"Emily" relata a vida de uma das autoras mais aclamadas do século 19, Emily Bronthë
Emma Mackey assume o papel da protagonista
Debute de Frances O’Connor como diretora e estrelando Emma Mackey, conhecida pelo seu papel de Maeve, na série da Netflix “Sex Education”, “Emily” é uma cinebiografia da mente por trás de um dos maiores clássicos da literatura inglesa, Emily Brontë. Com previsão de estreia nos cinemas brasileiro nesta quinta-feira (5).
O longa retrata uma jovem rebelde e o caminho criativo do seu único romance, “O Morro dos Ventos Uivantes”, título que marca presença nas listas de livros mais vendidos até os dias de hoje.
Nascida na Inglaterra em 1818, a adolecente sofre com um dilema: ter uma vida normal como professora para agradar seu pai ou seguir seu sonho e virar uma escritora. Enquanto se recusa a fazer o que esperam dela, Emily vive um amor proibido com o pároco Weightman (Oliver Jackson-Cohen, conhecido por “A Maldição da Mansão Bly”) e mostra que pode até ser uma garota estranha, mas é também genial. Quando ninguém mais acredita nela, a única pessoa que fica do seu lado é seu irmão problemático Branwell Brontë (Fionn Whitehead, conhecido por “Dunkirk”), que defende sua mente e seu potencial como artista.
Presas nos seus trabalhos de origem, Mackey continua interpretar uma garota diferente das outras, gosta de ler e não se encaixa nos padrões; já O'Connor, que também assina o roteiro, tenta criar um novo “Orgulho e Preconceito (2005)” e fazer um filme parecido com sua estréia como atriz, “Mansfield Park (1999)”, também baseado em um romance homônimo de Jane Austen, contradizendo a subversão a essas histórias por parte de Bronthë.
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O único trecho do longa que não é baseado na vida real da autora é o relacionamento com William Weightman. Claramente um artifício narrativo para se encaixar nos padrões do gênero e agradar o público alvo. O personagem de Jackson-Cohen é sem graça e apenas mais do mesmo. O filme gasta bastante tempo focando no casal e deixando outras coisas de lado, como a luta contra o mundo patriarcal das editoras que creditaram o livro como de autoria de Ellis Bell, pois soava mais como um nome masculino.
A personagem da Emily por si só e a relação com sua família já seriam tramas interessantes o suficiente para carregarem o filme sozinhos. Mas a moda do "enemy to lovers” e a mania de Hollywood de fazer tudo ser uma nova versão de algo que já fez sucesso tornam o roteiro menos original.
É impossível falar de “O Morro dos Ventos Uivantes” sem lembrar do hype quando foi mencionado como o livro favorito de Isabella Swan na saga “Crepúsculo”, chegando até ganhar uma edição cafona com um selo estampado na capa: “O livro preferido de Bella e Edward”. De certa forma, foi isso que levou diversos jovens leitores a descobrir o mundo da literatura clássica. A obra fez parte de uma geração de escritoras que descreviam personagens femininas complexas e que inaugurou o gênero de romance épico com apelo para o público feminino.
Saber quem está por trás das páginas e conhecer suas histórias enriquece muito a experiência da leitura. A vida de Emily Bronthë está conectada com o enredo do seu livro e vice-versa: a cena dos fantasmas, manipulações, os personagens egoístas, uma visão mais sombria sobre a vida, entre outros detalhes. O livro ganha mais sentido depois que você descobre quem é Ellis Bell, ou melhor dizendo: Emily.