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Literatura

"Entre as Ondas" é o novo livro de poesias de Ângelo Monteiro, que chega aos 80 anos

Escritor alagoano radicado em Pernambuco lança obra editada pela Cepe nesta quinta-feira (16)

Ângelo Monteiro lança o livro "Entre as Ondas"Ângelo Monteiro lança o livro "Entre as Ondas" - Foto: Divulgação

Prestes a completar 80 anos ainda neste mês, o poeta, filósofo e ensaísta Ângelo Monteiro lança seu novo livro de poesias nesta quinta-feira (16), às 19h, com um evento na Academia Pernambucana de Letras (APL), instituição onde ocupa a cadeira de número 34 desde 2015. A publicação de “Entre as Ondas" pela Cepe Editora, no entanto, está longe de ser um ato de autocelebração para o escritor que, em uma época marcada pelo exibicionismo nas redes sociais, prefere mostrar-se através de sua criação literária.

Nascido em Penedo, município de Alagoas, Ângelo veio morar em Pernambuco ainda na infância. Cresceu em Gravatá, no Agreste do Estado, mudando-se para o Recife em 1971. Ele integrou a chamada "Geração 65", grupo literário pernambucano que teve entre outros representantes nomes como Alberto da Cunha Melo, Marcus Accioly, Jaci Bezerra e Lucila Nogueira.

O marco de oito décadas chega para Ângelo acompanhado da tranquilidade ao falar sobre a finitude das coisas. “Tudo começa e termina”, aponta o escritor, em entrevista à Folha de Pernambuco por telefone, sem esquecer da dádiva que é alcançar tal idade. “Sobreviver no Brasil, um país com mais de 30 milhões de pessoas em situação de fome, já é uma coisa fora do comum”, destaca.



A morte, aliás, é um dos temas que rondam a nova publicação do autor. Seria quase impossível não ser assim, já que se trata de um livro escrito durante a pandemia de Covid-19, que tantas vidas ceifou ao redor do mundo. Em “Números e Nomes”, um dos poemas presentes na obra, o autor chama a atenção para a insensibilidade na contabilização das vítimas. “Apenas somar os números/ em vez de buscar nos nomes/ o seu eco mais profundo,/ é das as costas à ausência/ daqueles que foram lâmpadas/ de vário brilho no mundo.”, escreve.

O fluxo próprio da poesia

“A poesia não surge de um momento lógico. Desta vez, brotou da minha tentativa de me manter isolado em casa. Quando você não tem para onde correr, acaba tendo que apelar para ouvir outras vozes. Assim surge a poesia, assim se faz a poesia”, comenta Ângelo, que não lançava um livro desde 2017, quando teve o título “O Inquisidor e As Lições de Passagem” editado também pela Cepe.

“Entre as Ondas" é composto por 132 poemas inéditos, curtos e com linguagem concisa. O tom reflexivo que sempre permeou o trabalho de Ângelo também se faz presente nesse novo compilado que, de acordo com o autor, busca inspiração nas “inquietações inseparáveis de todo ser vivo”. E para escrever em meio ao confinamento, o poeta contou com uma companhia especial.

“Sempre digo que cada poema tem o tamanho do meu cachorro, o Nicolau Copérnico. Não é um nome formidável?”, pergunta Ângelo, aos risos, antes de afirmar que o pequeno animal é o verdadeiro responsável pelo livro. “Ele ditou tudo e eu só fiz anotar”, diverte-se. “Se a gente olhar direitinho, tudo é produto de um diálogo, que não existe só entre os humanos. Ele se estabelece também com as demais coisas do universo, sobretudo com os outros animais”, complementa.

Os temas metafísicos são recorrentes na obra de Ângelo, que foi professor de Estética e de Filosofia da Arte na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O autor, no entanto, estabelece lugares distintos para a filosofia e a poesia. “Enquanto a filosofia é o domínio da interpretação da realidade, é como se a poesia fosse o canto dessa realidade. A poesia não narra o que aconteceu, mas sim o que poderia ter acontecido. Ele é o reino da possibilidade”, diz.

Serviço

Lançamento do livro “Entre as ondas” (Cepe Editora), de  ngelo Monteiro
Nesta quinta-feira (16), às 19h
Na Academia Pernambucana de Letras (Avenida Rui Barbosa, 1596, Graças)
Entrada gratuita

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