Enfrentando novas acusações de assédio, Globo reapresenta novela com José Mayer; entenda
Ator deixou a emissora em 2019, após ser acusado de assédio por figurinista
A TV Globo reapresenta a partir desta segunda-feira (29), através do “Vale a Pena Ver de Novo”, a novela “Mulheres Apaixonadas”, que completou 20 anos em fevereiro. A reprise do folhetim de Manoel Carlos também traz de volta ao ar José Mayer, que interpretou um dos papéis de destaque na trama. Por acaso, o resgate da imagem do ator, que foi desligado da emissora em 2019, após acusação de assédio sexual, ocorre em meio em meio à possibilidade de punições para a empresa por casos semelhantes.
O escândalo envolvendo o nome de Mayer veio à tona em 2017, quando a figurinista Susllem Tonani denunciou publicamente o ator através de um relato em primeira pessoa publicado no blog #Agoraéquesãoelas, do jornal Folha de S. Paulo. No texto, a profissional narrou episódios em que teria sido constrangida e assediada pelo ex-galã, durante a produção da novela “A Lei do Amor”.
Em carta pública, Mayer pediu desculpas por seu comportamento e admitiu que suas “brincadeiras de cunho machista” ultrapassaram os limites do respeito com que deveria tratar suas colegas. O artista permaneceu empregado pela emissora, porém afastado de novos projetos, até 2019, quando seu contrato não foi renovado.
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Na época em que a denúncia sobre Mayer foi revelada, atrizes, produtoras e outras profissionais da TV Globo se uniram em manifestações nas redes sociais, utilizando hashtags e camisas estampadas com a frase "Mexeu com uma, mexeu com todas. Chega de assédio". Entre as famosas que aderiram, estavam Camila Pitanga e Bruna Marquezine, que também fizeram parte do elenco de “Mulheres Apaixonadas”.
Casos recentes
Agora, funcionárias da emissora voltaram a protestar contra os casos de assédio sexual e moral no ambiente de trabalho. No dia 22 de maio, produtoras, repórteres e apresentadoras, como Patrícia Poeta e Ana Maria Braga, foram trabalhar vestindo verde. A cor faz alusão ao “Movimento Esmeralda”, que surgiu após reportagem publicada na revista Piauí no dia 19. A matéria utiliza o nome fictício de Esmeralda Silva para se referir a uma engenheira que revelou ter sofrido violências de quatro colegas de trabalho, todos homens, em diferentes situações.
Contratada para cuidar da transmissão de programas jornalísticos e esportivos em São Paulo, Esmeralda relatou episódios de estupro, contrangimentos e xingamentos por conta de seu sotaque. Um dos abusadores teria chegado a tocar nas partes íntimas da vítima. Afastada do trabalho por problemas de saúde mental, a funcionária entrou com uma ação trabalhista contra assédio moral e sexual, misoginia e xenofobia. Ela venceu em duas instâncias, com uma indenização calculada em R$ 2 milhões. A empresa recorreu, após a engenheira recusar acordo, e o caso foi parar no Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Na último dia 25, a Globo participou da primeira audiência de uma ação pública movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), no Rio de Janeiro. A ação toma como base os casos de Esmeralda e do humorista Marcius Melhem para discutir se a emissora deve ser punida por não ter evitado a prática do assédio sexual no ambiente de trabalho.