miserável, sem poder se beijar, sem abraçar, sem nada....a série vai ser um respiro de felicidade...É um momento de beleza, de amor, de poesia e de esperança", conclui o autor.

TRILHA SONORA
Um dos destaques de "Todas As Mulheres do Mundo" é a trilha sonora, cantada só por mulheres. É uma artista para cada episódio. A primeira é Marisa Monte. Alcione, Rita Lee, Elis Regina, Cassia Eller, Céu, Ana Canãs, Nara Leão, Elza Soares e Maria Bethânia são as outras vozes escolhidas. Para a abertura, a música escolhida foi "Carinhoso", de Pixinguinha, indicação de Marisa Monte.

"Como cada episódio tem uma mulher protagonista, pensei que seria envolvente ter uma cantora diferente fazendo a trilha de cada uma delas. Sendo assim, temos apenas vozes femininas, num leque bastante diverso, caminhando em paralelo à narrativa, ajudando, com sua obra, a contar nossas histórias e desvendar os universos de nossas personagens", diz a diretora Patricia Pedrosa.

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