Entenda o que significa a escala de Glasgow e o grau de coma de Paulinha Abelha
Desenvolvida em 1974, na Universidade de Glasgow, na Escócia, a Escala de Coma de Glasgow serve para os médicos avaliarem traumas e problemas neurológicos
Na entrevista coletiva dada na tarde dessa terça-feira (22) pela equipe médica que cuida da cantora Paulinha Abelha, que está em coma profundo e, segundo o último boletim, respira com ajuda de aparelhos e necessita de hemodiálise para ajuste da função dos rins, o neurologista Marcos Aurélio Alves afirmou que "a pergunta que nos fazemos dia a dia é quais as etiologias que justificam ela estar na Escala de Glasgow 3, que é a mais baixa que se pode ter."
Mas o que é a Escala Glasgow e como ela é usada para medir o coma?
Desenvolvida em 1974, na Universidade de Glasgow, na Escócia, a Escala de Coma de Glasgow serve para os médicos avaliarem traumas, problemas neurológicos e avaliar o nível de consciência de um paciente.
Ela varia de 3 a 15. Paulinha está no grau 3, o mais baixo e que representa maior gravidade, o que preocupa a equipe médica.
A escala serve como parâmetro para auxiliar a decisão dos médicos de realizar ou não procedimentos específicos. Por exemplo, o paciente costuma ser intubado quando a escala está abaixo de 9.
A escala de Glasgow é determinada quando os médicos suspeitam de trauma cranioencefálico, e deve ser feita cerca de seis horas depois do trauma. Para determinar o grau da escala, os médicos observam a reação do paciente a três estímulos: abertura ocular, resposta verbal e resposta motora.
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Para cada um desses parâmetros é atribuída uma pontuação de 3 a 15. Perto de 15, o nível de consciência é normal. Os casos de coma estão nas pontuações inferiores a 8.
A pontuação de 3, que é o caso de Paulinha Abelha, pode significar morte cerebral, mas os médicos precisam avaliar outros parâmetros. Na entrevista coletiva, a equipe médica que cuida da vocalista do Calcinha Preta negou qualquer evidência de morte cerebral e descartou que o quadro de saúde de Paulinha Abelha seja irreversível.
Não existe o conceito de irreversibilidade ainda — disse o neurologista Marcos Aurélio Alves.
A Escala de Glasgow apresenta algumas falhas: não é possível avaliar a resposta verbal de pessoas que estejam intubadas. Além disso, caso o paciente esteja sedado, a avaliação do nível de consciência pode ser dificultada.
Na entrevista coletiva, o médico intensivista André Luís Veiga de Oliveira afirmou que Paulinha Abelha "tinha um quadro neurológico que estava a 48h sem sedação, em coma profundo, sem nenhum tipo de reflexo ou medidas que a gente estava fazendo.
Quarenta anos depois do desenvolvimento da escala, um novo estudo foi realizado, adicionando a reatividade da pupila à avaliação. Segundo os pesquisadores, a observação da pupila dá maior precisão ao diagnóstico do trauma cranioencefálico.
Depois de fazer a determinação da escala original, o médico avalia a reatividade pupilar da pupila ao estímulo luminoso: se ambas as pupilas reagirem à luz, não se altera a determinação já feita da escala; se somente uma das pupilas não reagir, subtrai-se um ponto da escala; se nenhuma das 2 pupilas reagirem, subtrai-se 2 pontos da escala. A não reação da pupila indica maior gravidade.